O garoto e o cão

Ele vinha caminhando por uma rua escura e anormalmente sombria. Eram cinco para meia noite e o garoto não temia mal algum, sempre fora acostumado com as sombras e por isso caminhava calmamente pela penumbra; ele olhava distraidamente a lua cheia pensando em sua amada Sofia, pensava em como ela tinha sido má em esfregar em sua cara como o achava patético “acho que o mundo perdeu a beleza das coisas para mim” pensava ele. Passando por uma encruzilhada seu relógio desperta de súbito “meia noite em ponto; como o tempo passa rápido quando nos divertimos” ele pensa comicamente consigo mesmo; visto que de repente ele para; no lado oposto da rua um enorme cão, negro como a noite o observa calmamente, o clima muda e de súbito um estranho nevoeiro toma conta daquele cruzamento. Parados ali, o garoto e o cão se observam sem medo algum, o garoto olha para o estranho animal: olhos vermelhos e sedutores, tão hipnotizantes como os de um vampiro, impressionantemente peludo e imponente, Dentro de si sente algo como um estranho tipo de aversão ao cachorro e de súbito percebe que não se trata de um simples cão, mas sim de um ser secular que reina sobre tudo o que é ruim e que compra almas desavisadas por coisas banais, ele não pensa nem um segundo em correr por incrível que pareça não sente medo algum, o cão [que na verdade não o é] apenas o observa friamente, reconhece dentro daquele garoto uma alma tão antiga quanto à sua, que se destaca dos mortais pelo seu incrível poder de livre arbítrio.

Então o cão vira as costas e vai embora calmamente porque sabe que aquela alma nunca iria se render aos seus encantos, e o garoto observa calmamente sua partida tendo dentro de si a concreta certeza de que nunca tal criatura seria capaz de possuir o que tem de mais valioso:seu espírito.

Dark wind ice heart
Enviado por Dark wind ice heart em 30/09/2007
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