Snake
- Mãe!
A mulher novamente ouviria a filha se queixar de alguma coisa estranha no quarto.
- O que foi? - ela apareceu na porta do quarto.
- Tem uma cobra aqui!
- De que tamanho ela é?
- Quando eu vi pela primeira vez parecia uma minhoca, agora ela está muito maior mae!
- Me de uma referência!
- Ela cresceu e ficou do tamanho da minha cama! - disse a menina com gravidade na voz.
- Mas que história Daisy! Mesmo assim vou chamar seu pai para cuidar disso. Tenho horror a cobras!
Seu marido foi correndo para o quarto da filha.
Naquela cidade havia a lenda da cobra que comia crianças malcriadas, contada pelos pais e avós na intenção de melhorar o comportamento dos pequenos. Era uma cobra enorme que vinha a noite, com a lingua bifurcada, lambia a pele da presa escolhida dando chance da criança pedir por socorro mas eram ignorados e quando finalmente os pais iam socorrer, a cobra já tinha engolido a criança viva.
- Esta mulher parece que é louca! Uma serpente em casa é muito perigoso, não importa de que tamanho...
- Pai, eu estou com medo! - disse a menina encima da cama.
- Não se preocupe, querida! Mesmo as cobras filhotes já possuem veneno para matar mas eu não vou permitir que isto aconteça!
O homem olhou debaixo da cama, nos armários, dentro do guarda-roupas mas não tinha nada.
- Bom, se ela estava aqui, não está mais.
- Pai!
- Calma, querida. Volte a dormir. - disse ele - Vou fechar a janela.
Por vezes ocorria boatos de terem matado uma cobra ali e acolá e a cidade localizada proxima a um rio, dava razão as conversas.
Pela madrugada, o casal estava na cama enrolados em lençóis. Algo se moveu do lado de fora passando pela janela e causando ruido. A mulher acordou olhou para os lados e deitou novamente. Novamente um barulho mais especifico de algo se arrastando.
- Ouviu isso? - perguntou ela.
- O que? - perguntou ele ainda sonolento.
- Deve ser a cobra que Daisy tanto falou.
- Eu fechei as janelas inclusive do quarto dela.
- Mas tem algo ou alguém ali fora...
- Você deve está assistindo muito filme e isso está mexendo com a sua imaginação.
O marido conseguiu convencê-la e acalmar seus ânimos. Então os dois voltaram a dormir.
No dia seguinte, na televisão exibia o noticiário da manhã: "Ataque a rebanho de ovelhas deixa populares com medo."
- Olhe isto! - o marido que acabara de acordar, aumentou o volume da TV.
"As imagens são realmente chocantes e podem perturbar alguns telespectadores! Retirem as crianças da sala". - dizia a ancora do jornal - "O fazendeiro do interior do Kansas relatou que foi ao estábulo pela manhã e encontrou uma parte das ovelhas acuadas no canto e vestígios de sangue no chão. O mais estranho de tudo é que o predador não apenas sugou o sangue como o famoso chupa-cabras mas engoliu todo o animal. Metade das ovelhas foram comidas..."
- Que horror! - disse a mulher - Muda isso, pelo amor de Deus! Daisy está chegando.
- Dormiu bem querida? - perguntou o pai.
- Sim - respondeu a menina coçando os olhos.
- Agora vou trabalhar. Comporte-se hein!
- Mamãe, posso colocar no desenho?
- Depois de tomar seu café da manhã!
A mulher notou que o lugar do ocorrido não era muito distante da cidade deles. A casa da família era um pouco afastada do centro e estava envolto de arbustos e algumas árvores de maçãs. A grama era pouco verde por causa da estiagem.
A noite, Daisy estava deitada mas não dormindo. O quarto estava escuro mas ela viu uma sombra passar de uma extremidade da janela para outra. Ela ficou apavorada. Em seguida ouviu um ruido de algo se arrastando.
- MAMÃE!
Os pais acordaram com o grito da menina em seguida de vidro se quebrando.
- DAISY!
Quando chegaram no quarto não viram a menina.
- Daisy querida! - o pai ficou aflito em ver manchas de sangue no chão e o vidro quebrado da janela.
- Tem alguém ou algo aqui...
De repente o homem sentiu uma presença atrás de si mas não deu tempo de olhar e foi devorado inteiro. A mulher viu o marido ser engolido com roupas e tudo por uma cobra da altura da porta e gritou. A serpente assustadora era verde e possuía os olhos amarelados com a pupila vertical.
O noticiário novamente deu um alerta "ataque a cidade vizinha deixa mais vitimas" o jornal comentava sobre uma possível criatura longa que coletava comida e crescia cada vez mais.