A MULHER NO ESPELHO

– Esta é a casa!

– Mas, você disse que passaríamos as férias num retiro. Isso não é um retiro.

Raquel apoiou Sarah, enquanto Gustava e Erick permaneceram mudos, ao lado de Maria.

– Veja pelo lado bom Sarah, o preço por apenas sete dias foi quatro vezes menor do que as outras casas de veraneio da região.

Sarah olhou para a casa, seus olhos transitaram ao redor do terreno, avaliando-a. Quando passou o olho pelo quintal, ela viu um espelho. Estava reclinado a frente de uma coluna, ao lado da janela. O espelho tinha cerca de um metro e setenta, com bordas de madeira. Sarah notou quase no mesmo momento que olhou para ele que havia um reflexo de uma pessoa parada de costas.

– Mãe, tem alguém.

– Tem gente. Eu não acredito, eu reservei primeiro.

A mãe de Sarah, Maria, abril o portão, cruzou a escada e chegou na varanda.

– Aonde está Sarah? Você não disse que tinha alguém aqui!

– Tinha... eu vi.

– Para com isso menina. Está me assustando à toa. Da próxima vez te deixo com seu pai.

Sarah ficou quieta.

Passou um dia, e nada aconteceu. Sarah foi para a praia, nadou o quanto pode e a tarde por volta das seis ela voltou com a família. Dentro de casa ela ouviu um som, era como se alguém estivesse chorando. Mas, ela não sabia da onde o choro vinha, independente de quanto procura-se. Após o resto de seus familiares chegarem a choro sumiu...

A noite, depois que todos já estavam dormindo, Maria se levantou e foi tomar água, naquele momento um vulto cruzou sua retaguarda, ela levou um susto que até deixou o copo de água cair no chão. Em seguida enquanto estava recolhendo os cacos de vidro, ela olhou para as paredes da cozinha e todas as paredes estavam rabiscadas com uma frase que se repetia, Vão embora...

Maria acordou Sarah agarrando-a pelo braço e mostrou lhe aquilo.

– Eu não acredito que você fez isso. Agora vamos ter que pagar pela tinta.

Maria deu a maior surra que conseguiu em Sarah, mesmo ela gritando que não tinha sido ela. Mas tudo que acontecia, Maria sempre achava que era ela. Raquel, Gustavo e Erick apenas olharam.

Em seguida, após Maria terminar, Sarah foi para fora e se sentou na varanda aonde, enquanto chorava ouviu uma voz.

– Não chore meu filho, por favor não chore.

Sarah ouviu aquela voz e a seguiu até o espelho, mas não havia nada nele, somente o seu próprio reflexo. Ela portanto continuou observando-o durante alguns minutos, até notar que atrás dela existia uma sombra... ela se virou mais logo reparou que não havia ninguém, porém após se virar novamente para o espelho, percebeu que havia uma pessoa parada ao seu lado, era uma mulher, com cabelos pretos e longos que tampavam todo seu rosto. Sarah jogou o espelho no chão, e ele se desfez em milhares de pedaços. Em seguida ela se escondeu para que Maria não descobrisse que havia sido ela.

Sarah sempre era a primeira a sair para a ir para a praia e a primeira a voltar, mas no dia seguinte ela não tinha visto sua família na praia e quando voltava da praia, ela encontrou o espelho, lá parado ao lado da janela intacto. Sua primeira reação ao vê-lo foi de espanto e medo, tanto que ela pensou em correr para o mais longe possível. Quando entrou na casa, ela voltou a ouvir um choro incessante, como se alguém estivesse sofrendo, contudo desta vez o choro era diferente... A voz de seus familiares, de sua mãe Maria e de seus irmãos. Todos gritavam num turbilhão de agonia, pedindo socorro.

– Sarah, por favor nos ajude.

Essas foram as últimas palavras que ela ouvira de sua mãe, antes do choro terminar. Logo após ela ligou para a polícia, mas ninguém acreditou nela. Seu pai registrou um boletim de ocorrência na delegacia para notificar o sumiço deles, mas nunca mais eles foram encontrados. Sarah voltou naquela casa anos depois, contudo o espelho não estava mais lá.

Vinícius N Neto
Enviado por Vinícius N Neto em 04/05/2017
Reeditado em 04/05/2017
Código do texto: T5989581
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.