NATASHA, A VAMPIRA ALUCINADA

Seu nome “artístico” era Natasha, o verdadeiro Ana Paula, assim como na música do Capital Inicial. Loira, um corpo perfeito, olhos azuis e cabelos longos, uma mistura diabólica envolta em corpo de mulher.

Desde adolescente, quando morava no sul do país, seus atributos já chamavam atenção de todos os homens. Nesta época, com apenas 18 anos, Ana Paula se envolveu com um homem rico e casado, com idade para ser seu pai. O homem era empresário importante, morava em Palmas, no Tocantins e viajava sempre a negócios. Ele presenteava a jovem com todos os mimos possíveis, em troca de sexo galopante.

O homem ficou bastante apaixonado pela jovem mulher. Comprou um apartamento de luxo e trouxe Ana Paula para viver em Palmas, tentando garantir desta forma a “exclusividade” dos serviços sexuais que lhe eram prestados. Contudo, a jovem era sedenta por sexo e aventuras e logo o ricaço soube que ela estava saindo com outros homens. Enfurecido, o empresário chamado Alibs, parou de bancar as suas contas.

Ana Paula não se importou muito e logo descobriu que poderia sustentar-se de outras formas. Inscreveu-se em um site de acompanhantes locais e logo os clientes começaram a aparecer. Cada programa custava quatrocentos reais. Ana Paula se dava ao luxo de escolher os pretendentes, de tantos que ligavam por dia para seu celular.

A vida de piranha estava sendo bastante proveitosa. Ana Paula cursava uma faculdade particular, tinha dois belos carros luxuosos, joias, bolsas e roupas importadas, tudo que uma garota da sua idade gostaria de ter. Para os colegas de faculdade ela dizia que o pai era milionário no sul do país e que lhe mandava uma enorme quantia como mesada.

Certo dia seu celular com número destinado apenas ao “trabalho” tocou. Do outro lado um homem de voz gutural e sotaque estrangeiro lhe perguntou:

— Natasha, procuro um pouco de diversão, morei muitos anos no leste europeu, conheci e amei algumas mulheres com este nome, gostaria de lhe conhecer, o que me diz?

Ana Paula achou curioso e engraçado o fato do homem aparentemente ter acreditado que seu nome real de fato era Natasha e lhe respondeu:

— Claro, o serviço é o que consta no site, com direito a tudo que você quiser.

O encontro foi marcado, Ana Paula pediu para o homem lhe pegar por volta das 22:30, quando ela tivesse saindo da Faculdade. No horário previsto ela se dirigiu para um local mais reservado. Não demorou muito e uma luxuosa Ferrari parou do seu lado. O vidro da porta do passageiro baixou lentamente. Ana Paula viu então o seu “cliente”, um homem alto, forte, com a pele mais clara que a dela, um “quase albino” ela pensou imediatamente.

— Entre Natasha.

A jovem obedeceu. O homem ficou olhando a incrível beleza de Ana Paula. A mulher lembrava bastante um amor relacionado a seu passado distante.

— Qual o seu nome? — perguntou Ana Paula.

— Me chamo Otavianus, sou descendente de europeus, o nome soa engraçado eu sei, mas é verdadeiro. No site fala que você cobra um pouco a mais para ficar a noite inteira não é? Gostaria de lhe pegar esta quantia para que você fique comigo algumas horas. Vamos para a minha chácara para ficarmos mais a vontade, fica apenas a alguns quilômetros daqui.

A garota concordou e os dois se dirigiram para o local. O lugar era enorme, com piscinas artificiais, esculturas belas e enigmáticas. Ela nunca tinha estado em um local destes em Palmas. Apesar da grandiosidade da chácara, Ana Paula não viu nenhum funcionário, pensou que talvez fosse pelo horário avançado, já que era quase meia noite.

Entraram e o interior da casa também era bastante peculiar. Salas amplas e com poucos móveis, contudo, os poucos existentes tinham um certo ar de sofisticação. Ana Paula achou interessante, pensando se tratar de algum milionário excêntrico recém chegado em Palmas, já que a cidade estava sendo assolada por uma série de pessoas deste tipo.

— Venha Natasha, vamos subir.

Se dirigiram para um enorme quarto. Uma cama com lençóis pretos estava no centro do local. Existia uma moderna aparelhagem de som, uma televisão enorme e algumas cadeiras. Lembrava bastante os quartos dos motéis que ela frequentava diariamente, contudo, o que mais chamava atenção era que não havia janelas nem espelhos.

