PONTE DOS CÃES SUICIDAS - fim

BAKENEKO

Silke foi até o bosque onde ficava o pet cemitério, levando seu cão morto. Um manto de névoa gasosa flutuava pelo ar, tornando ainda mais sinistro o morgue dos caninos. Num armário de metal enferrujado, haviam duas pás e um saco com sementes de girassol. No local haviam cerca de quinhentas sepulturas de canídeos suicidas, em todas um girassol plantado. Pegou uma pá e cavou um buraco, sepultou o animal e semeou algumas sementes de girassol ao redor na terra fresca. Deixou o bosque tomada por uma sensação estranha, arriscou olhar pelo canto dos olhos para trás. O vulto de uma menina deformada e farrapenta regava com um regador os girassóis nas tumbas. Seu rosto era como dum gato selvagem, as mãos cobertas de pelos negros, olhos amarelos em riste como de serpente. A criatura soltava um esquisito chiado semelhante o miado dos gatos. Apressadamente Silke fugiu e retornou para sua casa.

Uma vizinha veio fazer uma visita de cortesia, ela ofereceu um chá com bolachas.

— Voce é nova no bairro, soube da morte trágica do seu cão. Aquela ponte é maldita, muitos contam que já viram por lá um Bakeneko, espécie de gato humanóide mostruoso que vive em covas profundas na terra dentro do bosque. Nunca ninguém conseguiu provar nada, o povo da Escócia é supersticioso demais. Receitam banhar a coleira do cão em água benta e pendurar um crucifixo, antes de passar pela antiga ponte. Dizem que o Bakeneko convence os cães a ir com ele para o paraíso dos animais em outra dimensão, depois de se suicidarem. Há um boato que quem ver o Bakeneko de perto, pode perder a visão.

Silke não contou que havia visto o tal ser, no pet cemitério dos cães suicidas.

Sete dias depois, Silke acordou no escuro e foi ligar a luz. Lá fora os pássaros cantavam e o sol ia alto. Ela constatou que estava cega. Precisava providenciar uma bengala eletrônica e um cão imediatamente, para ajudá-la a andar pelas ruas, bem longe da ponte dos cães suicidas.

FIM

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NACHTIGALL
Enviado por NACHTIGALL em 24/06/2022
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