LUPUS HOMINIS- 7

Dois meses haviam se passado. Era um domingo chuvoso de outono.

Karen sentia um vazio, uma angústia na alma sem explicação.

Ela abriu uma garrafa de vinho e começou a beber no gargalo. Na metade da garrafa, se sentiu tonta e foi no wc lavar o rosto com água fria.

Ela olhou-se no espelho, falando consigo mesma:

- Admita Karen, voce se apaixonou por aquele homem lobo. Voce precisa tomar uma decisão, ou fique remoendo mágoa e se definhando, fingindo

que está tudo bem.

Cambaleando ela foi para cama e logo adormeceu.

No dia seguinte, ela pediu demissão do seu trabalho. No caminho, passou numa imobiliária e colocou seu apartamento para alugar. Numa revendedora de autos e reboques, deu o carro em conta, pagando o restante com suas economias que havia retirado do banco e comprou um carro Trailler mobiliado.

Na frente havia lugar para duas pessoas e atrás o reboque.

Ela estacionou o Trailler em frente o prédio onde morava e preparou suas malas.

Aquela era a última noite que ela dormia naquele apartamento.

No dia seguinte ela iria começar uma nova vida, ao lado do homem que amava, Jean Lupus.

Se ele não podia ser igual a ela, ela poderia ser igual a ele, também uma lupina.

Ao amanhecer ela deixou a cidade, rumo ao vilarejo Rosendhale, ao encontro de Jean, seu amado.

Ao entardecer, ela parou o Trailler em frente a casa dele.

No lugar havia um estranho silencio. Não havia nenhum lobo mais ali, a porta da casa estava trancada.

Jean tinha libertado os lobos e ido embora do vilarejo. Ele havia ficado com medo que ela o denunciasse a polícia e desaparecido do lugar.

Com uma chave de fenda, ela arrombou a fechadura e entrou na casa.

Ele tinha sepultado também os cadáveres de seus pais, para não deixar pistas.

Ela havia demorado demais para voltar. Jamais veria Jean outra vez.

Sua vinda ali tinha sido inútil. O homem que ela amava estava perdido para sempre. Teria que voltar para a cidade sózinha, sem poder dizer a ele que o amava, que nunca o havia esquecido.

Karen se trancou no Trailler, deitou-se no pequeno sofá tomada por um desespero profundo. Ficou lá fitando o nada, caíu num choro compulsivo, até adormecer de desânimo e cansaço.

Na noite escura e fria lá fora, o lobo negro Luxzor rondava silenciosamente o carro reboque, farejando um intruso no seu território,

com o focinho sujo de sangue e olhos flamejantes de ira...

* Segue no próximo capítulo

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NACHTIGALL
Enviado por NACHTIGALL em 03/10/2020
Reeditado em 27/01/2021
Código do texto: T7078330
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