CLOWN-MOTEL-fim

— Acho melhor comunicar a polícia e contar a verdade, Kaira foi assassinada por um maníaco, um killer satânico fantasiado de palhaço.

— Voces querem ir parar na prisão? Iremos dizer aos pais de Kaira que ela foi buscar um novo gerador de luz e não voltou ainda. Eles irão registrá-la como desaparecida e o caso será encerrado. Eu tenho uma garrafa de wisky na mala, irei buscar.

No outro quarto Rene serviu um copo da bebida separado para ele, triturou uma caixa de 40 cápsulas do medicamento Gardenal e misturou no líquido, e retornou para junto de Darla e Maycom, serviu dois copos e ofereceu para eles.

— Vamos beber para relaxar. Ajudará a acalmar os nervos.

Pouco depois de ingerir a bebida, os dois passaram a ficar sonolentos e tombaram no chão. Rene se debruçou para escutar as batidas fracas do coração deles. Quinze minutos bastou para a parada cardíaca fatal. Eles estavam mortos.

— Voces queriam avisar a polícia não é mesmo? Tentem ir agora então!

Ele retirou as roupas de dentro de duas malas grandes, pegou o facão afiado que havia furtado da cozinheira e passou a esquartejá-los, braços, troncos e membros. Friamente empacotou tudo nas malas, limpou as marcas de sangue, lavou os copos, queimou o invólucro do remédio e ficou esperando todas as luzes se apagarem.

Ele espiou pelo corredor, a recepcionista havia ido dormir, o balcão da recepção estava vazio. Aproveitando a escuridão, levou as duas malas para o cemitério abandonado sem ser visto.

Procurou uma sepultura arruinada, retirou parte da tampa de pedras, jogou as malas lá dentro e recolocou os tijolos.

O barulho de uma bengala batendo toc-toc se aproximou dele. Um homem cadavérico, manco e corcunda andava em sua direção mancando.

— Voce precisa de ajuda jovem? Eu sou o coveiro. Eu tenho cuidado dos mortos daqui. Venha comigo, voce precisa ver algo que eu encontrei.

Rene o seguiu até o outro lado do cemitério. Ali havia uma cova recente e uma pá. Veja nós temos visitas...

Rene se voltou para ver. A figura dum palhaço mascarado sorria para ele.

— Voces não são reais! Eu não tenho medo de fantasmas, seus espectros errantes, voltem para o inferno de onde vieram! Malditos demônios assassinos, vampiros de almas!

O palhaço atirou a alfanje na garganta de Rene, ele tombou morto dentro da nova cova, degolado. O coveiro capenga e corcunda cobriu com a terra e se afastou mancando, batendo a bengala toc-toc, na companhia do palhaço e se dispersaram nas sombras da noite.

Os jovens foram dados como desaparecidos pelos familiares e os corpos nunca foram encontrados pela polícia. Eram apenas mais alguns na lista

de jovens que fogem de casa e passam anos sem dar notícias.

No motel o painel luminoso com a cara do palhaço, mirava diabólicamente a cidade silenciosa e adormecida, enquanto uma silueta escroncha caminhava mancando, batendo a sinistra bengala em direção ao cemitério abandonado, a terra dos sem nomes.

Tarde da noite um motorista de caminhão parou no motel para pernoitar.

Alguém vestido com roupa colorida descia silenciosamente rua abaixo.

— Hey seu Arlequim! Voce pendurou um balão no meu caminhão, eu detesto vermelho. Ele enfiou a chave e furou o balão, BUM!

FIM

__________________________________________________

NACHTIGALL
Enviado por NACHTIGALL em 30/04/2021
Reeditado em 30/04/2021
Código do texto: T7245069
Classificação de conteúdo: seguro