EXPRESSO NOTURNO


 
“Sugiro que não venha nesta tarde, pois, é sexta-feira e a estação sempre permanece erroneamente deserta ao passo que a noite emerge no horizonte e essa é a hora em que eles embarcam”


 
 
   Procurava um trabalho digno de minha pessoa, algo discreto e que me rendesse um salário modesto. Não posso afirmar que após findar noites em entrevistas ínfimas tenha conseguido o que procurara, nada era tão bom quanto merecia, pulei então de proposta em proposta até insurgir aqui, na companhia ferroviária do lado oeste da cidade. Queixar-me talvez seria errado, pois, creio que de todos os outros, este tenha me chamado a atenção, pelo turno de meio período noturno e salario apaziguável. Começara no cargo dia 26, numa sexta-feira frustrante aonde o mais interessante era observar desatentamente os cúmulos pairando próximo do horizonte, enrolando-se com o vento. A estação sempre fora pouco movimentada naquele período e os poucos peregrinos que ali passavam, seguiam a linha ferroviária até a fronteira do estado. Dois meses convivendo naquela plataforma austera, notei que algo estranho ocorrera com frequência, contudo, tento seguir o óbvio, o expresso que acompanhara o crepúsculo ao tardar da última sexta-feira de cada mês deveria estar relacionado ao transporte de cargas para fora da cidade. Não entendia o porquê ainda utilizavam um Maria-Fumaça tão antigo e que me remetera aos anos 70, quando meu pai era motorneiro de um bonde no Rio de Janeiro. Talvez, pela crise atual em que o estado se encontra estivessem tirando do fundo dos armazéns ferroviários as antigas viúvas da noite.

   Passados seis meses no cargo, desenvolvi uma doença indistinta e de caráter estranho. Os médicos que mal tinham vergonha de tratar os pacientes com tanta decadência, não conseguiram identificar minha enfermidade abstrata, mas isso já era de se imaginar, afinal, toda classe abaixo do alto padrão da elite não tem direito de dispor de centros de saúde aceitáveis.

   Durante os surtos segregados sempre no período de serviço, sentia minha visão turvar em intervalos sutis e sinuosos, em que luzes amarelo-canário purpura giravam ao meu entorno, como grandes colunas de poeira que se abriam a uma vista inóspita e demasiado insana, da qual formas exóticas em tonalidades branco-acinzentado surgiam emaranhadas em tumultos secretos. Quando o relógio da plataforma atingia o auge das 19h00, e a locomotiva chegara na estação, os seres dos quais pouco entendia, esgueiravam-se para dentro do vagão principal e desapareciam.

   Com o passar das sextas-feiras sempre da última semana do mês, percebi que minha saúde decaia, meu corpo parecera cada vez mais esguio e desnutrido como se algo absorvesse minha vida. Procurei meu chefe, um senhor de quase sessenta e quatro anos chamado Valter Terra, que tinha dificuldade para falar por conta de um câncer que havia lhe acometido a garganta e que lhe deixara com sequelas irreversíveis, como a gagueira e a voz ruidosa e rouca. Contei a ele sobre minha doença indagadora e as crises que ocorriam apenas no meu expediente, o pobre homem ficou pasmo com meu relato, seus movimentos restringiram-se insolitamente a coçar o pouco cabelo grisalho que tinha na têmpora direita. À medida que encarava minhas palavras com abrupta seriedade, revelou que o funcionário anterior a mim, um venezuelano eufórico também adoeceu e pediu afastamento de suas funções. Em seguida, com um pouco mais de receio, confirmou que o venezuelano havia morrido dois dias depois do afastamento, mas não fez menção ou detalhou especificamente a causa da morte, somente me advertiu para evitar a fumaça que saíra do gerador próximo dos circuitos elétricos, pois, poderia ser o motivo de meu adoecimento.

