O Homem Vivo-Morto
 
Meu corpo apodrecia lentamente, impregnado pelo formol. Estava deitado sobre um forro branco, coberto por rosas, com os olhos fechados. Vestiram-me com um terno Canali escuro, uma gravata vermelha listrada e um sapato preto fino. Ouvia as pessoas conversando — um interlúdio angustiante de dor e sofrimento. Diziam por vezes.
— Oh! Como é jovem. — Esta, chorava baixo e pelo tom deveria ser feminino. Provavelmente, tia Márcia.
— Oh! Como pode partir tão cedo. — Esta, falava discretamente, num tom senil. Não reconheci a princípio sua voz, até me lembrar de sua tosse pigarrenta constante, só podia ser então dona Vitória.
— Deve ter cumprido sua missão. Deixai-o Descansar agora. — Desta vez, ouvi uma voz grave e um tanto rouca, pensei ser Leandro, meu irmão mais velho que completara cinquenta e dois a dois meses, mas logo percebi que era Padre Ângelo, da paroquia de Santa Isabel. Esta, permaneceu discutindo com os demais por muito tempo, confortando-os com afinco e na maioria das vezes, próxima de mim.
— Oh! meu amor! Porque me deixou assim, porque meu deus, eu te amava tanto. — Esta, sem dúvida era Clara, minha noiva. O luto dela era diferente de qualquer um. Ela chorava, debruçada sobre mim. Senti sua tristeza por diversas vezes em nossa vida, mas naquele momento sua dor era de uma intensidade avassaladora. Queria abraça-la. Queria realmente sair dali e abraça-la, senti-la em meus braços e conforta-la, tira-la daquela solidão inexpugnável. Entretanto, não consegui. Estava congelado, sem reação, parado, queria me mover mais não podia, meu corpo não me obedecera. Ainda que quisesse levantar e sair andando, não podia.
Quando fecharam o caixão, os sons exteriores tornaram-se abafados, recordo-me de apenas soluços ao meu entorno, então veio um tranco, haviam levantado o caixão, em seguida levaram-me nos braços por alguns metros. Colocaram-me sobre algo metálico e depois senti que alguma coisa me levara, possivelmente um automóvel. Quando parou, novamente mãos fortes somaram o caixão, levantando-me, erguendo as bases numa posição diagonal, como se subissem um pequeno morro, mas desta vez percebi uma fraqueza intermitente, seguravam-me por vezes tombando, como se o fardo dos sentimentos fosse maior que o peso do caixão. Ansiei pular dali de dentro, mas meu corpo se solidificou naquela posição, com os braços cruzados no peito. Não tinha controle sobre quaisquer reações. Após ouvir à terra cair sobre a tampa do caixão, senti no âmago da minha alma que nunca mais sairia dali. A cada pá de terra, a cada centímetro longe da luz, pensava — não vou conseguir sair, vão me enterrar vivo, vão me enterrar vivo, vão me enterrar vivo nesse buraco… então uma lagrima rolou sobre meu rosto e neste momento senti a ponta dos dedos tremularem. Quando finalmente o enterro havia acabado, não ouvia mais nada, som nenhum chegava naquele lugar. Por um curto período de tempo esperei adormecer, já havia até aceitado a morte, então, abruptamente, acordei e daquele momento em diante passei a respirar.
Não sei explicar direito o que aconteceu comigo. Como cheguei onde estou agora. Recordo-me em vida de sentir uma dor indescritível por todo corpo, mas depois de fechar os olhos, toda a dor passou.
Aprisionado aqui, na claustrofobia indubitável deste insalubre caixão, percebi que teria de lutar. Percebi que a vida representava algo muito maior para mim. Ansiei, portanto, liberdade.
— Vamos eu sei que consigo! — Dizia a mim mesmo.
Demorei um dia para quebrar a dura placa de madeira do caixão. Lasquei-a durante horas com as unhas até formar um buraco, então uma grande porção de terra caiu sobre meu rosto preenchendo todos os espaços do caixão. Esperei ficar sem ar, mas de alguma forma não senti nada, à terra descia pela minha garganta, entrava nos meus ouvidos e no meu nariz, ainda assim não senti dor alguma.
