A TEMPESTADE - Final

Procuraram novamente por Silvia e não a encontraram em parte alguma. Angela começou a chorar e gritar dizendo que algo estava errado, que Silvia não poderia ter sumido assim.

Paul pediu calma e pediu a Sancho e Carlos que continuassem procurando, desta vez, vendo no mar se havia algum sinal de Silva. Pegaram os binóculos que começaram a procurar.

Marisa então apareceu curiosa sobre o que estava acontecendo e ficou chocada quando soube a notícia. Paul pediu que ficasse com Angela no camarote dela.

Paul ligou os motores e começaram a se mover quando sentiu algo prendendo o barco. Paul pensou que fossem algas ou algo assim e acelerou ao que ouviu gritos que fizeram seu sangue gelar.

Sancho e Carlos apareceram na ponte assustados com o grito que vinha debaixo do barco. Correram a mudara todos para constatar uma coloração amarela na água e pedaços de uma vegetação marinha estranha.

Paul tentou novamente com os motores ao máximo e não conseguiu muito sucesso. Algo prendia o barco naquele lugar. Foi quando Paul decidiu vestir a roupa de mergulho e ir verificar, era a única saída.

Carlos e Sancho tentaram convence-lo ao contrário mas não havia escolha.

Carlos desceu a escada e mergulho nas aguas frias o que achou estranho pois naquela região do caribe a temperatura da água não era assim. Não demorou muito para encontrar o que estava prendendo e quase perdeu o controle da respiração.

Debaixo do barco, haviam inúmeros tentáculos, prendendo a hélice do barco, e pareciam vivos, e no meio deles, estava o que um dia havia sido sua amiga Sílvia.

Havia se tornando em algo, uma forma de vida misto entre o reino animal e o reino vegetal, prendendo-se às hélices do barco. A criatura tinha o rosto e cabelos de Silvia, mas o resto do corpo disforme e estranho.

Paul ficou assustado, sem saber o que fazer, quando senti um tentáculo que o puxava, enroscando-se em seu corpo e apertando com força e o puxando para próximo do que havia sido sua amiga Silva.

Paul puxou a faca para tentar cortar os tentáculos mas eram muitos e foi gradualmente dominado. Quando estava próximo do rosto de Silvia, viu que sua boca abriu e que tinha dentes enormes e que de dentro de sua boca saia um longo tentáculo com um ferrão que o atingiu diretamente nas costas perfurando os pulmões e sugando seu sangue enquanto injetava algo dentro dele que o fazia sentir anestesiado, sem dor, mas pouco a pouco morrendo ali na frente do que havia sido sua amiga.

Após alguns minutos, a criatura largou as hélices do barco e desapareceu nas profundezas carregando o corpo de Paul.

No barco todos ficaram aguardando até que Carlos achou que há havia se passado muito tempo e que algo tinha acontecido com Paul. Angela começou a chorar sendo consolada por Marisa. Sancho disse que iria mergulhar para ver o que poderia ter acontecido e vestiu a roupa de mergulho.

Carlos subiu na ponte e ligou os motores e descobriu que o Barco estava livre. Sancho então pediu para esperar ele fazer uma busca por Paul ao que Carlos concordou.

Sancho não era mergulhador profissional mas teve coragem para pular na agua e vasculhar debaixo do barco. Examinou as hélices e viu que estavam em bom estado e viu o restante do casco do barco. Procurou pos indícios de Paul mas não encontrou coisa alguma. Então notou algo incomum até para ele que era um mergulhador amador. Viu que não haviam peixes em volta na área. Nenhum cardume, nenhum único peixe e então sentiu que havia algo errado ali e decidiu encerrar a busca por Paul e sair dali o mais rápido possível.

Ao voltar para a superfície Sancho subiu assustado no barco com a ajude de Carlos e Angela que lhe perguntaram se havia encontrado algo ao que Sancho respondeu que não, que não havia nada, nada e desceu para o camarote gritando para saírem dali.

Carlos foi a ponte e ligou novamente os motores e guiou o barco o melhor que pode para a ilha apontada no mapa.

