SHAKESPEARE - MALDIÇÃO-2

No instituto forense, a médica Ayla fazia uma tomografia computadorizada, tirando medidas em 3D SFM (structure from motion), depois um MRT (ressonância magnética) e fotogrametria para obter uma minuciosa bioplastia da face de Shakespeare, usando de metilmetacrilato.

Apesar de usar luvas, suas mãos apresentavam uma reação alérgica de ardência e alguns pontos escuros como fungos. Depois de tanto tempo usando o mesmo material, sómente agora acontecia aquela estranha rejeição.

Ela interrompeu o trabalho e foi procurar um alergologista, sendo internada por ele na clínica dermatológica, para testes detalhados da epiderme.

Preocupada ela escutava o diagnóstico do dermatologista:

— As manchas escuras são princípio de tecido necrosado, precisamos impedir o agravamento antes que entre em processo de metástase.

Sua alergia não provém do material usado, mas de alguma contaminação

ainda indefinida. Aplicarei uma pomada e deixaremos suas mãos enfaixadas, em observação. Um cirurgião plástico irá acompanhar o desenvolvimento e os efeitos do tratamento.

Internada no seu quarto, Ayla telefonou para seu colega Ethan Campbell, para substituí-la e continuar com seu trabalho, na remodelagem do crâneo do dramaturgo e poeta Shakespeare.

No dia seguinte as faixas de suas mãos foram retiradas. A epiderme escura se soltava, num cheiro fétido e putrefato.

Examinando no microscópio, o médico constatou minúsculos ôvos de larvas, como dos cadáveres em decomposição.

Numa cirurgia de emergência, ela foi submetida a um transplante de pele, pelo cirurgião plástico.

Na sala de recuperação ao acordar da narcose, ela viu suas mãos envoltas em luvas de cilicone, estando imobilizadas. Ela estava incapacitada de executar seu trabalho por tempo indefinido.

Durante a noite, pesadelos sinistros a torturavam. Ela sonhava ver sua mão deformada e morta, o ruído da serra macabro sendo amputada e substituída por uma prótese de metal frio, com movimentos robóticos, acordando apavorada com as cenas.

Ayla pressentia que era apenas o início, daquela situação dramática, o pior ainda estava por vir...

- segue no cap.3

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