A Herança

Meu nome é Messias, tenho 40 anos e vou compartilhar com vocês agora o que pode acontecer quando você deseja muito alguma coisa que não era para ser sua.

Condenado a violência, arrastado pela dor, por dentro da alma, mentiras e um homem insano, esse era meu avô que construiu uma fortuna com a venda da fabricação de armas da sua empresa, essa foi apenas uma introdução de quem era meu avô, que mesmo tendo muito dinheiro faleceu com poucos bens, devido as suas bagunças noturnas com meretrizes e cassinos.

Então, meu avô faleceu, e deixou uma moradia para seu único filho como herança, era uma cabana no Canadá, e a condição de receber a herança era passando uma noite naquela cabana.

Meu pai explicou a situação para mim e meu irmão e fomos a tal cabana no Canadá, chegando lá, estava nevando e fazendo muito frio, entramos na cabana, meu pai ia na frente pra explicar como era e como tudo funcionava ali, mostrou a parte de baixo da cabana e subimos a escada atrás dele que nos mostrou três quartos e disse que no quarto do meio não devíamos entrar de jeito nenhum e que a porta estava trancada, passaríamos uma noite ali para que meu pai herdasse a casa e depois meu pai a venderia, mas eu muito curioso mexi na maçaneta e abri a porta com facilidade, uma vez que meu pai havia dito que estava trancada, assim que abri eu vi uma menina de cabelos escuros, o cabelo comprido ia até o ombro era só o que dava para ver, não vi rosto ela estava cheia de cobertas em posição fetal deitada e aparentemente dormindo, aí fechei a porta e não disse nada a meu pai e nem ao meu irmão, pensei que ela já estava ali para vigiar a casa, como uma caseira mesmo.

Mas depois de ver aquela menina, ou somente seus cabelos, algumas coisas ficaram estranhas, quando olhei bem para o meu pai, por dentro daquela toca que cobria seu rosto, não o reconhecia, não era o rosto dele, não comentei nada com meu irmão naquele momento, então ele continuou, mostrou o quarto que eu ficaria com meu irmão, olhei para meu irmão dentro daquela toca e também não o reconheci era como um estranho pra mim, mas mesmo assim confiei nele, meu pai foi para o quarto dele, no meio tinha o quarto da garota dormindo que não entendia o motivo de meu pai apresentando a cabana não ter me dito nada sobre ela e o outro era o quarto do meu irmão e meu, entramos, e fomos deitar, o quarto só tinha uma cama, e uma estante com gavetas, era escuro e sombrio, e fazia muito frio, mas era agradável, eu deitei e meu irmão deitou em cima de mim igual fazia quando éramos crianças, e ele olhava para o pé da cama insistentemente e eu perguntei o que foi, o que ele estava vendo e ele disse nada, então eu olhei também, e vi uns vultos, não achei nada de mais, podia ser a sombras com o reflexo da luz das velas, já que a cabana não tinha energia elétrica, ou seja, era só coisa da minha cabeça.

Meu irmão que não parecia meu irmão adormeceu rápido, então curioso, levantei e fui para o quarto ao lado, onde estava a menina, entrei sem bater, mas não havia ninguém ali, olhei embaixo da cama e nada, desci as escadas com um candelabro na mão para iluminar a cabana escura, de repente um vento forte soprou e apagou as velas que eu segurava, era como se algo tivesse atravessado meu corpo, e com aquele arrepio, eu subi correndo a escada mesmo no escuro, e entrei no quarto vazio, e pensei se não tem ninguém aqui, vou dormir aqui mesmo.

Deitei, era tarde, faltavam dois minutos para meia noite, e cansado da viagem, mesmo com tanta coisa anormal eu adormeci rapidamente, mas acordei com muito calor e resolvi me descobrir e coloquei o braço para fora da cama que ficava no centro do quarto, e de repente senti meu braço queimar, recolhi meu braço direito para dentro da cama novamente e vi marcas de queimaduras como se uma mão em chamas tivesse segurado meu ante-braço, levantei e corri para o quarto do meu pai, quando contei a ele, não acreditou que eu havia desobedecido, então ele chamou meu irmão e descemos para acender uma lareira que a cabana tinha descendo a escada, eu questionava quem era meu avô e meu pai apenas me dizia que ele era um homem mau que causou muitas coisas ruins a muitas pessoas, e assim que meu pai terminou de falar isso, do fogo na lareira saiu uma voz, dizendo: desgraçados, saiam daqui, ou todos vocês vão morrer, não acreditei, só podia ser imaginação, mas imaginação do meu pai, do meu irmão e minha, seria real o que ouvimos? Então meu pai disse, vou lhes contar o que de pior o seu avô fez: seu avô adotou uma menina de quinze anos e ele a violentava todos os dias, quando ela completou dezesseis anos, já cansada daquela situação e presa nessa cabana sem ter para onde ir ou como fugir ela decidiu matar seu avô e se suicidar, dizem que antes de morrer seu avô disse que ninguém mais viveria ali, a cabana se tornou amaldiçoada depois disso, coisas estranhas já aconteceram aqui, e eu só vim aqui pela herança, mas estou estranho desde que cheguei, e do nada a voz do meu pai mudou e seu rosto se transformou, ele pegou um machado que estava no sofá próximo a lareira e me golpeou e depois o meu irmão, eu ainda consegui fugir, ele acertou meu braço e eu estava perdendo muito sangue, meu irmão foi golpeado no peito e caiu na hora, a chama da lareira ficava cada vez mais alta, eu corri para fora da cabana e meu pai não saiu de lá, sim, eu morri, se você está lendo isso agora, é porque voltei a cabana por não ter outra opção, meu pai havia se matado, então, fui para o quarto onde a menina havia tirado a vida do meu avô e a sua própria vida, peguei um papel e uma caneta e morri assim que terminei de escrever o que vivemos na cabana, nunca sabemos ao certo quando será o nosso último dia, mas mais cedo algumas coisas estavam estranhas, prestem atenção aos detalhes, não escreva sob a luz das estrelas, não dance no escuro, você pode tropeçar e cair e sobre tudo não deseje muito o que é fácil, meu pai queria muito ganhar dinheiro e desejou muitas vezes a morte do meu avô para receber algo e isso pode ser um caminho sem volta. Se cuidem e protejam suas almas.

Junior Lima (Messias)
Enviado por Junior Lima (Messias) em 23/05/2023
Código do texto: T7795624
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