Capítulo 3 - O trio...

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16 de Agosto de 2007. Mauá - São Paulo, Sudeste do Brasil.

14h PM

Lennon estava pensando em ligar para Andressa, a garota na qual pela primeira vez na vida se dá bem, quando ouve uma notícia estranha na televisão, de que pessoas estavam temendo o fim do mundo, e que alegam ter visto pessoas mortas andarem pelos becos. Outras dizem que são seres do submundo que estão aqui para atrapalhar nossas vidas:

- Dá pra acreditar numa coisa dessas! – Dizia a mãe de Lennon que também estava no quarto da pequena casa onde morava. Na verdade o quarto era uma espécie de quarto, sala e cozinha pra quem quisesse. – Devem ser desocupados que ficam por aí assustando as pessoas! – Sueli era quase que uma cética, que nunca acreditou em discos voadores, seres de outro mundo ou magia. Ela acreditava sim em Deus e em espíritos, mas não que eles pudessem vir para a terra e atrapalhar nossa vida.

- Então o que você me diz das mortes? – Lennon, retrucando o que ela disse, falou inesperadamente enquanto apenas continuava olhando a TV. Pelo menos umas cinco pessoas morreram nesses ataques e foram decapitadas e mutiladas, foram crimes horríveis para toda a população do interior de São Paulo. A perícia não encontrou vestígios de quem poderia ter sido, mas pelas impressões digitais deixadas em um pedaço do que era um braço, eles podem descobrir. E confirmam, foi uma pessoa que fez isso, talvez várias.

Depois dessa notícia, Lennon ficou meio preocupado, ele sempre foi daquelas pessoas que acreditam no que muitas outras não acreditam, então, apesar de parecer estranho, ele sempre ficou atento para qualquer coisa do tipo e sabe que isso não é normal, ele sabe também que existem pessoas que ele conhece que iriam achar a mesma coisa que ele:

- Mãe, eu vou para o Gú. – Ele afirmava enquanto pegava sua carteira de cima da mesa do seu querido computador. Ele já estava arrumado, camisa jeans de manga curta, calça de sarja, óculos, cabelo cortado arrepiado, e como sempre, barba para fazer. Lennon era um típico garoto de dezessete anos, mas que vivia sendo confundido com alguém de dezoito pela sua estrutura física e estilo. Não tinha o corpo tão musculoso, mas era bem atlético, pois treina Kung fu a maior parte do tempo e sabia bastante fazer acrobacias e alguns estilos de sua luta. – Mais tarde eu volto.

- Ta bom, mas não vai ficar lá até muito tarde não porque sua tia não quer bagunça lá! – Como sempre, Sueli dava uma advertência para Lennon não abusar na casa de seu primo. Mas ele já estava cansado de ouvir esse tipo de comentário, então partiu depois de ligar lá. – O que será que o Gú vai pensar num caso desses? Será que ele vai acreditar que podem ser zumbis também? Bem... Se ele não acreditar muito, ainda tenho o pessoal na qual estou me comunicando pela internet. – As ruas estavam normais como sempre deveriam estar, ninguém ligava muito para aquelas notícias, mas ainda sim ouvia-se comentários em alguns lugares. O interior de São Paulo é longe da cidade onde Lennon mora, porque as pessoas se preocupariam com um assassino louco que está solto longe dessa cidade?

Rafael andava pela cidade em direção a casa de Wainer em passos bem rápidos, como se estivesse ansioso para mostrar algo para ele. Como sempre ele estava com sua mochila, uma calça Jeans e uma camiseta clara de uma grife conhecida:

- Caramba! Como se ele fosse acreditar em mim. (...)Bem, mas não custa nada alertar eles sobre isso – Falava sozinho enquanto apertava o passo. – Não pode ser possível... – Seus pensamentos estavam na lua enquanto ia atravessar uma rua não muito movimentada e com poucas pessoas passando por lá, quando de repente alguém grita para ele:

- Cuidado você aí!!! – Rafael olha para o lado esquerdo e vê um pick-up vindo em alta direção pra cima dele dando ziguezagues, ele só teve tempo de olhar para o motorista dela que aparentemente não estava bem e estava ensangüentado e sua cabeça meio torta. Então ele esperou o carro vir e quando chegou perto dele, ele pulou para trás fazendo com que a pick-up passasse muito rápido em diagonal por onde ele estava antes, e num poste mais à frente bateu muito forte, fazendo o carro parecer brinquedo e o motorista voar para frente nos vidros estilhaçados e ficar com toda a parte de cima do corpo para fora do carro, com o rosto fincado no poste meio curvado. O barulho foi imenso, logo a rua encheu de curiosos.

Rafael ficou parado perto a uma calçada, onde ele pulou, olhando para o carro batido sem dizer uma palavra e nem piscar. Nunca aconteceu isso com ele. Ele levanta-se e vai mais para perto do acidente, o carro parecia uma sanfona, ele olhou mais à frente do carro e viu a situação lamentável do indivíduo que quase tirou sua vida. Não era algo bom de se ver, tinha muito sangue para todos os lados, pessoas passavam mal, só que além disso, a imagem do motorista ficou na cabeça de Rafael, antes do acidente o cara já estava bem mal, nem parecia estar vivo.

-É, parece que tenho mais algo para contar para o pessoal! – Rafael não pretendia ficar lá, pois algo muito estranho aconteceu há algumas horas com suas tias no Rio de Janeiro e com as pessoas de lá, mas ele não precisava se apressar muito, logo mostraria na TV, ou aconteceria com eles também. (...)

