⚽ O ZAGUEIRO
O árbrito apita
a plateia vibra ⚽ 🎈
voa, Corroíra
corre, chuta, dribla 🎈
⚽
No gramado verde
marca o pênalti
a bola flutua ⚽
como raio da Lua
⚽
Vai, veloz atleta 🏆
faz gol de bicicleta
lustrando a chuteira ⚽
saltando Capoeira
⚽
Lavado de suor
honra o time de louvor
levanta o troféu 🏆 ⚽
ofertando pro céu
⚽
Entre aplausos, palmas
flores, medalhas 🥇 🌺
resplandesce tua aura ⚽
futebol nasce da alma
⚽
Voa, Corruíra
curto é o tempo da vida
se a Morte toca a lira 💀 ⚽
então perdeste a partida
💀
As chuteiras desgastadas 🏆
camiseta desbotada
restam de memória
do campeão a glória ⚽
🏆
As marcas da vitória
carimbadas na bola
chutou a morte pra escanteio ⚽
na tua lápide no cemitério
⚽ 💀 ┼
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Seu Odir viúvo e aposentado aos 65 anos, vivia com seu filho Odair de 20 anos, que sonhava ser jogador de futebol. Apesar de treinar toda semana e fazer parte do time da prefeitura local, na posição de centro avante ou lateral direito, não possuia agilidade, nem velocidade e técnica suficiente. Ele havia feito dois testes para ser jogador profissional e fora reprovado pelo treinador.
Seu Odir escondia um segredo de seu filho, sua doença fatal. Portador de tumor inoperável no cérebro, tomava os remédios escondido. O médico havia sido claro, uma cirurgia iria deixar ele cego e parcialmente inválido. Ele não queria ser um fardo inútil para o filho, nem atrapalhar a vida do jovem, ou renunciar aos seus sonhos. Ele precisava encaminhar o rapaz na vida antes de morrer, pois o relógio do tempo não para.
Seu Odir decidiu procurar um curandor para obter elixires de ervas milagrosas, o woodu praticante sr. Oclides, descendente africano do Zaire. O shaman se prontificou a ajudá-lo :
— Providencie sete penas do pássaro Corruíra, um osso do tendão do pé de um jogador já falecido, as chuteiras do seu filho, e deixe o resto comigo.
No cemitério sr. Odir ofereceu 100 euros pro coveiro. Ele foi até uma sepultura abandonada e arruinada, as letras de metal haviam sido furtadas, não se podia ler mais o nome do tal jogador ali sepultado, cerca de 40 anos atrás. O coveiro cavou do lado, retirou alguns tijolos e voltou trazendo o osso do dedo do pé do cadáver, num pedaço de meia rasgada e apodrecida.
Num aviário buscou as plumas do passarinho Corruíra. Em casa juntou com uma chuteira do filho e levou para o feiticeiro.
Seu Odir não tinha fé na feitiçaria, mas precisava tentar para ajudar Odair, pois seus dias de vida estavam contados, o jovem teria que sobreviver sózinho no mundo, sem profissão definida e sonhando ser um astro do futebol.
Só restava esperar para ver se a magia iria surtir seu efeito. . .
⚽ segue no cap.2
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