   Uma semana se passou após ter conversado com Valter, mas ele não tomou nenhuma providência cabível a minha desfortuna doença que piorava com o passar das noites, progredindo ao ponto de ver rostos malformados entre as sombras desatinadas e ruídos melosos em uma língua medonha que pungia em meus ouvidos como tambores.

   Em meados de outubro, conheci um casal de idosos inconvenientes que apareceram na estação num dia chuvoso e vespertino. Ronaldo cumprimentou-me, vestia um rebuscado sobretudo, seus cabelos pintados recentemente, demonstravam sua insalubre dedicação em preservar a idade. Romilda sua esposa, usara um vestido longo e folgado, tecido sobre pequenos bordados de meia-lua e desenhos gentis de gatos. Percebi após ter lhes cumprimentado que me observavam com olhares atravessados e os questionei o motivo. Romilda respondeu um tanto acanhada que sentira em mim várias presenças, auras escuras e funestas. Ronaldo fitava-me perplexo, o suor enaltecido escorria por sua pele, e pude concluir que estava morrendo de medo. Tentei aproximar-me deles, mas me repudiaram. Romilda prontificou uma cruz na mão e naquele momento foi como sentir toda o meu lado esquerdo do corpo queimando. Pedi então que abaixasse aquilo, mas ela só o fez quando o trem chegou na estação e puderam fugir apressadamente.

   Não tinha certeza do que falavam, mas estava certo de uma coisa, aquilo me mataria se não fizesse nada. Os dias prosseguiram calmos e linfáticos a mercê do silêncio. As noites continuaram ascendendo ao negrume da inquietude sempre que chegara a última sexta-feira do mês, porém, estava decidido em dar um fim aquela maldição na origem, então procurei novamente meu chefe para lhe pedir dispensa do cargo, mas no mesmo dia descobri que ele havia falecido de insuficiência expiatória. No dia seguinte tentei prosseguir com meu desligamento, mas novamente encontrei dificuldade. O responsável, Guilherme Durval, dissera que teria de cumprir um aviso prévio de trinta dias e acabei não tendo como recusar. Seria, portanto, mais uma sexta-feira venefica que teria de suportar e então me veria livre daquele inferno.


 
O MÉDICO

 

   No dia 3 de fevereiro de 2008, o ar necrófago da estação impeliu sobre mim uma lufada de desespero; posso realmente acreditar que não sobreviveria até completar o aviso. Para minha sorte, naquela mesma noite, por volta das 20h30, um homem surgiu na estação e questionou-me sobre o motivo de minha palidez perturbadora. Evitei confirmar obvio, portanto, respondi a ele que não tinha a menor ideia de sua causa. O rapaz de não mais que trinta anos, apresentou-se, dizendo ser um médico-cirurgião que começara a alavancar sua carreira com o estudo da massa cefálica e me confirmou por experiência que minha doença poderia tratar-se de uma desestabilização de alguma glândula do cerebelo.

   Com um olhar mutuo de proeminência, observei atenciosamente ele me analisar visualmente. Doutor Valadares como pediu que lhe chamasse era calmo e gentil, e despretensiosamente sociável. Sugeriu que se pudesse comparecer em seu consultório, conseguiria avaliar-me com mais zelo. Portanto, tirou seu cartão de visita do bolso esquerdo do palito e me entregou.

   — Venhas na terça-feira no período da manhã que estarei disponível.

  Aceitei precipitadamente sua gentileza. Mas, pensara com relutância o motivo de um desconhecido ajudar-me daquela forma tão inesperada. Quando o ponteiro do relógio marcou 19h00, o médico me estendeu a mão arquejante e desapareceu no nevoeiro que se formara na plataforma, porém, antes de desaparecer, sua silhueta desmanchou-se na neblina e um vulto espectral e cavo que se mostrou remoto e quase inumano surgiu, penetrando nas sombras. Pensei por não mais que um momento que talvez tivesse ouvido o som trovejante do expresso noturno da última sexta-feira, mas meus olhos não me acrescentaram nada que pudesse confirmar a tese de meus ouvidos.

