O despertar das mariposas — CLTS 24

O antes

Clara fechou a cortina que cobria a janela da sala. Tinha dificuldade de manter os olhos abertos na claridade. Desde a adolescência que as crises de enxaqueca impediam-na de aproveitar a luz. Vivia então na semi escuridão.

Sua casa era compacta e funcional. Cada coisa tinha um lugar determinado e só possuía o que tivesse utilidade. Cresceu em uma casa abarrotada de quinquilharias inúteis e sempre teve ojeriza por desordem e caos.

Pegou o frasco de remédio e percebeu que faltavam quatro cápsulas. Precisava mandar manipular mais. Abriu a gaveta onde guardava as receitas dos medicamentos em uso, procurou a do único analgésico que trazia algum alívio para suas crises e constatou que estava esgotada.

Suspirou levando as mãos às têmporas e massageando com força. Só de pensar em sair de casa em plena luz do sol, enfrentar o trânsito em um transporte público, esperar em uma sala lotada e depois voltar para casa, suas dores já começavam novamente. Mas não havia outro meio. Ou então ficaria sem remédio. Tremeu só de pensar nisso.

Foi até a cozinha e pegou a chaleira, mediu exatamente uma xícara grande de água e colocou no fogo. Retirou de um armário um vidro cheio de folhas variadas de plantas medicinais, todas bem trituradas. Mediu a quantidade e colocou no fundo da xícara. Assim que as bolhinhas começaram a se formar no fundo da chaleira desligou o fogo, despejou sobre as folhas e tampou com um pires.

Enquanto o chá esfriava, pegou o celular que mantinha sempre no aparador da sala, nunca no quarto, e que usava o mínimo possível indispensável para a vida cotidiana moderna. Morria de medo da radiação e dos perigos dos 4g, 5g e não sei que mais g.

Achou o número do médico e ligou. Não gostava de mensagens escritas. Gostava de resolver tudo diretamente, sem margem para mal entendidos ou duplos sentidos. Tinha a alma idosa desde sempre, e agora que os cabelos brancos e as rugas de expressão começavam a se impor, sentia-se realizada.

Conseguiu uma hora para o dia seguinte, bem no meio da tarde, entre uma pessoa e outra, como de costume. Desde a primeira consulta, que durou mais de uma hora, que o médico não reservava mais um horário completo para ela, só entrevistas relâmpago. Ela fingia que não percebia, mas no fundo ficava magoada.

Pegou sua xícara e colocou na mesinha ao lado de sua poltrona favorita, se acomodou, acendeu a luz baixa e amarela do abajur, pegou o livro que estava lendo, achou o lugar onde tinha parado e gastou as últimas horas da tarde e começo de noite mergulhada no mundo literário, que era tão diferente do seu, onde se imaginava na pele da protagonista e vivia tantas aventuras e romances, às vezes puros e outras vezes ardentes.

Sempre pensava em como sua rotina era monótona, chata, previsível e sem graça, e no fundo amava isso, era mais um jeito de se torturar, negar sua natureza intensa e exuberante. Seus pais haviam-na criado sem limites, regras, qualquer cuidado com a saúde física ou mental, sem nenhum senso de dever nem de civilidade. Eram duas almas completamente desprendidas do mundo real e suas leis.

Assim que conseguiu se virar sozinha, abandonou aquela casa e seus habitantes e decidiu viver o completo oposto. Tinha horror em terminar como eles. Então tudo que se permitia viver era através dos livros. Assim era seguro, asséptico e socialmente aceitável.

Dormiu um sono sem sonhos, impregnado de sonífero e acordou com ressaca medicamentosa, quase na hora da consulta. Se arrumou às pressas e colocou, como sempre, os tampões nos ouvidos e os óculos de sol, só assim cogitava sair na rua.

A luz era tão boa, boa demais para ela. Ela não merecia a luz, o sol era intenso demais, brilhante demais, livre demais. No fundo ela sabia que não era normal esse sentimento, mas orgulhava-se secretamente de ter problemas psicológicos e poder culpar os pais por eles.