Foi uma viagem em silencio por quase 2 horas. Chegaram na ilha que era coberta por um grande nevoeiro. Era uma ilha cercada por grandes rochas que pareciam esculturas antigas, de um povo muito antigo, esquecido no tempo.

O mar estava agitado quando desceram no barco em direção a ilha. Apenas Marisa ficou no barco pois não quis descer à ilha e ficou olhando fixamente o barco se afastar em direção à ilha. Talvez fosse melhor terem continuado no mar de volta pra casa.

Ao chegarem a ilha notaram desde logo que não havia sinal de vida. Nenhum pássaro, inseto ou animal. Ficaram com sentimento ruim a respeito e seguiram por uma trilha de pedra que conduzia pela selva a algum lugar onde pudessem pedir ajuda.

Notaram que as arvores também não tinham frutos. Tudo em silencio, exceto pelo barulho da brisa forte que soprava do mar. Seguiram pela trilha e encontraram muitas estátuas antigas ou o que restou delas. Mas adiante, no meio da selva escura, coberta pela copa das arvores, encontram as primeiras construções, ruinas de um povo que viveram naquela ilha.

Andaram pelas antigas casas de pedra e notaram arquitetura arrojada e depois seguindo por ruas calçadas perceberam que tudo aquilo havia sido outrora uma grande cidade, com praças, amplos corredores e escadarias. Mas não havia nenhum sinal de vida.

Notaram algas amareladas em muitos lugares e se perguntaram como haviam ido parar ali.

Chegaram ao que parecia ser uma rua principal da cidade esquecida e viram um grande edifício, com uma escada larga e uma grande porta por onde entraram e viram uma grande câmara com grandes estatuas de figuras humanoides mas não completamente humanas.

Então se aproximaram de uma grande mesa redonda onde havia um painel com cristais e um grande circulo que se iluminou com uma cor verde e viram a projeção de uma figura humanoide que falava em um idioma antigo que não compreendiam.

Então notaram que a figura mudou o idioma de forma que pudessem compreender.

O humanoide se dizia o líder do povo que habitava as ilhas do mar e que haviam estado em guerra por muitos séculos com o povo que habitava as profundezas do mar.

Carlos, Sancho e Angela se olharam assustados.

O humanoide prosseguiu explicando que as criaturas do mar eram poucas agora mas que haviam vencido a guerra com uma arma sísmica que fazia com que as ilhas submergissem e fossem tragadas pelo mar em poucas horas. Assim os habitantes das ilhas foram destroçados pelas criaturas do mar.

Uma a uma as ilhas foram sendo tragadas para o fundo dos oceanos e ao emergirem novamente não havia mais vida nelas.

As criaturas consumiam o sangue dos habitantes e trocava por agua do mar. Todos foram sendo mortos e as criaturas venceram.

Muitos habitantes foram levados para o fundo do mar e estudados e abduzidos pelas criaturas do mar de forma que elas aprenderam também a sobreviver na superfície, sendo assim que se tornaram semelhantes aos humanoides e se infiltraram nos últimos grupos de resistência nas ilhas que ainda combatiam.

Desta forma nossa raça se perdeu mas as criaturas do mar conseguiram sobreviver ao passar dos séculos.

O humanoide concluiu sua narrativa avisando que as criaturas do mar possuem o controle dos oceanos e que apenas o fogo era capaz de destruí-las.

Carlos assustado comentou com Sancho que estavam a salvo na ilha que restara já que os oceanos estavam sob controle do que fosse que tinha destruído aquele povo. Então ouviram uma voz assustados que fez uma revelação assustadora.

Estão enganados. Esta ilha submerge ao fundo do mar ao anoitecer e então emerge durante o dia. Foi assim que nos venceram. Mesmo aqui vocês estão em perigo. Devem retornar ao lugar de onde vieram e não devem mais se aventurar pelos mares desta parte do mundo.

Carlos e Sancho ficaram sem palavras por algum tempo ao que Sancho perguntou quem era e ouviu a resposta.

Sou o guardião da cidade. Meus criadores me deram uma ultima função, a de alertar a todos os visitantes sobre o perigo que correm nesta ilha e lhes explicar a nossa história. Vocês não tem muito tempo agora.

