POLÍNDROMO SATOR - fim

Kate iniciou o trabalho na capela, remodelando estatuetas, revivendo as cores dos vitrais coloridos e os bancos de madeira.

Durante a noite ela dormia no carro home e foi acordada por um barulho vindo de fora. Olhou pela pequena janela e avistou uma sombra escura se movendo, rondando o carro home. A silueta parecia ser de um animal, talvez um urso preto faminto, procurando comida. A fera começou a aranhar com as garras a porta. Ela encostou a mesa contra a porta, mas a fechadura fraca não iria resistir muito tempo. Apavorada e sem ter arma nenhuma, viu o bilhete de aviso escrito, ainda em cima da mesa. Pegou uma lata de tinta e pincel e escreveu o políndromo na janela, Sator, Arepo, Tenet, Opera, Rotas. Minutos depois o animal desistiu e correu em alta velocidade rumo ao bosque. Ela iria terminar seu trabalho e deixar aquele vilarejo sinistro, o mais rápido possivel.

Quatro dias depois finalmente concluíu o trabalho e deixou a chave da capela na prefeitura local.

Reuniu o material, apagou com um pano o políndromo no vidro da janela, e aliviada deixou o vilarejo com seu carro home.

Um km depois, percebeu que uma roda puxava pra esquerda, e parou para verificar. O pneu estava sem ar, com furos de garras, era preciso trocar a roda. Abriu o porta malas para retirar o estepe do pneu. Sentiu um sopro gelado nos cabelos, se virou para trás para ver.

Horas depois a polícia rodoviária retirava o corpo de Kate da estrada, sendo levado para o IML, para autópsia. O tanatólogo escreveu no laudo a causa mortis: Expressão de pavor no rosto, parada cardíaca ocasionada por grande susto.

Que criatura dantesca e horrenda Kate havia visto, que a fez morrer de medo ? Acaso seria o macabro Hellhound, que a seguiu ?

No vilarejo, rasgou a noite o ganido agudo dum animal, vindo das profundezas do bosque.

Todas as portas se fecharam.

FIM

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NACHTIGALL
Enviado por NACHTIGALL em 14/04/2023
Reeditado em 14/04/2023
Código do texto: T7763503
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