A consulta correu como o esperado, o médico a esperava com as receitas prontas e mal deu tempo para o boa tarde. Na farmácia pode lamuriar suas dores e sofrimentos com uma atendente desavisada até que os remédios fossem preparados. Nisso, lá se foi boa parte da tarde.

Chegou na praça em frente ao seu prédio e sentou em um dos bancos, queria aproveitar o ar fresco de final de tarde um pouco mais. Observou algumas crianças brincando despreocupadas, tão felizes, suas mães tagarelando, o velho vendedor de pipoca sentado em uma banqueta segurando um radinho no ouvido.

Tudo tão normal e reconfortante. Ela não sabia, mas estava observando o começo do fim.

O durante

Foi muito rápido. Clara estava olhando as crianças, todas sentadas na caixa de areia, fazendo castelinhos, quando simplesmente desapareceram diante de seus olhos.

Antes que conseguisse processar esse evento, e antes que qualquer outra pessoa percebesse o sumiço das crianças, toda a luz desapareceu. Como se alguém tivesse desligado o sol.

Clara achou que tinha morrido, mas ainda sentia o banco de pedra e o chão sob seus pés. O vento começou a soprar forte e no segundo seguinte os gritos começaram. As pessoas ao redor saíram do estupor da surpresa e só o que podiam fazer era gritar, tentando descobrir se ainda estavam vivas e constatar se o mundo ainda existia.

Clara tinha dificuldade de respirar, parecia que o ar também havia sido engolido pela escuridão. Nunca ninguém jamais havia presenciado tamanha treva. Total e completa ausência de luz. Era quase palpável. Quase não, era palpável e apalpava de volta.

Os gritos, antes de surpresa, agora eram de terror, dor e agonia. Os pelos do pescoço de Clara se arrepiaram, ela podia sentir que não estava sozinha, que em sua volta havia alguma coisa que não era humana. E parecia muito poderosa e faminta.

Fez a primeira coisa que pensou na hora, apalpou dentro da bolsa e achou a lanterna, tentou acender, mas não conseguiu, então pegou o isqueiro e acendeu a pequena chama. Viu sua mão agarrada por dedos de trevas. Gritou, mas manteve a chama acesa e correu, tropeçando e esbarrando.

Tinha certeza que estava de frente para a porta do prédio, se conseguisse entrar, poderia ter uma chance. Enquanto corria, sentia mãos, garras, unhas, tentando arrancar pedaços dela, mas não podia parar de correr.

Corria com o isqueiro levantado na altura dos olhos, a chama teimava em se apagar toda hora, como se alguém a soprasse. Esbarrou em uma parede e apalpou até achar a porta. Assim que entrou, sentiu algum alívio, parecia que as sombras que a perseguiam eram em menor quantidade no lado de dentro.

Por sorte seu prédio era muito prático e a escada era logo na entrada. Correu o máximo que podia, contando os espaços entre um lance de degraus e outro. Chegou ao seu andar e apalpou até achar sua porta.

Se não estivesse com o isqueiro, não teria conseguido. Sua salvação era a neurose de ter tudo que pudesse precisar na enorme bolsa e de tudo estar milimetricamente em seu devido lugar.

Pegou as chaves e logo estava segura dentro de casa. Constatou que a energia não funcionava. Nada que fosse elétrico ou eletrônico. Correu até a cozinha e acendeu as chamas do fogão. Na mesma hora a pequena cozinha se iluminou e pode ver as sombras se distanciando.

Pareciam se afastar com a luz e só o fogo iluminava agora. Pegou uma vela na gaveta e acendeu. A chama acendia, mas ia diminuindo e se apagava. Precisava achar outra forma de levar mais luz para os outros cômodos da casa, senão ficaria presa na cozinha.

Lá fora os gritos eram horripilantes. Parecia que o mundo todo estava sendo mutilado e estraçalhado por essas criaturas feitas do mais profundo breu.