Ela começou a se dirigir para Otavianus, olhando de forma sensual para o estranho.

— Natasha, gostaria que você dançasse para mim. Otavianus pegou então um controle remoto, teclou alguns botões e uma música dançante começou a tocar. Ela gostou, mas nunca tinha ouvido.

— Chama-se Running o nome desta música, é de uma época em que você ainda não era nascida — falou Otavianus como se estivesse adivinhando o pensamento dela.

Ana Paula começou a dançar lentamente, tentando acompanhar a melodia da música. Otavianus deitou na cama e ficou observando com olhos de predador a bela jovem se mover pelo quarto. Ao término da música ele falou:

— É incrível como você parece com ela, até o jeito de dançar e o mesmo. Venha, deite-se aqui comigo.

Ana Paula obedeceu, começou a ir para cama enquanto fazia movimentos com as mãos, tirando lentamente o vestido preto que usava, ficando apenas com roupas intimas.

Otavianus mandou a jovem deitar-se de costas e começou a alisar seu corpo com calma e cordialidade. Tateava as pernas da linda mulher como se contemplasse a mais bela obra de arte. Quando chegou à altura do pescoço Otavianus abriu a boca e mostrou dois dentes enormes e afiados, penetrando na jugular da bela jovem. Ana Paula ficou assustada e virou-se rapidamente, gritando assustada. Foi neste momento que Otavianus vislumbrou uma pequena marca de nascença em forma de um escorpião em sua coxa direita. O enigmático vampiro parou assustado, sem saber direito o que fazer, resmungando:

— Como isto pode acontecer? Você possui a mesma marca de nascença da minha Natasha, isto não é possível.

— Me deixe em paz seu monstro.

O sangue jorrava com facilidade pelas pequenas incisões causadas pelos dentes de Otavianus, não demorou e a mulher começou a sentir-se tonta e desorientada.

— Escute com atenção Natasha, antes que você perca os sentidos. Fui contratado por Alibs, o empresário que você tinha um caso. Sou sempre chamado quando é preciso eliminar uma pessoa sem deixar rastros. Ele está muito revoltado pelo fato de você lhe ter traído. Ocorre que desde o momento em que vi a sua foto que eu lhe achei muito parecida com uma mulher que muito amei, até seu pseudônimo era o mesmo. Quando meus dentes penetram no sangue da vítima não existe mais retorno. O plano era exterminá-la aqui e sumir com o seu corpo, mas, não posso fazer isto. Quando vi a marca de nascença igual à da minha Natasha não posso lhe fazer mal. Escute bem Natasha, não posso impedir a sua morte, não há como desfazer o que fiz, mas, se o destino quiser e você for forte o bastante, a sua morte será apenas um recomeço para uma vida eterna.

No dia seguinte a estes acontecimentos foi criado um grande estardalhaço em Palmas, com a descoberta do corpo de uma jovem universitária nas margens de um Lago. A notícia foi divulgada em jornais, sites e televisão. O que era mais curioso era que não havia causa aparente. A única coisa estranha constatada no corpo dela eram pequenas incisões cicatrizadas na altura do pescoço. Do resto o cadáver se assemelhava a alguém dormindo tranquilamente.

Não apareceu nenhum parente para reivindicar o corpo de Ana Paula, mas ela foi sepultada de maneira decente por meio de uma doação feita por alguém que preferiu manter-se no anonimato. A bela mulher foi sepultada no Cemitério Municipal, mas o seu local de descanso foi ocupado por um breve período.

Sua respiração era leve, muito leve, imperceptível para um ser humano normal, mas Ana Paula continuava a respirar, mesmo estando morta. Como alguém que acorda de um pesadelo, ela abriu os olhos lentamente. Apenas a escuridão estava ao seu redor, mas sua visão logo se adaptou. Ana Paula começou a visualizar tudo com uma espécie de “visão noturna”. Logo ela percebeu que estava aprisionada em um cubículo. Ela gritou apavorada. Desferiu um soco contra a parte de cima do caixão e percebeu que a madeira rachou com alguma facilidade. No segundo soco ela já sentiu a terra caindo sobre si. Ana Paula forçou com todas as forças o seu renascer, usando toda a força de vampira que agora possuía.

