O BAMBUZAL - fim

Tobias espiava pelas frestas entre os cilindros de bambu.

— Vejam, eles estão retirando duma das choupanas uma criança morta, deitada na esteira e caminham para o cemitério. Um deles está vindo para cá.

O adolescente que parecia ser o mais velho de todos, abriu a porta e deixou uma panela e algumas tigelas de argila, contendo uma sopa escura de raízes. No braço ele tinha orificios de picadas e tecido necrosado. Em silêncio ele saíu e trancou a porta outra vez.

— Não toquem na comida, pode estar contaminada. Voces notaram os ferimentos no braço dele ?

Estão amontoando lenha e fazendo fogo na frente das casas. Parece que querem se proteger de alguma coisa.

— Vamos tentar dormir, amanhã daremos um jeito de escapulir daqui.

Durante a noite Tony despertou com um barulho vindo de fora.

— Acordem, a aldeia está infestada de aranhasTarântulas enormes, tecendo teias na cobertura das choças.

— Nunca vi aranhas tão grandes. Elas vivem nos buracos dos bambus estragados, podem ser venenosas.

Quando o dia amanheceu não havia ninguém no vilarejo.

— Tentem quebrar um dos bambus da parede.

Os quatros vergaram o colmo e quebraram um pedaço. Tony enfiou no buraco da porta e a tranca caíu.

— Estamos livres, vamos fugir antes que eles voltem. Correram pela trilha no meio do bambuzal, até avistarem o Jeep.

Deixaram o lugar a toda velocidade e retornaram ao hotel. Foram para o refeitório fazer uma refeição. Uma mulher servia os pratos nas mesas, sorriu para eles.

— Voces demoraram para voltar. Não se afastem muito do hotel. Nessa ilha há muitos mistérios.

— Então conte-nos alguns deles.

Dizem que no bambuzal ao norte, fica a aldeia dos feiticeiros e bruxos. Eles foram banidos pelos outros moradores, por terem um pacto com o diabo. Todos morreram misteriosamente. Contam que as almas das crianças mortas, filhos dos feiticeiros assombram o bambuzal. Apenas alguns tigres vivem lá ainda.

Eles devolveram o Jeep alugado na locadora de autos. Durante a noite de dentro das rodas sairam algumas enormes aranhas negras e foram tecer suas teias para aprisionar insetos.

— Vamos notificar as autoridades que crianças vivem sozinhas no bambuzal.

Eles acompanharam os policiais até a aldeia entre o bambuzal, mas encontraram apenas choupanas destruídas e o velho cemitério abandonado. Foi colocado uma placa proibindo a entrada, por ser habitat de trigres.

Os jovens nunca souberam na realidade o que aconteceu. Nos bambuzais da ilha existem muitos mistérios inexplicáveis, sobre vilas fantasmas, habitadas por espíritos do outro mundo, que perseguem os turistas. Alguns já se perderam no bambuzal e nunca mais foram encontrados, foram achados apenas alguns lenços brancos espalhados e pendurados pelos bambus, dançando ao vento.

FIM

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NACHTIGALL
Enviado por NACHTIGALL em 23/05/2022
Reeditado em 23/05/2022
Código do texto: T7521863
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