LUPUS HOMINIS- 3

Karen acordou com batidas na porta.

- Levante-se, o café está servido.

Ela saltou da cama e foi para a cozinha. Na mesa havia ovos mexidos, pão e café.

- Jean eu dormi demais. Depois de comer, ela agradeceu e se despediu dele.

Após tentar sem resultado fazer o carro andar, foi chamar ele.

- Jean, o carro não dá sinal de vida, voce pode me ajudar?

Ele pegou algumas ferramentas e foi olhar o auto.

- Karen voce esqueceu o rádio ligado, a bateria está vazia. Eu não tenho como ajudar. Use seu celular e chame uma oficina na cidade.

- Meu celular está sem contato algum, desde ontem.

- Vamos entrar, está começando a chover novamente.

Dentro da casa, Jean pegou um cesto com aves para alimentar os lobos.

- Deixe-me ajudá-lo, para recompensar sua hospitalidade.

- Está certo, venha comigo.

Lá fora ele jogava as aves para o alto e os lobos saltavam para pegar, como numa brincadeira. Havia uma amizade extraordinária entre aquele homem e os lobos.

- Venha Karen, iremos colher frutas e verduras na minha horta. Voce pode preparar a comida para nós.

Eles retornaram para casa com dois cestos cheios de legumes, maçãs e laranjas. Ela preparou um suflê de verduras e serviu na mesa.

- Jean, responda com sinceridade. Voce não considera meio macabro demais, conservar ainda aqui os cadáveres de seus pais? Deveria sepultá-los no cemitério.

A expressão do rosto dele mudou: - Vejo que voce andou bisbilhotando na minha ausência. Creia, aqui é o melhor lugar para eles.

Conte-me sobre sua vida Karen.

- Tenho 34 anos, solteira, sou bio química e vivo sózinha. Talvez um dia encontre um homem do meu agrado então me casarei.

E voce Jean, há uma mulher na sua vida?

- Eu tenho 37 anos, no meu tempo de faculdade havia uma jovem. Ela se mudou da cidade com seus pais e nunca mais a vi. Eu sou feliz aqui com meus lobos. Eles conversaram por mais algum tempo e depois se recolheram para seus quartos dormir.

Karen estava desconfiada. Talvez ele tivesse sabotado seu carro para impedir ela saír dali. Aquele homem era muito estranho.

No meio da noite, ela acordou com o mesmo barulho da noite anterior.

Silenciosamente foi até o quarto dele. Apenas a janela estava aberta, ele havia saído outra vez.

Karen abriu a porta que dava para o porão, desceu a pequena escada e olhou ao redor. Haviam muitos litros de soro, aparelhos de medicina, seringas. Prateleiras com livros contendo fórmulas de experimentos com células tronco, DNS e sangue com lobos e seres humanos. Todos eram assinados pelo genético Karl Stakemayer. Aquele médico havia sido um dos maiores nomes da medicina Genética. Sua mudança para Londres era uma mentira, ele havia se instalado naquele povoado e continuado com seus enxertos. Jean havia mentido, seu pai não era veterinário, mas o grande genético Karl Stakemayer.

Karen levou uma pancada na cabeça e caíu desacordada.

Quando ela acordou estava amarrada com cordas numa cadeira.

- Sinto muito fazer isso com voce Karen. Mas voce é intrometida, agora sabe demais e não poderá mais ir embora daqui.

* Segue no próximo capítulo

NACHTIGALL
Enviado por NACHTIGALL em 30/09/2020
Reeditado em 27/01/2021
Código do texto: T7076144
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