Colocou seus braços perto das chamas e viu marcas de arranhões profundos, hematomas e mordidas. Sentia que suas pernas também estavam no mesmo estado. Sua respiração estava rápida e difícil e ainda não conseguia acreditar no que estava acontecendo.

Olhou em volta e viu o banquinho de madeira. Bateu com ele na parede até uma das pernas se soltar. Tirou a blusa que estava por cima da camiseta e enrolou em volta da madeira. Embebeu o tecido no álcool e colocou na chama. Logo pegou um fogo bom o suficiente para não apagar fácil.

Conseguiu sair da cozinha e percorrer a casa. Se trancou no banheiro e com uma mão segurava a tocha acesa e com a outra lavava os ferimentos dos braços. Jogou água fresca no rosto e se assustou com seu olhar desvairado no espelho.

Tudo que a tocha não iluminava parecia repleto de criaturas das trevas prontas para devorá-la. Não tinha como se acalmar e raciocinar em uma hora como essa.

De dentro do banheiro, ouviu que alguém esmurrava a porta da frente. Saiu apressada e ouviu os gritos:

— Clara, abre a porta! Sou eu, Bruno, seu vizinho!

Ela tentou lembrar quem era. Mal conversava com os vizinhos, mal sabia quem eram…

— Pelo amor de Deus, abre logo!

"Bruno… Bruno.. ah, o cara cego do final do corredor." Lembrou.

Abriu a porta só o suficiente para puxá-lo para dentro.

— É você, Clara? O que está acontecendo?

— Sou eu sim… não sei o que é, mas do nada tudo ficou escuro, como se a luz sumisse totalmente e as trevas adquirissem vida própria e tentassem se alimentar dos nossos corpos.

Silêncio. Nem ela acreditava que havia conseguido resumir e sintetizar tão bem. Era exatamente isso.

— Mas … por quê?

— E como é que eu vou saber?

Chegou a tocha perto dele e viu que estava todo machucado.

— Vem, vou cuidar dos seus ferimentos.

— Isso é fogo?

— Sim, eles não chegam perto do fogo, mas tem que ser uma chama grande…

Levou o vizinho até a cozinha, deixou a tocha ao alcance da mão e cuidou dos ferimentos deles e dos seus. A cozinha estava clara o suficiente para afastar todas as criaturas. Assim puderam relaxar um pouco e pensar no que fazer.

Clara fez um jantar rápido para os dois e agradeceu aos céus pela companhia de Bruno, ficar sozinha em uma hora como aquela estaria além de suas forças.

Nunca imaginou o que faria se presenciasse o apocalipse. O fim de tudo. Ou o começo de uma nova era. Não tinha como saber o que era aquilo.

Foi até a janela e abriu cuidadosamente a cortina. Lá fora só breu. Ainda ouvia gritos e urros, mas eram mais espaçados. Estavam diminuindo. Não parecia de maneira nenhuma um bom sinal.

E quando o gás acabasse? E a tocha também não duraria para sempre, logo teria que queimar tudo que tinha em casa e sabia que não seria suficiente.

— O que vamos fazer agora? — Perguntou.

— Esperar pelo fim. — Ele respondeu, cabisbaixo.

De jeito nenhum! Ela sempre esperou pacientemente pelo fim, mas quando ele chegou, tinha vontade de viver! Parecia tão ridículo tudo que vinha fazendo até agora. Que sentido tinha toda ordem e toda a privação a que se impôs? Por que se escondia atrás das dores e traumas? Lembrou que havia tomado o remédio e não sentia dor de cabeça, nem nada mais além de terror.

— Não! Nós vamos sobreviver a isso! Alguma hora a luz deve voltar. Só precisamos ficar vivos até lá.

— Mas e se não voltar? E se isso for tudo o que será daqui em diante?

— Então nos adaptaremos e lutaremos. De qualquer forma era para você estar acostumado com o escuro….

Assim que falou se arrependeu. Mas decidiu não voltar atrás.

