CONTO DE FADAS


Enquanto lhe arrancavam os olhos, pensei por um minuto que talvez não escaparia do mesmo destino. As fadas sibilavam ao seu redor, enquanto um gnomo gordo e carrancudo retirava seus olhos com uma colher. Mauricio já não estava mais acordado e talvez nem vivo se me atrevo a dizer. A floresta tão deserta e silenciosa expandia-se em todas as direções e se tentasse fugir de novo, com certeza me encontrariam. Uma das fadas, que brilhava em tom purpura-azulado pairou sobre mim, como o fez com Mauricio antes que o gnomo aparecesse e arrancasse seus olhos. Contudo, desta vez, não aconteceu, algo surgiu na minha mão, um tipo de marca, em seguida eles desapareceram junto como corpo de meu amigo.
Quando cheguei no acampamento, contei a todos o que havia acontecido, porém ninguém acreditou em mim, observavam com olhares atravessados, e um dos monitores confirmou que não havia ninguém com o nome de Maurício registrado. Fiquei abismado, como poderiam não conhece-lo, a algumas horas estávamos conversando ao entorno da fogueira. Inclusive, tentei mostrar a marca na minha mão a Jaime o monitor do meu grupo, mas ele disse que não havia nada no meu braço. Passei o resto das férias horrorizado. Tínhamos nos afastado da trilha por um segundo, e neste período perdi meu amigo. Tenho medo que a mesma coisa aconteça comigo. A marca no meu braço contrai-se todo dia, como se algo tentasse sair. Posso estar ficando louco, mas percebo que as pessoas estão esquecendo de mim e quanto mais isso acontece, mais elas se aproximam... malditas fadas.
Vinícius N Neto
Enviado por Vinícius N Neto em 25/01/2018
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