ASYLUM-fim

Dona Arminda dormia na sua cama e foi acordada pelo ruído das sirenes de incêndio. A fumaça e o fogo já dominavam outros aposentos do asilo. A porta da saída se abriu automaticamente como era programada em casos de emergências. Ela vestiu a japona, pegou a bolsa e foi para fora. Percebeu que o portão da muralha havia sido arrombado. O barulho do toc-toc da sua muleta ressoava pela rua solitária, na escuridão da noite. Ela seguiu andando devagar e tossindo. Seria um desafio caminhar 5 kilômetros, devido sua idade e a deficiência na perna. O dia estava amanhecendo quando avistou a cidade.

Entrou numa lancheria para tomar o café matinal, depois procurou uma imobiliária. O corretor de imóveis a levou no seu carro até um condomínio exclusivo para idosos. Lá haviam casas mobiliadas e com três cômodos para cada um deles. Ela podia se dar o luxo, pagar com o dinheiro que tinha furtado do asilo. Ligou a televisão e sentou-se na poltrona, para ver as notícias. Um homem havia sido preso depois de botar fogo nas lixeiras pela cidade, seu amigo também por ameaçar os passantes com um machado, tendo sido internados numa clínica de psiquiatria. Registrava também o incêndio no asilo abandonado, onde todos idosos haviam morrido vítimas de negligência e do fogo. A falsa revolta e pesar dos familiares não convencia ninguém.

D. Arminda observava o parque onde outros moradores idosos bem cuidados passeavam, conversavam sentados nos bancos tomando sol, acompanhados pelos ajudantes de enfermagem. Borboletas brancas revoavam pelos canteiros de flores.

— Esse lugar é um paraíso de repouso para idosos. Deveriam fazer mais condomínios como esse.

Um homem se aproximou dela dizendo:

— Me chamo Aderbal. Que tal jogar uma partida de ping pong comigo?

Os dois foram para a mesa ao ar livre e começaram a jogar. Outros idosos se juntaram ao redor, apostando em doces e moedas no vencedor.

A brisa suave e o gorgeio dos pássaros nas árvores, transmitiam ânimo para continuar a viver.

Dona Arminda dominada por um sentimento de paz, sorria triunfante diante dos aplausos, ela havia ganhado a partida de ping pong. E no jogo da vida também.

FIM

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NACHTIGALL
Enviado por NACHTIGALL em 16/01/2022
Reeditado em 16/01/2022
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