ASYLUM-2

D.Arminda entrou na sala de ginástica. Lá havia alguns balões coloridos usados para jogar. Escreveu neles uma mensagem pedindo ajuda. Era inútil, as bexigas não passavam pelo buraco das grades das janelas, sem estourar. Pegou uma faca na cozinha e foi até a sala do administrador,cuja porta estava trancada. Enfiou a faca na fechadura e conseguiu abrir. Sobre a escrivaninha havia um computador, tentou ligar mas era solicitado uma senha desconhecida para entrar em conexão. Revirou as gavetas contendo formulários e atas de pacientes. Numa delas tinha um pequeno cofre de metal chaveado. Com a faca abriu a fechadura. Dentro estava o dinheiro do pagamento dos funcionários. Furtou o dinheiro e guardou no forro da japona que usava. Desanimada sentou-se na cadeira. O silêncio do abandono se tornava insuportável. Iria morrer ali sózinha como um rato preso numa ratoeira. Sentia-se como um sapato velho usado, que depois de desgastado vai parar num canto, ou no lixo.

Numa parte do andar superior ficava a ala de psiquiatria, reservada para velhos com problemas psíquicos. Dos sete pacientes apenas dois ainda estavam vivos. Seu Astolfo era um piromânico que havia ateado fogo na própria casa. Onofre era um killer, havia matado dois familiares com o machado.

— Precisamos fugir daqui de outra maneira. O mecanismo da porta só se abre pelo lado de fora.

Na parede havia uma pequena caixa de vidro com um extintor de incêncio e uma machadinha, para abrir em caso de urgência. Onofre bateu com uma cadeira, quebrou o vidro retirando o extintor e o machado.

— Voce está vendo aquilo no teto? É um alçapão que leva ao sótão do telhado.

Eles amontoaram mesas e cadeiras para subir. Onofre bateu com o machado conseguindo abrir o buraco.

— Vamos retirar as telhas e descer pelo telhado. Vá procurar lençóis e cortinas para amarrar.

Astolfo foi até o posto da enfermaria. No armário de pronto socorro havia ataduras, lanternas, velas, garrafas de álcool, seringas, fósforos, soro fisiológico. Ele derramou as garrafas de álcool sobre os móveis, riscou o fósforo e atirou. Ficou alguns minutos olhando fascinado as chamas de fogo se alastrarem no recinto. Satisfeito retornou ao sótão com uma trouxa de panos.

Eles ataram os lençóis e cortinas, jogaram pelo telhado e pendurados desceram para fora.

— O portão de ferro da muralha está trancado.

— Deixe comigo. Onofre quebrou o ferrolho com o machado e os dois se afastaram do lugar, rindo alto e saltitando feito coelhos.

— Teremos que andar 5 km até a cidade, noite a dentro.

Astolfo olhava para trás com um brilho macabro nos olhos, apreciando as chamas e a fumaça que consumiam o prédio.

— Seu incendiário, voce não resistiu a tentação de botar fogo, não é mesmo?

-------> segue no cap.3

_______________________________________________________________________

NACHTIGALL
Enviado por NACHTIGALL em 16/01/2022
Reeditado em 16/01/2022
Código do texto: T7430458
Classificação de conteúdo: seguro