O EXORCISMO DE MICAEL BUTTON
 
16 de Outubro de 1977
Londres
 
Aqueles que encontraram este pedaço de papel molhado de sangue, contar-lhes-ei agora o propósito de ter me matado na data presente de 16 de outubro. Tenho antes que lhes dizer que estou sob forte pressão psicológica, então posso não terminar a tempo... Emily havia me trazido dúzias de pedidos de um casal recém-chegado na cidade, queriam que fosse visitar seu filho cujo nome era Micael Button. Tenho que concordar que nos últimos chamados nada fora tão macabro e demoníaco como este. Os Button vivam a oeste, numa casa que dissesse de passagem era a mais desorganizada que já frequentei. Elizabeth, a matriarca da família atendeu a campainha quando compareci em sua casa a uma semana atrás, Ela usava um véu negro feito em cetim e um colar com um símbolo peculiar na ponta, como uma estrela de Davi, só que uma ponta a mais. Elizabeth me mostrou o rapaz, Micael não me parecia estar possuído a princípio, mas foi só quando fiquei sozinho com ele no quarto que percebi.  Havia uma força tão obscura ao seu lado, controlando seus movimentos que quase podia me sufocar. Invoquei o nome de Deus no quarto, mas a coisa que estava dentro dele começou a rir de mim, como se o nome de Deus nada lhe intimidasse. Micael estava escrevendo em uma espécie de diário dezenas de palavras em uma língua estranho e incompreensível, e quando tentei toca-lo, ele me mordeu como um animal, arrancando o couro da palma da mão.
Olivia sua mãe contara-me que no começou notou que o filho falara com coisas a noite, seres que ele nomeava de pais de Ambain. Como Demonologista, nunca tinha ouvido falar de qualquer demônio ou entidade maligna que se referira a Ambain. Jack seu pai falecerá um mês antes de Micael começar a dar indícios de possessão e neste período, contou-me a mãe que o garoto parou de comer e conversar e isolou-se no seu quarto. Tendo ouvido isso, decidi realizar um exorcismo nele, mas neste dia, antes de chegar à casa dos Button atropelei sete crianças que iam a um teatro no centro com sua mãe. Não fui preso, pois consegui provar que estava lucido no momento, e o acidente foi causado por um pequeno buraco na estrada que me fizera derrapar e acertar as crianças. Sonhei com elas dois dias seguidos, atropelando-as diversas vezes, como se estivesse gostando daquilo. Após aquele episódio só voltei a casa dos Button na quarta-feira e quando cheguei descobri que Elizabeth havia falecido, mas a causa de sua morte não fora explicada visto que fora encontrada ajoelhada dentro do sótão, como se estivesse orando para alguma coisa, seus olhos estavam fechados e seu colar desaparecera.
Sentia a partir dali que o caso de Micael era mais sério do que estava imaginando, naquela mesa quarta-feira Olivia recebeu um telefonema, alguém se passando por seu marido disse que não me expulsassem da casa, ele voltaria e mataria ela. Olivia me tirou da casa, mas continuei no jardim, observando Micael pela janela, ele estava sempre parado ao lado da escrivaninha, vidrado no nado, ou as vezes escrevendo. Naquele mesmo dia começou-se um incêndio, não consegui entrar na casa dos Button, pois Olivia havia fechado todas as portas e janelas... pude ver eles gritando e pedindo por socorro nos cômodos acima até que o fogo os devorasse, ouvi os gritos de Olivia e Michele sua governanta, mas não os de Micael. Após o incêndio, foram encontrados os corpos de Olivia e Michele, mas nunca encontraram o corpo de Micael.
Na sexta-feira fui ao velório da família, infelizmente não tinha conseguido salva-los. Durante o enterro, podia ter certeza que vi Micael lá longe, perto das arvores, olhando, e atrás dele, uma sombra, horrenda e alta cobrindo o garoto. Naquela mesma noite, acordei assustado, muito assustado e chorando, mas não sabia o motivo, então me levantei da cama e percebi que minha mulher havia sumido, procurei por toda a casa, mas não a encontrei, então recebi um telefonema, era a voz dela, minha querida Joanne, ela disse que alguma coisa a fez ir para o quintal se enforcar, Não tive como chegar a tempo, quando sai de casa, o ela estava pendurada no alto no galho de uma arvore, com o pescoço quebrado. Daquele momento em diante notei que a coisa que se referira a Ambain me seguira, e queria-me acima de tudo.
Ontem, então decidi me matar, não poderia deixar que aquela coisa me possuísse. Infelizmente enfiei a faca no meu peito com pouca força e não consegui me matar, agora vejo que sombra de olhos amarelos se aproxima de mim pelo canto da parede. Ela quer que faça algo terrível, como o que aconteceu com as crianças, mas não posso deixar, preciso acabar com a minha vida e acredito que o único método seja estourando minha cabeça....
 
Wiliam Edwards, dado como desaparecido desde a data 17 de outubro de 1977.
Vinícius N Neto
Enviado por Vinícius N Neto em 06/08/2018
Reeditado em 06/08/2018
Código do texto: T6411611
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