Wainer estava na casa dele pesquisando algumas baboseiras que ele e seus primos gostam, quando vê uma notícia estranha em um site que aparece quando ele abre uma nova janela.

“Casos de mortes brutais no Rio de Janeiro: Pessoas estão sendo brutalmente assassinadas em atos de canibalismos. Pessoas afirmam que mortos vivos são os culpados por esses atos.”

Ele não teria visto a notícia se não fosse a imagem que acompanha esse noticiário, de pessoas destroçadas e sangue por toda parte. A foto era inapropriada para mostrar assim em local público, mas o site não era muito visitado. Quando ele foi apertar no link da reportagem a campainha tocou e ele leva um leve susto. Ele estava sozinho em sua casa e apesar de não ser um garoto medroso, as fotos e a reportagem que ele estava para ver deixou uma atmosfera estranha o fazendo levar esse leve susto.

Quando ele foi ver quem era, ele nem precisou subir as escadas da garagem, viu logo que era Rafael, meio ofegante e ligeiramente suado:

- Veio correndo foi?

- Cara, abre logo, preciso te contar uns negócios, rápido! – Rafael falava meio desesperado, encostado no grande portão de madeira bem lisa e grossa da garagem. – Vamo! Vamo!

-Eita! Calma ae! – Gú, era o jeito em que Lennon e Rafael o chamavam, foi até a cozinha meio que desconfiado da situação, mesmo que demonstrando calma estava um pouco curioso com o que o Rafael tinha para contar. Logo que ele desce e pega as chaves, começa a escutar a voz de Lennon lá em cima falando com o Rafael.

- Nossa véio, você viu o que tão falando por ai? – Rafael dizia. E Lennon com sua bicicleta meio enferrujada balançava a cabeça fazendo sinal de que sim.

- Cara, vc veio aqui no Gú pra falar disso também? Porque não ligou lá em casa?

-Ah! Eu esqueci! Mas eu ia ligar sim!

- Mas então, o que você acha disso tudo que tão falando aí? – Lennon diz e percebe passos que subiam as escadas da garagem. Rafael espera o Gú chegar com as chaves para eles continuarem a conversa.

Os três nem se cumprimentam e Rafael começa a contar o que aconteceu antes de chegar, Gú e Lennon apenas olham calados e confusos sobre o que dizer, e ele continuava:

- O cara tava branco! Todo cheio de sangue dentro do carro... Deu pra ver porque ele ainda tava um pouco longe antes de eu ter que ir pro lado pra sair da frente! – A conversa durou mais alguns minutos a fim de chegarem a uma conclusão. Os três praticamente cresceram juntos e tinham pensamentos parecidos nesses casos, não foi difícil para chegarem numa conclusão parecida. Ainda mais quando Gú mostrou a notícia que viu na internet. Já não havia mais dúvidas sobre o que era. Lennon logo começou a se preocupar com Andressa, que mora no centro de São Paulo, um lugar muito movimentado. Como sempre, Rafael e Lennon ficaram lá até anoitecer e depois foram para suas casas.

23h 45 min

Lennon esperou sua mãe sair do computador para poder usá-lo e sem pensar muito entrou na internet e ligou o MSN a fim de falar com sua amada sobre o que está havendo. Antes disso, quando chegou em casa, conversou com sua família sobre o assunto e falou para todo mundo tomar cuidado ao sair de casa ou de outro lugar. Isso tudo poderiam ser psicopatas canibais que fazem parte de alguma seita religiosa ou algo do tipo, mas ele não queria esperar o pior acontecer para tomar alguma providência. Houve risadas e piadas no começo de seu irmão e sua mãe, mas ele não ligava para isso porque sabia que era tudo brincadeira deles e que eles respeitavam sua “teoria”. Na conversa entre ele e Andressa foi tudo normal, exceto pelo fato de ele falar para ela tomar algumas precauções ao sair de casa e do trabalho, e falou também que iria para lá sábado. Andressa agradeceu pela preocupação e gostou de saber que ele poderia ir visitá-la sábado. Ainda na internet, Lennon continuou mantendo contato com o pessoal na qual estava conversando sobre zumbis há um tempo e como para todos eles estava na cara o que poderia ser, já haviam marcado até um local de encontro caso fosse tudo real. Ele foi dormir com um grande peso na consciência depois de se despedir, ele pensava com ele mesmo se eram mesmo zumbis, daqueles dos filmes e estórias – Tomara que eu esteja errado.

No dia seguinte foram as mesmas notícias na televisão, mas dessa vez mais pessoas amedrontadas diziam ter sido atacadas por pessoas loucas, outras que diziam que essas pessoas tentavam morde-las, e para temperar um pouco mais o clima, alguns adolescentes gravaram com o celular, escondidos dentro de uma casa, alguns supostos agressores atacando um casal. O pequeno vídeo com resolução não muito boa só gravava uns dez segundo, onde mostrava pessoas de um lado da rua avistando um casal mais à frente, e depois disso o rapaz segurava a mão da suposta namorada e corriam muito, os agressores foram em disparada atrás dos dois, mas não mostrava se eles foram pegos ou não. Não tinha mais dúvidas entre Lennon e seus primos caso eles vissem essa notícia também.

As pessoas já não ficavam tão despreocupadas como antes. Lennon já estava quase falando para seus pais irem com ele para o local marcado com o pessoal da internet, mas seus pais iriam achar idiotice saírem de onde estão para tão longe. Eles só precisavam de um lugar seguro. Pelo menos na cidade onde ele mora não ocorreu nenhum caso desses até agora.

Blind Guardian
Enviado por Blind Guardian em 13/08/2007
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