O TANATÓLOGO-fim

Eu observo se minha esposa irá fazer o que eu pedi, quando em vida.

Ela abre o cofre e retira o livro que publiquei como autônomo. Nele estão registrados em 200 páginas, tudo o que presenciei no ambiente daquele instituto de necropsia, fatos dos quais fui testemunha visual. Há uma lista de nomes verídicos incluída. Assim todos irão ficar sabendo o que acontece com seus mortos e como são tratados por aqueles necrofílias tarados e doentios.

Eu sei que o meu lugar não é mais aqui, no mundo dos viventes. Eu tenho que me ir, procurar outros lugares para ficar. Mas quero me divertir e aterrorizar aquela corja de violadores, estupradores de cadáveres, que sempre ficaram impunes perante a lei. Ninguém pode me processar, nem fazer nada contra mim, pois estou morto, meu corpo físico foi cremado em cinzas.

Eu bato nas portas, apago as luzes, imito vozes, choros de crianças, solto gargalhadas sinistras.

Os boatos correm rápido pela cidade. Dizem que a funerária e o instituto de necropsia é mal assombrado, pelos espíritos e fantasmas dos mortos que foram violados, e que suas almas ainda vagam errantes pelo lugar, buscando os culpados do vilipédio de seus cadáveres. Todos evitam procurar a funerária e o instituto, por sua fama macabra. Em breve terão que decretar falência e fechar suas portas. Eu continuarei aqui atentando, até ver sua punição e espantar todos esses malditos necrófilos transviados daqui. Eu me chamo Armin Krugert, eu era médico tanatólogo forense, hoje sou um espectro a mais entre tantos, que se vingam assombrando esse lugar satânico, habitado por demônios em forma de seres humanos necromantes.

FIM