As memórias vinham lentamente. Ana Paula estava bastante assustada, mas sabia de alguma forma no que havia se transformado e sua meta primordial era apenas uma: se vingar daquele que ordenou sua morte, seu antigo amante e protetor, Alibs. Sua vingança seria rápida e mortal.

Ana Paula estava perdida, o que ela sabia sobre vampiros era apenas o que tinha visto em filmes que via na TV. Realmente algumas características “vampirescas” ela sentia, como uma audição sobrenatural, visão apurada e força extraordinária. De repente ela ouviu o som de um aparelho celular, rapidamente ela encontrou o objeto, deixado naquele local de forma proposital. Ela pegou e viu uma mensagem de SMS:

“Minha eterna amada, não poderei estar perto de você neste seu renascer, isto seria prejudicial a nós dois, mas em breve poderemos nos reunir, enquanto isso descanse, vá para a chácara em que foi transformada. Não há ninguém no local. Tenha cuidado ao alimentar-se, não chame atenção, em breve seu ciclo de transformação estará completo e juntos seremos apenas um só, para toda a eternidade”.

“Vampiro vagabundo e filha da puta”. Isso foi o que Ana Paula pensou, jogou o celular longe e decidiu ali, que sua vingança seria imediata. Logo ela começou a correr, com passos desengonçados, mas não demorou e estava correndo como as vampiras do filme Crepúsculo, mais rápida que um raio. Ela se dirigiu para a casa do seu antigo amante, Alibs.

A mansão era enorme. Com facilidade ela transpôs os muros que cercavam a propriedade. As portas e janelas de vidro estavam todas fechadas. Em uma atitude nada discreta, Ana Paula chutou a porta principal, ativando um estridente alarme. Não demorou muito e apareceu uma senhora com camisola gritando, era a esposa de Alibs.

— Sua porca imunda, era sim que o safado do seu marido lhe chamava quando estava na cama comigo! — gritou Ana Paula. A ninfeta das trevas saltou em direção da mulher, segurou seu pescoço e em segundos arrancou-lhe a cabeça. A vampira estava emputecida. Chutou com força a cabeça que se despedaçou contra a parede, formando uma gosma imunda de cérebro e sangue escorrendo por todos os lados.

Um garoto em torno de 11 anos apareceu no alto da escadaria do primeiro andar. Ana Paula pensou que seria um dos filhos de Alibs. O menino gritou e tentou correr, mas a bela ensandecida o alcançou facilmente. Segurou em um dos braços do menino e puxou com toda a força que possuía, arrancando o membro do local. Sangue jorrava da abertura corporal. Ana Paula apenas ria de fora descontrolada. Segurou de lado o corpo do menino e o jogou onde estava a cabeça da mãe recém-estourada.

Logo ela sentiu, com suas recém-potentes narinas, o odor fétido e forte de Alibs indo em sua direção. Ele estava escondido embaixo da cama, enquanto uma garotinha de 8 a 9 anos chorava e gritava estridentemente encostada na parede. Rapidamente Ana Paula levantou a garota pelo pescoço gritando:

— Sai daí seu verme! Sua filha chorando de medo e você escondido como um rato? Sai agora ou vou acabar com a raça desta menina!

Chorando e urinando nas próprias calças Alibs saiu debaixo da cama suplicando pela própria vida. Ana Paula viu aquela figura patética, aproximou-se lentamente dele. Num movimento rápido e preciso ela perfurou com a mão esquerda a barriga de Alibs, retirando parte do seu intestino, segurando como se fosse uma enorme linguiça. Ana Paula foi desenrolando o intestino de Alibs. Ele caiu de joelhos no chão. Ela pegou o intestino de Alibs e levou na direção da sua boca, esbravejando:

— Coma seu lixo, como seu próprio intestino e talvez eu deixe sua filha viver.

Alibs, no único ato de grandiosidade que teve em vida, obedeceu e deu algumas mordidas no seu próprio órgão, comendo um pouco da bosta produzida por si mesmo. Ana Paula sorriu e depois, com um golpe de Karatê vampiresco acabou degolando a cabeça de Alibs. A garotinha continuava ali chorando e gritando. Ela olhou para a menina e um breve ressentimento assolou sua alma. Resolveu deixar a garota livre.

Ana Paula saiu em delírio enigmático correndo alucinada pelas ruas de Palmas. Aquele era apenas um começo de um império de caos e sangue que seria instalado na cidade.

Crowvox
Enviado por Crowvox em 15/05/2017
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