— Não… ninguém pode se acostumar com essa escuridão. Quando o fogo está perto é como antes, mas sem ele… não consigo explicar… é como se eu enxergasse as criaturas. Não consigo te ver, mas vejo as sombras que passeiam nos cantos onde o fogo não chega.

— De verdade? Então com o fogo e com sua visão podemos tentar achar algum lugar melhor pra se esconder. Um lugar com mais provisões e com… uma lareira… lamparinas… fogão à lenha, qualquer coisa que ilumine bem…

Andava de um lado para o outro na pequena cozinha. Tentando pensar onde encontrar um lugar como esse.

— Mas você está pensando mesmo em sair de casa? Está louca? Eles vão nos pegar… vamos… vamos esperar mais algum tempo… talvez seja passageiro.

— Ok, acho que temos condições de esperar uma semana ou duas… queimaremos tudo que tivermos que queimar …

As horas se arrastavam, e só era possível saber que o tempo estava realmente passando pelo movimento dos ponteiros do relógio movido a corda que Clara usava desde criança, presente de uma professora idosa.

Não tinham mais nada para fazer além de conversar, e nenhum dos dois era muito dado a grandes revelações, então a conversa era rasa e cansativa.

Colocaram um colchão na cozinha e revezavam para dormir. Sempre um ficava alerta para o caso de algo mudar, o fogo se apagar ou as criaturas não respeitarem mais a luz. Nesse caso não poderiam fazer nada, de qualquer forma. Mas esse pensamento era mais angustiante do que tudo. Não ter mais o que fazer para sobreviver. Então tentavam não pensar muito nisso.

Os dias passaram sem nenhuma mudança. Estavam tão isolados de tudo que nem sabiam se ainda existia alguma coisa além daquele apartamento. O silêncio agora era quase tão aterrador quanto a escuridão. Só quebrado esporadicamente por algum lamento lancinante que fazia ferver os nervos e revirar o estômago.

Apesar de Clara ter um estoque de comida em casa, durou pouco. Ou talvez tenha durado muito, já que não contavam mais os dias. Não viam sentido nenhum nisso. O fato é que não tinham mais o que comer, o gás havia acabado e já tinham queimado tudo. Inclusive todos os livros de Clara.

Precisavam urgentemente sair e procurar um lugar que tivesse comida e boa chance de fazer fogo. Muito fogo.

Munidos de tochas acesas e outras apagadas, prontas para serem usadas caso fosse necessário, saíram de casa e só de estar no corredor já perceberam que as criaturas estavam menos contidas do que lá dentro.

Bruno conseguia ver perfeitamente onde estavam e antecipava qualquer movimento mais ousado. Clara ia segurando a tocha e iluminando o caminho.

Decidiram ficar no apartamento de Bruno já que tinha gás, comida e muita coisa para queimar, mas antes queriam verificar e pegar tudo o que pudessem dos outros apartamentos e descobrir se mais alguém estava vivo. O que era improvável, já que não ouviam som algum há muito tempo.

Testavam as portas e quase todas estavam trancadas. Não queriam ter que arrombar, já que demandaria muito esforço e barulho.

O prédio era pequeno e os apartamentos eram poucos, a maioria trancado e parecia não ter ninguém em casa. Nos que conseguiram abrir, pegaram tudo o que puderam. Voltaram e se alojaram na casa de Bruno, que parecia muito mais à vontade lá.

Notou que conseguia ver pelas janelas as movimentações das criatura das sombras e passava horas só observando, tentando achar alguma fraqueza, uma debandada, qualquer indício de que estavam de partida. Mas nada mudava.

Foi assim que notou uma luz se movimentando em um prédio vizinho. Chamou Clara para ver também. Parecia que alguém carregando uma tocha tentava sair do prédio.

Assim que a pessoa saiu, uma multidão das criaturas se formou ao seu redor, e pareciam abafar a chama que ia se apagando lentamente, tão lentamente que a pessoa que a carregava só notou quando já era tarde demais. Clara tapou os ouvidos para abafar os gritos.

