TRILOGIA SUICIDA - Pt. III - O Grito

Após um longo período de silêncio, continuamos com os questionamentos que antes nos afligiam. De onde viemos e para onde vamos? Aparentemente não viemos de lugar algum e não vamos para lugar algum. O que nos resta são apenas o vazio eterno, um plano cinza com tons escuros, não há cores, apenas a fuligem das nossas vidas se queimando por completo. Tentamos de todas as formas, chamar, gritar e tentar conseguir atenção de todas as pessoas ao nosso redor, mas mesmo gritando com todas as forças parece que estamos em outro plano e nosso gritos não resolvem os nossos tormentos. Corremos para longe, para onde exista uma festa nesse plano vazio e que alguma alma nos escute. Mas de nada adianta, de nada resolve e de nada ajuda. Cada vez mais ficamos sozinhos e praticamente sem voz alguma, o desespero bate à nossa porta. O laço da corda ainda ronda esse pescoço suave, sentimos as voltas da corda e o nó se fazendo suavemente. O banquinho já balançando para lá e para cá, nossos pés perdendo o equilíbrio, à essa altura não há mais volta. Mas uma mão nos segura. Uma pessoa linda, aparentemente bem vestida, e se apresenta como sendo a Esperança. Ela nos ajuda a descer do banquinho e a tirar o laço do pescoço. De repente todo o brilho que via-se no entorno da Esperança, se apaga. Ela se sente triste e sozinha, como se toda a nossa desilusão e fracasso, fosse passado para ela. Então, ela se vê pendurada no mesmo banquinho e como disse antes, à essa altura não havia mais volta. Como diz o ditado: "a esperança é a última que morre". E ela foi de fato, a última a morrer.

Alfredo José Durante
Enviado por Alfredo José Durante em 24/07/2017
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