☻ ZORRO - fim

Pela janela aberta do carro, desceu um Doberman preto e parou ao lado de sua dona morta. O cão olhou pra Lua e soltou um ganido de agonia, ecoando pela rua silenciosa. Atravessou a rua e foi caminhando pelo acostamento da estrada, parando alguma vez entre os arbustos para descansar.

Alan deixou seu auto na oficina que funcionava dia e noite, para consertar o estrago e lavar. Enquanto esperava, bebia uma cerveja gelada no bar ao lado. Tendo o carro ficado pronto e limpo, retornava pra cidade. Repentinamente um cão atravessou e caiu no meio da rua. Ele pisou no freio e desceu do carro.

— Voce precisava cair na minha frente, seu vira latas ? Aproximou-se para retirar o animal do lugar, sem perceber que o cão estava se fingindo. Ao se abaixar, o cachorro cravou os dentes no seu pescoço, arrancando suas carnes, matando-o. Continuou mordendo seu rosto até deixá-lo desfigurado. Com a boca ensanguentada, soltou um uivo angustiante e desapareceu pelas sombras da noite.

Ao amanhecer o dono do cão, escutou um barulho na porta e foi abrir.

— Zorro, por onde voce andou ? Ao menos voce retornou para mim, depois dessa tragédia horrível.

Sua esposa havia ido buscar seu amado Doberman Zorro da clínica veterinária, no meio da noite, que fora internado por uma indigestão.

— Irei cuidar bem de voce como ela fazia. Voce está sujo de sangue e terra, precisa tomar banho. Após lavar o animal e servir sua refeição na tigela, se despediu dele.

— Tenho que ir cuidar do funeral e deixá-lo sózinho por algumas horas. Assim que eu voltar iremos passear no parque juntos.

Depois que ele saiu, o cão ficou algum tempo observado as fotografias que haviam na estante. Uma do casamento, outra dele ao lado de sua dona sorridente. Depois deu um uivo sinistro e agudo, demostrando a dor da perda de sua dona.

Uma bola rolou pela escada e parou perto dele. O cão rolava a bola pela sala, que ia e voltava como se alguém estivesse brincando com ele. Alguém invisível para os olhos humanos, que apenas os animais podem enxergar. . .

FIM

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