Carlos perguntou ao guardião como sabia o idioma deles ao que o guardião respondem que podia se comunicar em qualquer idioma, mesmo no idioma dos descendentes dos seus criadores.

Sancho então perguntou como poderiam voltar para casa ao que o guardião disse que não seria possível a eles retornar e que nenhum deles sobreviveria à tempestade e acrescentou explicando que era assim que as criaturas do mar conseguiam fazer suas vítimas, usando as tempestades para traze-las longe da costa, longe das correntes marítimas conhecidas, longe de casa para servirem de alimento e nunca mais voltar.

Angela então perguntou como poderiam matar as criaturas do mar e o guardião respondeu dizendo que apenas o fogo poderia destruir as criaturas do mar e os alertou que agora deveriam partir e deixar a ilha que logo, em questão de menos de uma hora, iria submergir e ser tragada para o fundo do mar.

Então Carlos notou que ventava muito forte lá fora agora e que escurecia rapidamente ao que chamou Sancho e Angela para irem embora.

Angela começou a chorar dizendo que não queria deixar a ilha ao que ouviu o guardião se pronunciar pela ultima vez dizendo que deveriam partir naquele momento e que deveriam deixar um alerta para que outros não fossem vítimas das criaturas do mar como eles haviam se tornado.

Carlos e Sancho levaram Angela correndo pela grande camará até a saída enquanto a luz verde a grande mesa ia lentamente se apagando.

Ao saírem do grande edifício notaram que o chão estava molhado de água do mar que subia lentamente e que os ventos agora eram muito fortes.

Correram pelas ruas inundadas tentando fazer o caminho de volta até que encontraram a rua pela qual haviam vindo e logo adiante a trilha de pedras.

Já estavam com agua pelos joelhos quando chegaram a praia e viram o bote sendo jogado de um lado para o outro pelas ondas.

Fizeram um esforço grande para conseguir alcançar o bote e já estavam quase todos a bordo quando Carlos gritou de dor dizendo que algo havia espetado sua perna. Tentou subir novamente no bote quando Sancho ligou o motor mas foi enroscado por tentáculos longos e fortes que o arrastaram para dentro mar. Sancho tentou se levantar para ajudar mas ainda pode ouvir Carlos dizer não e que devia sair dali rápido antes de Carlos ser furado por vários ferrões e desaparecer nas águas.

Sancho acelerou o bote e partiu em direção ao barco em meio a tentáculos que emergiam do fundo do mar e tentavam de vez em quando agarrar Angela ou Sancho.

Chegaram ao barco e abandonaram o bote que já fazia água devido a vários furos feitos pelos tentáculos desde a praia.

Subiram a escada rapidamente e chegaram ao convés cansados e correram para dentro do barco, para a ponte, ligaram os motores e sentiram o barco preso mas Sancho acelerou mesmo sem experiência em navegação, num ato desesperado para sair dali, e o barco rompem as amarras e deslizou mar a dentro.

Angela olhou para a ilha que desaparecia rapidamente, sendo tragada pelo mar. Angela olhou para Sancho e chorou.

Sancho perguntou por Marisa. Teria sido mais uma vítima daqueles monstros? Angela deixou a ponte e foi procurar por Marisa.

Passaram-se mais de trinta minutos e nem Angela nem Marisa apareceram.

O mar parecia calmo e a noite estava sem nuvens. Sancho pensou que talvez, de alguma forma, conseguissem retornar à Florida e sair daquele inferno. Mais algum tempo se passou e olhou o relógio e viu que já tinha mais de uma hora que Angela havia descido para procurar Marisa.

Sancho então parou o barco e lançou ancoras. Depois pegou um machado e desceu para procurar Angela. Procurou nos camarotes do barco, na cozinha, na sala onde faziam as refeições e nada. Nenhum copo fora do lugar, nenhum sinal de luta, nada. Chamou várias vezes por Angela e Marisa e nada.

Então sentiu o barco tombar para a direita e correu para a ponte mas não viu nada de mais. Pensou então que o barco talvez estivesse afundando.

