Caçada Noturna

Ele se esconde nas sombras noturna dos prédios, à espera da caça. Óculos escuros, sobretudo de couro preto, prezas afiadas e um metro e oitenta de instinto.

Ao olhar a rua iluminada logo abaixo de seu esconderijo sombrio, sente receio de ser descoberto, as sabe que nunca será notado.

Ele espera pacientemente pela presa perfeita, até que finalmente ela aparece.

A segue durante algum tempo, certificando-se de que nada lhe aconteça. Ela continua andando sob a iluminação da rua, o caçador a observa das sombras saltando de uma sacada pra outra.

Só a atacará no momento certo, pois ele não é um caçador qualquer. Precisa estudá-la, conhecê-la, planejar seu ataque antes de finalmente atacar.

Então, numa esquina envolvida pela neblina noturna, o momento surge, a rua está totalmente deserta.

A garota continua andando totalmente alheia ao que está para acontecer. Nas sombras, o caçador exita por um instante, ele lamenta o que vai fazer, mas sua fome ultrapassa a razão. Neste momento, sua expressão muda e suas presas brilham como se tivessem iluminação própria.

Movido por seus instintos e impelido pela fome, ele salta de seu ninho e se projeta em direção a sua bela presa.

Ela nem mesmo tem tempo de assustar-se ou de reagir, pois no momento do ataque, ele entorpece os seus sentidos para privá-la do sofrimento.

“É melhor assim”, pensa. Delicadamente, o caçador a segura num dos braços e expõe seu pescoço às suas presas. Antes de cravá-las em sua jugular, ele beija o pescoço de sua vítima bem devagar, até que por fim, suas presas penetram impiedosamente na pele delicada da garota.

Sua mordida dura vários minutos, não quer desperdiçar um gota de seu sangue e nem que ela sinta algum tipo de dor.

Sutilmente, sem derramar uma gota, ele a deixa no chão segurando sua cabeça com cuidado.

O caçador sente que o seu tempo ali está acabando, pois o sol logo vai nascer; mesmo sabendo disso, ele se ajoelha ao corpo da garota, retira os seus óculos, e com os olhos fechados, sussurra em seus ouvidos: “Desculpe”. Depois a beija suavemente na boca. Após isso, cautelosamente recoloca os óculos, se levanta e sai andando em direção à névoa até desaparecer da mesma forma que surgiu, DO NADA.