SHAKESPEARE-MALDIÇÃO-4

O osteopata doutor Edwin Benoit contemplava o semblante quase remodelado do escritor, os traços da face de um dos maiores nomes da história da dramaturgia e literatura mundial, em cima do suporte na mesa.

Disposto a concluir o trabalho dos seus colegas, concentrou-se no modelo sem ver o tempo passar.

Ao registrar as memórias no computador para avaliar, ele sentiu um sopro gélido na sua nuca, e se virou para trás para olhar.

No final da tarde, um segurança entrou na sala e econtrou Edwin caído no chão morto. Seus olhos estavam arregalados, com uma expressão de pavor no rosto. O corpo foi levado para autopsia da causa mortis. Benoit havia sofrido uma parada cardíaca fatal por medo, após ter visto algo apavorante, que fez seu coração fracassar.

O necrologista sugeriu fazer uma Optografia da retina, onde ficam ainda por três horas, nos pigmentos da rodopsina registradas as últimas imagens antes da morte. Os globos oculares foram retirados, mergulhados numa solução química, mantidos num lugar escuro. Depois cortados ao meio e banhados em ácido sulfúrico para cementar as imagens.

O resultado final, mostrava no monitor do computador apenas figuras indistintas, sombras desfocadas, e uma silhueta escura talvez vindo da janela na sala.

Ayla obteve permissão do médico, para comparecer aos funerais de Benoit. Mais uma vez o trabalho da reconstrução da fisionomia de Shakespeare havia sido interrompido de forma macabra.

Primeiro suas mãos, depois a cegueira de Ethan, e agora a morte de Edwin. Aquilo não podia ser coincidência, era inútil negar a realidade.

Alguma influência maligna havia sido ativada, com a retirada do cadáver de Shakespeare da sua tumba.

Ele havia deixado escrito: — ''Maldito seja aquele que remover daqui meus ossos''

Ela precisava tentar impedir que mais pessoas se prejudicassem, conseguir terminar aquele trabalho, mesmo sabendo que poderia custar sua vida...

- segue no cap.5

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