Mata-me de dor

— Não! – eu respondi.

Dei-lhe um murro na boca.

Ela limpou o sangue.

— É porque você não me ama – ela disse.

— Mentira!

— Tem medo, não é? Mariquinha.

Ergui o punho e ela sorriu.

Saí e fui até loja de construção. Comprei um pedaço de lixa. Passei no supermercado e comprei vinagre.

Rasguei a roupa dela e joguei-a no chão e dei vários chutes na boca do estomago.

Lixei as costas dela até ficar em carne viva.

Molhei as feridas com vinagre.

— Mais! Eu quero mais! Arranque as minhas unhas!

Arranhei suas unhas uma por uma com o alicate.

O cheiro de sangue me dava enjoos.

Caí no chão.

Acordei e a vi diante do espelho. Nua, toda esfolada e cortada.

— Você é linda.

Ela quebrou o espelho com a cabeça e rolou por cima dos estilhaços como se rolasse sobre a grama macia.

Veio para mim com suas feridas e sangue.

— Estou cheia de tesão, faça amor comigo. Agora!

No último suspiro, ela me pediu para corta-lhe a orelha com o pedaço do espelho quebrado.

Quando acabou, ela morreu nos meus braços.

Pensei em jogar a orelha no rio, mas plantei-a no meu jardim e reguei com lágrimas.

Quando a primavera chegar, talvez eu colha um novo amor.

Batuta Ribeiro
Enviado por Batuta Ribeiro em 25/01/2018
Reeditado em 25/01/2018
Código do texto: T6235954
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