INÓPIA- fim

Com a falta de produtos alimentares, a fome aumentava e a população morria e minguava sensívelmente. Na luta desesperada pela sobrevivência, muitos aderiram ao canibalismo, abatendo e comendo seus animais domésticos e familiares mortos. Problemas psíquicos aumentaram e o perigo ladrava nas ruas noite e dia, impedindo contato social ocasionado por medo e pânico de ataques e violências desenfreados.

As autoridades fitossanitárias e a FAO (organização para alimentação e agricultura no combate à fome), tentavam reunir zootecnistas, geneticistas, entomologistas, usando de Biomedicina, para encontrar um meio de salvação da crise alimentar, e evitar o fatal extermínio da raça humana, pela fome.

E depois de muito tempo investido, foi criado um óleo de imulsão biopesticida, o Metarhizium Flavoviride, a partir dum fungo com esporos letais que infectam e matam apenas os gafanhotos, sendo inofensivos para os outros insetos. E foram borrifados na natureza, dando um fim na gigantesca praga dos gafanhotos.

Plantagens, bosques e ruas foram infestados e recobertos por cadáveres

de gafanhotos mortos.

A pedido dos industriais, os catadores de garrafas pet, papelão, e demais sobreviventes, passaram a recolher em cestos e bolsas, depositar

em frente as fábricas como matéria prima, vendendo e ganhando dinheiro. E os gafanhotos dotados de proteínas eram moídos, transformados em farinha para alimentação animal, e fertilizante orgânico, com resultados satisfatórios.

A terra produzia seus frutos em abundância, árvores vergavam os galhos, com o peso das frutas, animais se reproduziam, crianças saudáveis nasciam, e a resistência física e vitalidade do povo aumentaram.

Desapareceram moradores de rua, os desabrigados e desempregados.

Nas portas das casas agricultores distribuíam grátis depositando caixas com frutas, cereais, milho, farinha, queijo, leite, ovos, carnes, verduras, por não ter mais lugar onde armazenar tantos produtos.

Velhos moínhos de vento moedores foram restaurados e reativados, gerando oportunidades de empregos.

Retornaram os pássaros, o perfume das flores intensificados, purificavam os ares, se regenerava flora e fauna, devolvendo a estabilidade e dignidade de vida dos humanos.

Nas plantagens e folhas verdes os Louva-Deus, que se alimentam de pequenos insetos, vieram em proteção, para impedir que os gafanhotos se propaguem demais, mantendo o equilíbrio da natureza. E esfregavam suas pequeninas mãos, em gesto de oração, com as cigarras sua canção, zumbindo alegria, bendizendo o final da carestia. Enquanto as esperanças verdes nas flores, mensageiras da sorte, esticavam os foles pintadas de pólens e o vento levou consigo a morte.

FIM

________________________________________________

NACHTIGALL
Enviado por NACHTIGALL em 08/08/2021
Reeditado em 09/08/2021
Código do texto: T7316483
Classificação de conteúdo: seguro