Desceu a sala de maquinas e viu que as bombas ainda estavam funcionando mas o rombo no casco aumentou de tamanho e a agua estava subindo, lentamente mas subia. O barco realmente iria afundar.

Em um canto viu Angela enrolada em vários tentáculos, pálida como um cadáver mas ainda respirando, havia emagrecido e tinha um olhar cadavérico.

Sancho gritou com Angela mas ela não respondia apenas olhava para ele com lágrimas nos olhos.

Então Sancho viu um movimento na água, um tentáculo e notou várias daquelas algas amarelas em toda a parte. Compreendeu enfim que as criaturas haviam tomado barco.

Um tentáculo tentou em enrolar em Sancho que usou o machado com força e o cortou ao que ouviu um gritou horripilante vindo do fundo da sala das máquinas, da escuridão.

Ouviu o grito novamente e então olhou melhor e viu Marisa ou o que fosse. Tinha o rosto dela mas era uma criatura que tinha a forma de um grande molusco com tentáculos com ferrões com os quais prendia e sugava a vida de suas presas.

Pensou que talvez aquela coisa, outrora já tivesse sido humana e havia se tornado naquilo.

Mas ouviu em pensamento que não. A coisa podia se comunicar telepaticamente com Sancho embora não pudesse falar. Disse que assumia sempre a forma da última vítima a fim de atrair novas vítimas.

Então Sancho subiu aterrorizado, por meio de tentáculos que tentavam agarra-lo e fechou a porta atrás de si.

Subiu na ponte e tentou ligar os motores mas não conseguiu. Tentou várias vezes mas nada. Sentiu o barco tombar novamente, mais a esquerda. Estava realmente afundando.

Sancho sentou-se na cadeira do piloto e pensou na família e amigos e decidiu ao menos levar aquela coisa com ele para o inferno.

Desceu na despensa e pegou algumas latas de combustível. Espalhou o combustível em todo o barco e então viu aterrorizado Angela nua andando em direção a ele, dizendo para não ter medo, que poderia viver muito melhor de uma outra forma, que não precisava acabar daquele jeito.

Sancho olhou o mar e viu no horizonte as luzes de um navio, não muito distante dali e então viu que Angela já estava muito muito perto dele.

Rapidamente, Sancho pegou os fósforos e riscou um quando sentiu uma dor no peito espetado por um ferrão de um tentáculo que saia das costas de Angela, enquanto outros tentáculos se agarravam ao seu corpo, levantando-o do chão.

Com o sangue na garganta Sancho olhou para Angela uma ultima vez que agora tinha uma aparência pálida, fria e cadavérica e o olhava de volta friamente, encarando-o, como se estivesse hipnotizando-o.

Sancho num ultimo esforço e já sem ar soltou uma das mãos e pegou uma pistola com sinalizador e olhou, já quase sem vida, em direção ao galão de combustível que estava próximo no chão.

A coisa entendeu a intenção e deu um grito mas Sancho disparou o sinalizador o barco pegou fogo imediatamente.

Rapidamente o fogo se alastrou pelo convés, camarotes, cozinha e todo o barco agora era uma pira de fogo no meio do mar.

Próximo dali, no navio, o primeiro oficial informa ao capitão sobre o barco em chamas e pergunta as ordens.

O capitão, um homem supersticioso, olha pela luneta e observa o barco pegando fogo e confirma o nome do barco. Então consulta uma lista de barcos desaparecidos na região, para então ordenar meia volta e sair daquela região imediamente a máxima velocidade.

O primeiro oficial se aproxima do capitão e pergunta porque abandonar o barco em chamas ao invés de prestar socorro.

O capitão responde ao primeiro oficial perguntando que tripulação colocaria fogo no próprio barco naquela região do oceano? E que ajuda iriam querer receber depois de terem sido queimados.

Então o capitão finaliza a conversa dizendo que já havia visto aquilo muitas vezes e que já tinha ouvido histórias sombrias sobre o que acontece com os navios naquela região durante e depois das tempestades, acrescentando que aquele barco havia sido dado como desaparecido havia 3 anos após uma grande e terrível tempestade.

Cronista das Trevas
Enviado por Cronista das Trevas em 26/04/2020
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