Poderia ter acontecido com eles. Quase aconteceu com eles. Se não fosse por Bruno, ela já teria saído há muito tempo. E estaria morta. Talvez fosse melhor. A comida acabaria logo e o fogo também. Deveriam decidir o que era melhor, morrer de fome ou ser despedaçados pelas trevas.

O tempo parecia imóvel. Só notavam a comida diminuindo e o combustível acabando. Depois disso seria o fim. Enquanto isso conversavam. Nessa altura já sabiam de todos os segredos mais profundos um do outro e o acanhamento havia se dissipado há muito.

Estar sozinho em uma situação dessas era uma sentença de morte, com certeza. O desespero e a depressão já teria vencido qualquer pessoa desacompanhada. Será que mais alguém ainda vivia? Alguma outra luz iluminaria o mundo?

O depois

Bruno não saia de perto da janela desde que notara uma mudança sutil mas sistêmica. As criaturas estavam se movimentando de uma forma diferente. Como se estivesse se retirando lentamente.

Demorou para ter certeza, mas em algum momento chamou Clara e deu a notícia.

— Elas estão indo para o sul.

— Tem certeza?

— Sim. Se continuarem no mesmo ritmo, logo não terá mais nenhuma.

— Logo, quando? Exatamente…

— Não sei… alguns dias. Elas estão indo muito devagar.

Clara não queria deixar a esperança ganhar forças demais. Já estava quase desistindo. Seria horrível ver essa esperança desenganada. Mas logo conseguiu notar a diferença dentro de casa. Mesmo longe da luz, não sentia nenhuma presença maléfica.

Bruno confirmou. A casa já estava livre delas. Depois de algum tempo, o prédio já estava livre e depois de alguns dias a rua também parecia livre.

Decidiram sair, mesmo que ainda receosos, levando suas tochas. Bruno voltou a não enxergar nada, já que as criaturas sumiram, mas se manteve alerta para o caso de ver alguma extraviada do bando.

Seguiram a lógica. Se elas estavam indo para o sul, iriam para o norte. Quanto mais longe delas, melhor. Depois de caminhar muito tempo a esmo, Clara notou um distúrbio na escuridão. Não sabia ao certo o que era, mas as trevas parecia menos densa mais adiante.

Caminharam em direção a luz que ia ganhando força a cada quilômetro percorrido. Notou que algumas pessoas também estavam indo em direção a luz. Aos poucos iam surgindo cada vez mais sobreviventes.

Estranhamente não queria interagir com eles. Estava hipnotizada pela claridade. Queria chegar lá o mais rápido possível. Todos continuavam andando sem parar, como se estivessem em transe.

— Clara, o que está acontecendo? Estou sentindo uma coisa muito estranha…

— Não sei… estamos indo em direção a luz, ela é tão linda. Não consigo desviar o olhar.

— Não estou gostando disso… não parece coisa boa, vamos voltar!

— De jeito nenhum, estamos quase lá.

— Estamos andando há dias. Não sei… talvez há anos… não consigo mais contar o tempo.

— Não se preocupe com isso, estamos quase lá.

— Para de falar assim, você está obcecada…

— Se você pudesse ver, também estaria. Vamos!

Puxou Bruno pelo braço e praticamente o arrastou. As tochas haviam sido deixadas para trás há muito tempo. Seguiram todos presos ao fascínio da luz como mariposas. Prestes a se queimar.

A luz estava tão forte que não conseguiam ver mais nada, nem manter os olhos abertos. A claridade entrou em cada canto de seus corpos, tirando todo resquício de treva. Tudo estava exposto à luz.

De repente tudo ficou coberto pela mais absoluta claridade. Como se ela se expandisse e engolisse todas as coisas. Quando se extinguiu, tudo que era havia deixado de ser e nada mais restava.

Apenas a escuridão.

E a terra voltou a ficar sem forma e vazia.

Então Deus disse:

— Haja luz.

E houve luz.

Tema: mundo pós apocalíptico

Priscila Pereira
Enviado por Priscila Pereira em 19/08/2023
Reeditado em 05/09/2023
Código do texto: T7864954
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