Cavei à terra com força, até conseguir me erguer da cova. Meu cheiro era completamente putrefaço, parte do meu rosto escorregava, estava mole e áspero. Senti algo formigar por debaixo da minha bochecha, andando por dentro da pele, apalpei o rosto e senti uma coisa se debatendo, puxei aquilo, rasgando parte da minha face e levei-o a frente dos olhos. Percebi que se tratava de um verme de cor preta, meio transparente, cheio de pequenas patas pontiagudas, retorcendo-se entre meus dedos. Enojado, lhe esmaguei. O bicho jorrou uma gosma verde escura, limpei aquilo na minha roupa suja de terra.
Enquanto saia da cova, olhei para minha mão esquerda e notei que meu dedo indicador estava dilacerado, sem unha e com a ponta assumindo uma aparência ossuda, ainda assim não sentia dor.
Ao dar meu primeiro passo fora da cripta, o assombro da morte me perseguiu. Podia não sentir nada, mas o sentimento de medo era quase indescritível. Respirei fundo com aquela sensação infernal preenchendo o que restara no meu peito.
— Minha querida Clara. Desculpe-me. Mas, estou voltando.
Orei para deus, entretanto, minhas súplicas eram de inexplicável invalidade, como se deus houvesse me abandonado.
Um nevoeiro cobriu parte do cemitério, descendo das criptas no alto do morro até a parte mais inferior, espreitando as lapides e túmulos antigos. Uma sensação de medo dominou-me e ao erguer os olhos para a parte mais elevada do cemiterio, enxerguei uma silhueta horrenda que se arquejava das sepulturas e dos sepulcros retorcendo-se de forma medonha, emergindo das sombras. A figura trajava um fúnebre manto preto sobre todo o corpo e carregava uma foice na mão. Observei-lo de longe, e dentro daquele capuz encrustado na noite, não enxerguei rosto algum, somente um vazio negro e espectral.
— A morte veio me levar. — Pensei assustado.
Não podia deixa-la levar-me assim tão fácil, não depois de todo trabalho que tive para sair da cova — se quisesse me levar, poderia tê-lo feito quando morri pela primeira vez.
Tomei impulso, segurei-me em minha cintura tremula e levantei, corri desajeitado para leste em direção a saída principal. Percebi que dentro da penumbra algo me perseguia — talvez a própria morte. Indaguei-me sobre o porquê de continuar. Se estava morto, porque não me entregar a morte, talvez fosse até melhor, poder descansar desse mundo, das dores e aflições que tanto me acometeram até me levarem onde estou agora. — seria melhor?
Julgo que desistir não é uma opção, não quando me recordo dela — minha Clara, percebo que não poderia deixa-la sozinha, não no estado em que estava no velório, em desespero, marcada de sofrimento e temor, luto incomparável. Tenho novamente a oportunidade de voltar a vê-la e faze-la feliz.
Após sair do cemitério a sensação de medo se extinguiu, desapareceu entre minhas frustrações, tornando-se agora uma pequena centelha, um arrepio momentâneo, que hora não passava de um calafrio.
A estrada encontrava-se deserta. A lua sibilava entre as casas e prédios, envolta do cemitério. Não conseguia controlar minhas pernas, escorreguei para o meio da rua, cambaleando. Reparei que a alguns metros havia um posto de gasolina. Tentei correr, mas não consegui. Andei, portanto o mais rápido que pude, quase que me arrastando. Olhei para trás e logo vi uma sombra se erguendo dos portões do cemitério. Dois olhos vermelhos se arquejaram de dentro das sombras. Estava pávido. Apressei o paço o quanto pude. Senti aquilo me perseguir. A sombra crescia as minhas costas. Uma mão surgiu do limbo, sem fulgor algum, com dedos esqueléticos, saindo das sombras na minha direção. A mão tinha quase três vezes o tamanho normal, era grossa. Não olhei para trás em repulsa, continuei andando na direção do posto. Quando senti aqueles dedos terrivelmente diabólicos no meu ombro direito. Ouvi uma voz.
— Volte a dormir. Volte para o escuro. Volte para mim.