   Tendo chegado terça-feira, decidi por impulso ir ao consultório do Doutor Valadares e mesmo não encontrando seu cartão de visita, lembrei-me do endereço. Creio que após aquele dia, tenho tido crises habituais de oblívio. Pois, chegando em seu consultório, encontrei uma senhora velha e belicosa que quis me agredir quando a questionei sobre o médico e se ele atendia neste local. Maria, uma espanhola irreverente se posicionou sobre meus ombros e gritou lívidas palavras de horror e espanto.

   — Ele os matou meu jovem. Ele matou todos que atendeu aqui. Compadeço por você, e por sua curiosidade enfadonha, mas não torne a fazer isso com uma pessoa tão perturbada. Já não basta ser comumente assombrada por seu passado, agora tens a coragem de vir aqui e zombar de mim.

   Não havia entendido ao certo o que dissera, mas pus-me a correr dali quando ela começou a balbuciar palavras estranhas em sua língua. Negar que tenha ficado eufórico e impaciente com suas palavras, talvez seja um erro, portanto, pesquisei na internet sobre Doutor Valadares e o que encontrei posteriormente é de horrenda admissão. O médico que conhecera na estação havia residido no país por volta de 1940 e 1951 e neste período foi descoberto que fazia experiências com seus pacientes, por vezes, abria o crânio deles e lhes retirara o cérebro para sua pesquisa incansável sobre a capacidade da mente humana e suas limitações junto ao resto do corpo. Após ter-lhes retirado o cérebro, os cadáveres eram enterrados na estrutura da casa, na maioria das vezes os desmembrava e escondia seus pedaços nas paredes e no chão, e quando acreditava ter encontrado um espécime mais desenvolvido, raspava a carne dos ossos e os entalhava formando troféus que adornava no alto da mobília.

   Em 1951, foi descoberto suas indiscretas perversões e ele foi levado ao tribunal, mas nunca fora julgado, pois, na prisão os guardas encontraram-no sangrando até a morte com um corte transversal no pescoço que havia feito com a lamina de um bisturi que guardara debaixo da pele do antebraço.
Passei a ter crises de asma e falta de ar depois de ter descoberto aquelas coisas.


 
O ELETRICISTA

 

   Com o passar da semana, recuperei-me daquela desprestigiada incursão ao consultório do assassino em série chamado Doutor Morte. Embora não quisesse acreditar, não tenho dúvidas de ter conversado com seu cadáver; ansiava que tudo não tivesse passado de um devaneio.

   Minha pele começara a formigara sutilmente durante a semana, e temo que minha doença tenha progredido, pois, sinto como se abaixo da pele, algo rastejasse sobre meus músculos, contorcendo-se e tentando sair. Vejo de relance às vezes quando paro e fico observando a inerência no meu braço, uma forma estranha e disforme com vários cílios e pequenas unhas saltando até meu pulso. Estou roxo do ombro até a mão e não sei explicar porque todos que me questionam sobre isso não conseguem visualizar o inchaço que cresce ao entorno do braço.

   A estação continua tão lívida e vazia como quando chegara a alguns meses. Porém, o pavor que possa sentir dessa doença insólita nem se compara ao homem alto e amedrontador que apareceu na plataforma, surgindo do nada as minhas costas. Senti antes de me virar sua respiração ofegante me rondando, um ar viciado que cheirava a morfina.

   — Para que lado fica o cemitério.

   Fiquei um tanto desnorteado com sua pergunta, visto que estávamos numa estação ferroviária.

   — Não há cemitério aqui. — Respondi debilmente.

   O homem que vestira um macacão azul, aqueles antigos de eletricista e que também carregava na mão uma caixa de aço que muito se assemelhava a uma caixa de ferramentas, tomou o caminho contrário e se afastou. Mas, pensando bem, poderia ser útil um eletricista, e por sua aparência deveria ter algum dote relacionado a área.

