BOSAVI- CIDADE DOS GATOS- fim

[ Tema: Horror-Fantasia-Racismo ]

Sorrateiro nas sombras da noite, Panther adentrou-se na floresta pantanosa, onde haviam algumas grutas rochosas.

— Sua majestade, eis chegada a hora de revelar sua verdadeira varonil identidade. Os gatos da ilha entraram em conflito. Rajan convenceu os outros hibridos que são superiores. Swan o gato selvagem prepara uma invasão. Será um massacre, uma chacina, pior que das ratazanas canibais que enfrentamos.

— Irei me manifestar e mostrar quem é o rei dessa ilha. Traga-os todos para cá, Rajan e Swan terão que reconhecer minha autoridade ou irei rebaixá-los na frente de todos.

Phanter reuniu os hibridos chefiados pelo savana Rajan, alegando que Swan e sua legião estavam a caminho, para invadir, tomar seu território, e expulsá-los da ilha. Os dois partidos se aproximaram da marcação dos territórios norte e sul. Os gatos se olhavam rosnando ferozes e desafiadores, prontos para lutar até a morte.

Por trás dos arbustos apareceu um Lince gigante, com 1,50cm e mais de 40kg. Pintado como um oncelot, patas enormes como dos tigres e olhos flamejantes de ira:

— Eu sou o rei dos felinos XADRAK, habito essa ilha muito antes de voces chegarem aqui.

Os hibridos são inférteis, não podem se reproduzir, apenas algumas fêmeas. Os outros gatos são responsáveis pela preservação de nossa espécie felina. Não existem gatos superiores nem inferiores, isso se chama soberba, e discriminação racial.

Os habitantes da ilha sabem da minha existência e me protegeram de ser levado daqui, me mantendo escondido em segredo. Nossa espécie de Lynx ou Linces está em extinção. Durante a noite eu matava mais de trinta ratazanas canibais Bosavis de uma só vez. Nunca me mostrei e deixei a glória para voces gatos.

Alguns já pensaram em como estão se sentindo seus donos, a falta que voces fazem para eles?

— Nossos donos nunca mais voltaram para nos buscar, os humanos usaram-nos apenas para caçar as ratazanas canibais, fomos esquecidos e abandonados nesse lugar.

— Eu era um gato de rua, me alimentava de restolhos do lixo. Aqui encontrei um lar. Voces esqueceram como chorava aquela menina, no enterro do seu gato Zantor, que as ratas assassinas mataram? Ela leva flores todos dias no cemitério e fica tempo ao lado da sepultura.

A lembranças de seus donos e as saudades de suas antigas casas, causou desconforto entre o gatedo, numa lamúria de agonia, uma miação de queixas, semelhantes o piado das corujas.

As luzes das casas se acenderam, portas se abriram e algumas pessoas saíram para fora.

— Vejam o animal sagrado, o rei Lince está cercado, foi descoberto pelos gatos. Eles irão atacá-lo, precisamos impedir isso.

Homens calçaram botas e se armaram com espingardas. A guerra entre humanos e felinos estava declarada, resultando em mortes e sangue manchando as pétalas das flores e plumas de pássaros perdidas.

O som estridente do apito dum navio cortou os ares. O Lince fugiu em alta velocidade e os gatos se afastaram, assustados com o barulho.

As portas do navio se abriram e uma fila de turistas usando máscaras invadiram a ilha.

— Nossos donos vieram nos buscar, como prometeram. Não vieram antes

por causa do tal corona vírus. Aqui estamos protegidos, o vírus ainda não chegou aqui, a ilha estava isolada.

Assim se abraçavam os gatos com seus donos entre carinhos e saudades.

Rajan o savana olhava seu dono sózinho. Aquilo era um mau sinal. O menino devia ter morrido vítima do corona vírus. Ele virou as costas e se escondeu nas folhagens, disfarçar sua dor. Seu querido Daniel estava morto, melhor se jogar no rio e ir se encontrar com ele, no paraíso dos gatos.

— Onde está Rajan? Não consigo encontrá-lo! As ratazanas canibais o mataram, não é mesmo? O menino arrancou a máscara que encobria seu rosto, chorando desconsolado.

Ao escutar aquela voz, Rajan se aproximou de fininho dele. Daniel havia crescido, mas ele o reconhecia pelos seus cabelos cor de fogo, ruivos.

— Rajan, meu bravo Rajan, voce não sabe quanta falta me fez! Nunca, jamais permitirei que alguém nos separe outra vez!

Após fazerem filmes e fotos da ilha rodeados de gatos heróicos, o navio deixou a ilha levando donos e gatos para seus lares. Outra multidão de gatos sem donos permaneceram satisfeitos na ilha dos gatos.

Na floresta espessa, dentro da gruta o filhote Lince dizia para sua mãe:

— Se meu pai é o rei dos gatos, então eu sou um príncipe, uma realeza e herdeiro do título e do trono. Somos melhores que as outras raças.

— Nós somos apenas diferentes na aparência. Felinos e gatos hibridos são sempre gatos, assim como humanos continuam sendo sempre humanos, indiferente de sua cor.

FIM

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NACHTIGALL
Enviado por NACHTIGALL em 13/05/2021
Reeditado em 13/05/2021
Código do texto: T7254391
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