┼ NON OMNIS MORIAR- fim

Alain observava o mausoléu sinistro. Uma escada de três degraus levava para outra peça, onde havia uma caixa de mármore lacrada. Retirou o pé de cabra da mochila e arrombou a tampa pesada. Dentro havia o sarcófago com a múmia embalsamada da princesa, envolta em faixas.

Ele se sentia fraco, de ficar dentro da tumba escura, respirar o ar pestiado, apesar de usar lanternas. Se enfiou no saco de dormir para repousar. Viver no cemitério descontrola os nervos de qualquer um.

— Boa noite princesa, durma em eterno.

Se virou ao escutar uma voz responder :

— Boa noite cavalheiro. . .

Aquilo era uma ilusão acústica, produto de sua imaginação.

— Então voce é outro candidato, para herdar a herança. . .

— Quem é voce, que brincadeira macabra é essa ?

— Apague a lanterna, então poderá me ver. . .

No dia seguinte, o coveiro veio trazer a sacola com a comida e água para Alain. Como ele não se manifestava, tomou as chaves e abriu o mausoléu. Alain estava no chão pálido e desacordado. O coveiro chamou uma ambulância e ele foi transportado para o hospital, onde pouco depois entrou em óbito. O médico escreveu no laudo a causa mortis : Expressão de pavor na face, parada cardio-respiratória causada por medo intenso.

Assim a herança da princesa Elisabeth de Demidoff continua sem herdeiros, e atraíndo os ambiciosos.

O que ninguém percebeu é que atrás do mausoléu da princesa, ficava o túmulo de madame Lenormand, a maior vidente e cartomante da França. A princesa costumava consultar madame Lenormand antes de tomar uma decisão. As duas se desentenderam, e madame Lenormand proferiu uma maldição sobre a princesa, sendo que o mausoléu seria a eterna prisão de sua alma. A maldição só poderá ser quebrada, quando a fortuna da princesa for herdada, mas até agora ninguém conseguiu.

FIM

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