   Antes de perde-lo na penumbra, corri até seu encontro próximo da neblina.

  — O que você quer? — Perguntou, de forma rude e traiçoeira, num tom agudo e rasteiro.

   Repensei meu ato e quase não tive coragem de pedir a ele que olhasse o gerador. Seus olhos radiavam a mim do alto, como um gigante, pareciam dois faróis ascendendo em uma visão caótica e tênue.

   — Aonde está? — Perguntou abrupto.

   — Como assim? — Questionei-o.

   — Aonde está o gerador?


   Fiquei demasiado aflito com aquela pergunta, pois, não conseguira ainda lhe informar sobre o gerador.

   — Como sabe?

   — A fumaça… — Respondeu cintilante e vago.

   Deixei levar-me pela razão de que poderia ter percebido a fumaça que vira do gerador, após passar pelos circuitos elétricos. Enquanto caminhava seguindo-me até o gerador, notei em seu macacão o nome Wilson.

   — Seu nome é Wilson? — Perguntei.

   Ele não respondeu. Ficara mudo e inexpressivo, e às vezes sua pele me parecia mais pálida do que a minha com a circunferência dos olhos cava e um pouco escurecida.

   — Aqui!

   Não havia fumaça vinda do gerador, ou nem próximo dele. E o gerador estava repleto de teias de aranha congruentes à imundice cerrada dos cabos elétricos. Wilson agachou-se, abriu a caixa que tinha na mão e começou a desparafusar o gerador. Após uma hora mexendo nas engrenagens e dobradiças enferrujadas, ele a parafusou novamente, levantou-se e disse.

   — Ninguém vai morrer eletrocutado aqui agora.

   Voltei os olhos ao gerador e não posso descrever o espanto que tive ao ver que ele continuava do mesmo jeito que estava antes, ainda com as teias na tampa e sem funcionar. Tentei encontrar Wilson, mas ele desaparecera da mesma forma que o médico.

   Tive receio em pesquisar sobre um eletricista chamado Wilson. Mas minha curiosidade chamou-me enfadonhamente aquele proposito e antes que pudesse evitar já estava sentado à frente de um computador ladrando páginas na internet sobre um homem com suas características. Felizmente não encontrei nenhuma informação a seu respeito, mas na hora que saíra da Lanhouse, fui abordado por um velho estranho que me questionou sobre o motivo de estar pesquisando sobre um eletricista chamado Wilson. O velho chamado José, disse que tudo que pesquisara estava relacionado ao seu filho que nascera com uma disfunção genética, por isso era tão grande e forte.

   José me contou que seu filho morrera acerca de trinta anos na cadeia. Fora preso após ser indiciado pela morte de dezenas de pessoas, dentre elas a maioria indefesa, como idosos, mulheres e crianças. José completou também que não encontraria nada na internet, pois, seus atos não ocorreram no Brasil, mas sim na Alemanha. Não fiquei chocado com seu relato a princípio, pois, desde o médico, estava preparado psicologicamente, se de fato fosse o que pensara. Tendo-me explicado com mais detalhes, José informou que seu filho fora vítima de um químico que trabalhou para Hitler na Segunda Guerra Mundial, e que após tê-lo torturado por cinco anos, acabou por lhe despertar. Wilson passou a raptar pessoas, prendia elas em jaulas de ferro como o nazista havia feito com ele, em seguida as encharcava de água e as observava morrer eletrocutadas.


 

O PADRE

 

   A hora estava chegando. E depois do ocorrido com o médico e o eletricista, desconfiava que aquela plataforma fosse um canal para além do véu da existência física. Isso responderia o motivo de minhas alucinações.