Chegando no posto de gasolina, entrei na loja de conveniência arrombando a porta principal após jogar-me contra ela. Enquanto fechava a porta, vi surgir a minha frente um ser bestial, uma miragem de vertiginosa. As sombras haviam consumido toda a rua, espalhando-se pelo bairro até o posto de gasolina, como uma coluna de escuridão demoníaca. Uma criatura apodrecida, sem olhos e esquelética surgiu da escuridão, num ataque rápido, aquilo segurou meu peito, enfiando as garras no meu tórax. Tentou me puxar, mas resisti, segurando-me nas extremidades da porta.
— Mortos devem ficar mortos. — Gritou uma voz rouca e fina.
Lutei contra aquilo, debatendo-me e imprensando-a contra a porta, até conseguir me largar. Entretanto, aquilo deixou um rombo no meu peito. Suas garras haviam rasgado profundamente minha carne do alto do tórax até próximo do umbigo, era possível notar cinco faixas de carne abertas dos quais podia-se até ver meus órgãos. A violência do ataque fora tanta que cortou toda cartilagem superior da pele, atingindo a parte exterior do meu corpo. O sangue jorrou, enguiçando por toda a parte. Entretanto, havia conseguido fechar a porta.
Cai no chão ofegante, pensei seriamente que ia morrer por conta da gravidade daquele ferimento, mas quando me dei conta, não estava sentindo dor nenhum e após um período o sangue parou de jorrar.
Me arrastei até o balcão. Notei que em cima havia um grampeador. Sem pensar duas vezes, fechei a ferida, grampeando-a. Agora parecia ter saído do necrotério, mais precisamente de uma necropsia. Com a barriga toda grampeada. Porém, aquilo me aliviou, sentir que havia fechado as feridas me fez ficar mais calmo.
Um minuto depois me levantei. Olhei da janela e não vi mais sombra nenhuma do lado de fora.
Estando ali, precisava de algumas coisas. Coisas que sabia que iam me ajudar se quisesse mesmo ir encontrar com Clara.
Algo me incomodava. Tentava me lembrar do passado, mas não conseguia. Minhas memórias pareciam purê dentro da minha cabeça, lembrava-me vagante de certas coisas, mas o que vinha em destaque nos meus pensamentos era ela, talvez até o motivo de ter voltado.
Roubei de uma prateleira algumas roupas, uma camisa nova que custara vinte nove reais e noventa centavos e uma calça preta que não estava à venda, a encontrei enfiada em uma caixa de papelão atrás do balcão.
Meus olhos circundaram o lugar, notei vários alimentos, como pães, bolos, salgados, doces, uma grande variedade de bebidas alcoólicas, como vodca, conhaque, uísque, pinga, tudo em uma prateleira na área de bebidas. Mesmo abismado com tudo, meu corpo não ansiava por nada, literalmente nada. Nem mesmo sede sentia.
Fui até o caixa, estourei a tranca da gaveta de dinheiro e roubei trinta oito reais — Só isso! Era tudo que tinha no caixa. Trinta e oito reais.
Enquanto terminava de limpar o caixa, percebi um espelho atrás de mim, ele cobria boa parte da parede e tinha uma ornamentação de prata ao seu entorno. Ao olhar-me pelo espelho, vi minha aparência e no mesmo momento tomei um susto, arregalei meus olhos atordoados em choque. Meu corpo estava decrepitando, a pele enrugava cada vez mais, nem parecia mais comigo. Um de meus olhos estava branco. A carne se desprendia do meu braço, escorrendo. Senti um líquido gangrenar das feridas no corpo, como pus, uma gosma amarelada. — Mais que merda, o que está acontecendo.
Coloquei o capuz sobre a cabeça, envergonhado e, ao mesmo tempo enojado e então a morte refletiu no espelho, atrás de mim. Um ser cadavérico, envolto num pano preto, aonde só era possível enxergar a escuridão que impedia que visualizasse seu rosto.
Não me assustei, pois, parecia que não podia me alcançar.
— Quer mesmo que ela o veja deste jeito. Se decompondo. — Disse a morte com uma voz grossa e horrenda, bem grave, mas que por vezes se alterava de senil a jovial.
— Minha amada me aceitara de qualquer jeito.
— Tem certeza? — Indagou a morte. Avistei então uma boca surgindo na escuridão, cheia de dentes podres, formando um sorriso.
— Não posso deixar uma alma que não pertence a esse mundo viver. São as regras. Mas, se me trazer uma alma em troca, alguém deste mundo. Lhe darei a possibilidade de viver de novo.
