A Senhora de Branco

Uma densa chuva caía enquanto Renato dirigia seu velho carro por uma rua escura, um bairro que havia velhos casarões antigos, ele havia visitado um amigo pouco antes, e então estava indo para sua casa.

Uma ventania jogava folhas e pequenos galhos de arvores no vidro de seu carro, porém isto não interferia em nada, o duro mesmo foi quando seu carro parou de pegar, morreu no meio da rua.

Renato gritou um palavrão de raiva e resolve esperar algum tempo para ver se a chuva diminuía, nem se preocupou de seu carro estar no meio da rua, já era muito tarde e nenhum carro passava por ali, já que era um bairro afastado da cidade.

A chuva continuava forte e parecia que não iria passar muito cedo, raios e trovões deixavam tudo pior, então Renato decidiu descer assim mesmo, olhou em todos os pneus e estavam todos cheios, abriu para ver o motor, tudo estava em ordem, então notou que o problema era mais comum que ele podia imaginar, a gasolina havia acabado.

Estava empurrando seu carro para tirá-lo do meio da rua quando em um dos casarões uma luz foi acesa, mas não era uma luz comum, estava fosca e bruxuleante, a luz de uma vela. Ele poderia pedir ajuda naquela casa, quem sabe os moradores até o chamassem para que passasse aquela noite ali.

Uma vez que seu carro estivesse bem estacionado o homem quarentão rumou para a porta da casa, não havia campainha nem interfone, o portão estava aberto, achou que não faria mal se entrasse e fosse direto bater a porta. E foi o que ele fez, empurrou o portão que rangeu um pouco e chegou até a grande porta de madeira, bateu algumas vezes.

Então logo depois uma senhora apareceu:

-Em que posso ajudar você? - Perguntou ela meigamente.

- É que acabou a gasolina do meu carro – Começou dizendo Renato, meio sem jeito.

- Entre, entre! – Convidou-o a senhora que vestia uma longa camisola de tecido fino, na cor branca.

Renato achou aquela senhora muito estranha, ela não parecia alguém normal, poder se ia dizer que ela estava com alguma doença grave, sua pele era muito branca e seus olhos estavam fundos.

- Vou preparar uma sopa quente para a gente! – Disse a senhora de branco saindo da sala onde deixou uma vela.

Logo um clarão fosco na cozinha anunciava que outra vela fora acesa. Renato apanhou sua vela e pôs se a observar o cômodo onde havia alguns retratos de uma família feliz, em todos os retratos, um pai sorridente, uma mãe sorridente e um bebê de colo rodeado de carinho. Sentiu um aperto no coração, pois ele havia sido criado sem pais, num orfanato pobre.

Seus pais o deixaram quando era ainda um bebê, e seu maior sonho era conhecer sua mãe, mas sabia que isto seria mais difícil que ele imaginava ser.

Logo a senhora voltou trazendo uma porção de sopa para ele, e outra para si mesma. Renato estava encharcado então se acomodou no chão para não molhar o sofá. Conversa vai e conversa vem, Renato notou que aquela senhora segurava um retrato da família feliz, tinha um carinho diferenciado por ele.

Agradecido Renato partiu dali para sua casa, chegando lá a empregada estava a fazer faxina e veio dizendo:

- O que faço com esse bando e fotos velhas? Jogo no Lixo? Não sei para que guardar tanta coisa velha!

Renato ficou paralisado ali, as fotos que a empregada se referia, eram as mesmas que estavam na casa daquela velha senhora, era o que ele havia conseguido de mais próximo de seus pais até aquele momento, aquela senhora era a sua mãe.

Então retornou rápido para o local onde passara a ultima noite para ver sua mãe, ao chegar bateu na porta e ninguém saiu, insistiu batendo mais forte até que um vizinho do outro lado do muro gritou:

-O que quer aí?

-Você sabe onde se encontra a senhora dona desta casa?

-Ela esta morta meu caro – Respondeu o vizinho com convicção – ela faleceu faz cinco anos já!

Renato ficou ali, olhando bobo para a porta da casa enquanto o seu mundo caía.

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