მონსტრი
 
Fragmento do Universo
AS CRIANÇAS DA FLORESTA
 
“O relato a seguir foi retirado de um diário encontrado num mausoléu na Geórgia. O diário pertenceu a um velho historiador português que viajava pelo mundo colecionando lendas e ao qual seu nome nunca fora divulgado”
 

 
Outubro de 1622
 
Éramos eu e Virginia em solo estrangeiro e desabitado. Viajávamos precariamente por terra. Queríamos chegar numa tribo de indígenas que morava por aquela região e que nos fora dito que conheciam algo sobre uma lenda antiga, digna de nossa curiosidade, uma lenda sobre uma criatura que vivia num lago e que se alimentava das pessoas que viviam naquela região.
Chegamos pelo amanhecer, o pajé logo nos encontrou em sua tenda erguida no centro da pobre vila. O homem era alto, negro de olhos escuros e vestira um manto de pele de animal. Eles não haviam gostado de termos invado seu território e fizeram nos de refém por quase um dia inteiro, até que conseguisse chamar a atenção dos habitantes com as velhas lendas que colecionei com o tempo.
Os guerreiros, um de menos de trinta anos e o outro mais velho com cerca de cinquenta, levaram-me para junto de Muueêrim, o Pajé. Ele fora o único que não se assustou com meus relatos pavorosos. Quando Zumbeir ascendeu a fogueira e as primeiras brasas surgiram. Muueêrim mostrou a mim seu braço esquerdo, ao qual tenho repulsa de relatar. Seu braço estava deformado, haviam marcas de mordidas até os ossos. O velho chefe, observou-me das chamas, fitando meus olhos, enquanto observara seu braço. Muueêrim me contara naquela fogueira sobre uma coisa muito mais antiga do que os habitantes que lá residiam, ou que a própria mata. Havia uma coisa naquela região, algo não humano, que estava lá desde que eles chegaram em suas terras. A coisa morava em um lago próximo de um campo de orquídeas vermelhas. Pajé hesitou em dizer, porém, com frequência, a coisa emergia do lago para comer, alimentar-se da vida. Ele disse em tom assustado que fora aquilo que fez aquela cicatriz.
Muueêrim soltara-nos no outro dia, e enquanto saiamos de sua vila, ele disse. “Aquela coisa se alimenta não só de sua carne, mas de suas almas, tornando aqueles que mata, fantasmas de sua vontade”
 
 
 
Vinícius N Neto
Enviado por Vinícius N Neto em 24/12/2017
Reeditado em 25/12/2017
Código do texto: T6207475
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