— Então está dizendo que se eu trouxer alguém vivo para você, me deixara viver.
— Exatamente! Mas, não precisa trazer ninguém. Só é necessário tirar-lhe a vida, que automaticamente seu débito será saldado comigo.
Ao final da conversa, logo após dizer aquilo, a morte começou a gargalhar, ria sem parar como se estivesse louca e sua voz foi se dispersando até desaparece.
Quando me virei para trás notei uma luz vinda da janela, e em seguida uma sirene policial. Naquele momento sabia que deveria ter acionado algum dispositivo de segurança da loja.
O dono da loja abriu a porta com uma chave mestra e os policiais entraram, tentei me esconder, mas logo fui descoberto, portanto, corri o mais rápido que pude, saltei pela janela, quebrando-a e cai no chão do posto de gasolina.
— Ei você ai. Pare onde está.
Ouvi um estrondo forte e depois algo penetrou na minha pele, mas não senti nada. Atravessei a chuva de balas e corri para longe, o mais longe que pude. Até que os despistei três quarteirões dali, escondendo-me atrás de uma montoeira de lixo jogada ao lado de um poste.
— Está chegando a hora. — Sussurrava uma voz em meu ouvido enquanto caminhava.
Clara morava a quase seis quilômetros do cemitério, tive de pegar um ônibus para chegar em sua casa. Tentei parecer o mais discreto e transparente possível. Joguei o capuz para frente do rosto e em seguida entrei na lotação. O motorista assustou-se, tenho certeza que pensou ser um bandido ou algo do tipo, sei lá. Ele continuou me observando…
Sentei-me no último banco, ao lado da janela. Passei um minuto observando a paisagem, que no momento pareceu tão nostálgica. As árvores em relance nas luzes, penetravam no cordial semblante das edificações dos prédios, bares, casas, dando-lhes vida, algo que não conseguia sentir mais, pois, meus sentimentos se deterioravam, não via mais sentido nas coisas.
Quando cheguei na casa de Clara, percebi que meu rosto havia dissolvido por completo, sobrando apenas um crânio com pequenos filetes de carne podre. Cheguei próximo da varanda e olhei pela janela e então a vi, sentada no sofá, ainda abalada. Vê-la era algo maravilhoso, parecia que não havia visto a mil anos, minha amada Clara. A única coisa que sobrara em mim era o amor inigualável que tinha por aquela mulher. Eu sabia que não conseguiria matar ninguém, matar não estava em meu coração, então a única coisa que queria antes do fim era vê-la, dar-lhe um último adeus, somando-a em meus braços de amor.
— Clara, eu voltei… — Sussurrei num tom inaudível.
Aproximei-me subindo um degrau da porta e então ouvi uma voz, uma voz masculina.
— Não fique assim Clara, eu ficarei ao seu lado.
— Eu sei Marcos. Me sinto segura com você aqui.
— Não quer dormir um pouco. Não deveria passar a noite em claro. Vamos… eu levo você para seu quarto.
— Ai como você é tão amável Marcos.
Após ouvir aquilo, olhei pela janela e vi um homem de jaqueta preta lhe envolvendo nos braços e então Clara o beijo. Senti-me destruído com aquilo, era como se todo sentimento que ainda restava em mim, sumisse e assim nasceu o ódio. Um ódio violento que cresceu na minha alma.
— Está chegando a hora. — Ouvi novamente a morte sussurrar em seu ouvido. Porém, desta vez sabia o que fazer.
Esperei que ambos subissem para o quarto. Peguei a chave reserva embaixo do tapete da fachada e abri a porta com calma. Percebo agora que os tiros acertaram realmente em mim, pois, haviam pequenos buracos transversais saindo das roupas, cortando meu corpo e transpassando-o a carne e os ossos. Meu corpo se decompunha mais rapidamente agora, estava já irreconhecível.
Abri a porta da frente com cuidado, primeiro fui até a cozinha e peguei a melhor e maior faca que encontrei e só então decidi subir as escadas, e então o fazia. Não me aguentei e disse;
— Vagabunda... me troca tão fácil assim. Só esperou eu morrer, né. Não vai ficar com meu seguro. Não mesmo. Lhe farei pagar.