   Com menos de três dias para a última sexta-feira do mês, começara a sentir palpitações que vinham e iam rapidamente. O suor que descia por todo meu corpo parecia um creme viscoso e áspero que não dissolvia, mas impregnava minha pele, meus olhos estavam cada vez mais sem vida e desde o começo da semana, meu corpo começara a ficar muito frio, sentia que o sangue nas minhas veias, haviam congelado.

   Estava usando naquela tarde nebulosa de segunda-feira, abaixo do uniforme da cooperativa duas blusas e duas camisetas de algodão, juntamente a um boné que havia adquirido num camelo perto de casa e uns óculos escuros.

   — Oi! Por favor meu caro. Poderia me dizer se é aqui que passa o expresso noturno.

   Tomei um susto ao ouvir aquela voz do qual não localizei a fonte. Voltei os olhos a todas as direções que pude, ainda assim, não enxerguei nada.

   — Está me ouvindo jovem. — Falou a voz, pouco mais alto e mais próximo.

  Tentei novamente encontra-la, mas não tive sucesso. Então percebi uma sombra, lívida e quase imperceptível parada a minha frente. Ignorei a voz, então a sombra tomou cada vez mais forma até parecer a imagem de um padre.

   — Não está me vendo aqui. — Chamou-me balançando o braço.
Fechei os olhos o mais forte que pude.

   — Abra os olhos! — Sussurrou uma voz no meu ouvido.
Então os abri…


   Não posso descrever com propriedade o que vira em seguida, pois, aquilo destruiu toda sanidade que ainda me restara, num golpe cruel e horrendo.
O padre estava a minha frente, enforcado por uma corda que surgia da escuridão. Sua boca estava escancarada num grito de horror. Seus olhos vidrados nos meus, pediam socorro, e, ao mesmo tempo desculpa. Uma fita de sangue escorreu de sua boca.

   Cai no chão de joelho, sem conseguir desviar o olhar de seu corpo. Então o relógio na plataforma completou 19h00...

   — Eles me culparam só por algumas crianças mortas.

  Então, no segundo seguinte sua imagem sumiu de minha vista. Fiquei petrificado observando o ermo. Até que conseguisse assimilar aquela cena e voltar a razão.


 
A ULTIMA SEXTA-FEIRA

 

   Tendo chegado a última sexta-feira do mês, tentei evitar ir trabalhar. Mas, já não tinha controle absoluto sobre minhas ações. Cheguei na plataforma as 18h00, quando iniciara meu expediente. A neblina cobria cada canto da plataforma e no momento que entrei na estação, minha visão voltou a turvar, embaralhando imagens inimagináveis e símbolos inomináveis que dançavam em minha mente em arcos de fogo e luzes violáceas.

   Senti a pressão do ar contraindo minha alma e então, aquelas imagens voltaram aos meus olhos, seres disformes que dançavam em tonalidades escarlate-escuro.

   Quando finalmente o expresso das 19h00 chegou a estação, não via mais sentido na vida que um dia tive neste mundo. A porta do vagão principal me pareceu tão atraente. Aproximei-me... vagarosamente, não via mais as formas inquietas se amontoando no vazio da plataforma. O médico, o eletricista e o padre não eram mais figuras perturbadoras para mim, somente eventualidades da vida. O homem ambicioso é destruído por seu propósito de tentar ajudar o mundo. O homem machucado é repudiado por tentar se livrar dos fantasmas que o conduziam a insanidade e o homem da fé que nunca conheceu o calor do amor desejava acima de tudo se permitir mascarar sua realidade por apenas um minuto.

   O farol continuou aceso e a neblina segurou-me pelo braço e levou-me até o expresso.

   Não tenho ideia do que possa ter acontecido em seguida, já que consta na minha certidão de óbito que me suicidei a um ano atrás, no mesmo período em que comecei a trabalhar na companhia ferroviária.

 
Vinícius N Neto
Enviado por Vinícius N Neto em 17/01/2018
Código do texto: T6228220
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