Passo por passo, ouvia ela rindo, gracejos românticos trocados a esmo. — Como ela pode se esquecer assim de mim.
Durante o tempo que subia as escadas, os risos e gargalhadas que ambos davam salientaram-se num íntimo de amor. Os risos cessaram, passou um tempo e então Clara começou a gemer, num tom de prazer sexual. Eu ouvia ela gemendo e aquilo destruía minha sanidade, crescendo meu ódio.
Estava descalço desde que sai do cemitério, havia perdido meus sapatos após me esgueirar para fora da cova. Meus paços começavam a deixar a pele da sola do meu pé gruda no chão, conforme caminhava. Mas naquele momento isso não importou muito.
Eles apagaram a luz do quarto. Chegando na porta, espiei-os. Vi ambos deitados na cama, estavam envolvidos em pleno ato sexual. O homem alto, com cabelos castanhos claros se erguia sobre Clara por baixo dos cobertores, seguindo movimentos rápidos para frente e para trás, e aumentando a intensidade a cada instante, enquanto ambos gemiam. Por um momento lembrei-me daquela cama de casal ao qual compramos no último natal. Uma lagrima rolou por meu rosto, pois, recordei-me de sua felicidade quando havia comprado aquela cama. Lembrei de seu rosto singelo, de seu sorriso ligeiro, de seus olhos azuis e de sua testa franzida, naquele instante hesitei emocionado. — ela estava tão bonita naquele dia, pensei.
Mas, voltando ao presente, vendo aquela cena, rapidamente aquele pensamento desapareceu, dando lugar a um sentimento de traição e ódio, abri a porta calmamente e enquanto gemiam não me ouviram entrar. Aproximei-me deles, minha sombra sobrepôs-se parte do quarto. Clara abriu os olhos e viu-me ao lado da cama. Havia tirado o capuz, então mostrei-a minha face toda descarnada, queria que fosse a última coisa que visse. Uma face toda podre, cheia de vermes, esquelética e se decompondo.
— A hora chegou. — Disse a morte, sussurrando novamente.
A faca respingava sangue por todos os lados. Facada por facada os esguichos saltavam nos moveis, em meu corpo, pelas paredes e pelo chão. Acertei o rapaz primeiro, degolando-o, segurei-o levantando o queixo para o alto e então abri a jugular, até cortar toda a cartilagem superior, nesse momento um enorme esguicho de sangue voou sobre Clara, encharcando-a. Cortei o pescoço de Marcos de orelha a orelha, vi-lhe se sufocar com o próprio sangue e então novamente lhe aceitei com um segundo golpe no estomago, rasgando sua barriga, fazendo com que seu intestino saltasse para fora.
Os lençóis da cama já estavam lambuzados de sangue. Era tanto sangue que escorria da cama e desaguava no chão se espalhando por todo o quarto. Quando soltei Marcos, seu corpo sem vida caiu da cama, ainda com os olhos abertos. Sua boca estava escancarada e coberta de sangue.
Clara se recolheu no alto da cabeceira da cama, tremendo, horrorizada e gritando.
— Quem é você? — Gritou Clara em total desespero.
— Não se lembra...
Clara pensou um pouco, analisou algumas semelhanças e respondeu.
— Amor...
Somei a faca nas mãos, levei a ao alto e acertei sua cabeça. A faca penetrou dentro de seu cérebro, matando-a na hora, quando retirei a faca, pequenos nacos de carne se prenderam a mesma. Ainda enraivecido, disferi mais alguns golpes. Alguns na base do ombro, no rosto a desfigurando, no peito a estripando e no resto do corpo de forma aleatória. Foram num total treze facadas e depois de ter o prazer de matá-la, deitei na cama ensanguentada.
Uma gargalhada ressoou da janela do quarto, medonha e cheia de maldade. Então uma voz tomou o quarto.
— Levarei agora três almas...
Comecei a perder a consciência, não conseguia mais me mover, permaneci deitado até que parei de respirar e antes de fechar os olhos, vi a morte a minha frente, aquela silhueta macabra rira e gargalhava incontrolavelmente.
— Você me enganou. — Foram minhas últimas palavras.
E assim a morte me levou.
Vinícius N Neto
Enviado por Vinícius N Neto em 08/11/2017
Código do texto: T6165566
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