Máscara de Osíris
— Boa tarde, gostaria de uma máscara africana – disse o homem para o confeccionador.
O confeccionador abriu um sorriso largo e perguntou:
— De qual tribo?
— Qualquer uma – respondeu o homem – é apenas para decoração.
— Não perguntei a finalidade, perguntei de qual tribo.
O homem indignado questionou:
— Para que ser grosso dessa forma?
O confeccionador desviando o olhar responde:
— Tudo bem, se a tribo não importa pode ser uma máscara egípcia?
— Mas o Egito não fica na Ásia?
— Você é idiota? O Egito fica na África…
O homem cerrou os punhos, mas quando foi responder foi interrompido.
— Tenho essa máscara do deus Osíris – disse o confeccionador enquanto buscava a máscara – já que a tribo não importa…
— Certo, quanto custa? – perguntou o homem – posso gastar no máximo 50 reais.
— Não perguntei o quanto pode gastar – respondeu o confeccionador grosseiramente e expondo a máscara – mas posso fazer essa de graça para você.
Cerrando os punhos novamente o homem responde:
— Não, obrigado, quero uma máscara que não seja egípcia.
— Calma lá amigo, essa máscara é especial – disse o confeccionador – ela te deixará igual ao deus Osíris.
Incrédulo o homem pergunta:
— Igual como?
O confeccionador abriu um largo sorriso e respondeu:
— Você pode ser um faraó, pode se casar com sua irmã e além disso fica imortal.
— Obrigado não curto incesto – disse o homem rindo discretamente – mas ser imortal deve ser legal.
— E realmente é – respondeu o confeccionador – você pode colocar ela e ver como fica nesse espelho à sua direita.
— Espera, se tem uma coisa que aprendi é que não existe almoço grátis – interrompe o homem.
— Você é idiota? – perguntou o confeccionador revirando os olhos – isso não é um almoço e sim uma máscara.
O homem parou, ficou coçando o queixo por alguns instantes e então concluiu:
— Realmente você está certo, é só uma máscara.
O confeccionador colocou a máscara em cima do balcão e acenou para o homem vesti-la, enquanto dava a volta. O homem pegou suavemente a máscara e vestiu.
— Que máscara maneira – disse olhando para o espelho – é realmente mais bonita que…
Enquanto o homem ia terminar a frase o confeccionador puxou seu braço, soltando-o do resto do corpo.
— Não estou sentindo meu braço, o que aconteceu?
O confeccionador puxou o outro braço do homem.
— O que está acontecendo? – perguntou o homem assustado – como vou tirar a máscara agora?
Gargalhando e puxando a perna esquerda do homem o confeccionador responde:
— Se você tirar a máscara você morre.
O homem caiu no chão amedrontado e praguejou:
— Seu desgraçado! Vou te matar!
O confeccionador puxou a outra perna dizendo:
— Você só pode matar a si mesmo!
O homem chorando, sem pernas e sem braços perguntou:
— Vou morrer?
Com um sorriso sincero no rosto o confeccionador puxa a cabeça do homem dizendo:
— Você agora só morrerá quando eu quiser – Se me der vontade eu puxo a máscara e você morre.
O confeccionador pega parte por parte do corpo do homem e coloca cada um em um saco, deixando-os em um canto num quarto mal iluminado que em que havia várias prateleiras. Em seguida leva a cabeça do homem para o mesmo quarto mal iluminado, e na ponta dos pés coloca-a em cima de uma prateleira, ao lado das outras dezenas de máscaras, inclusive da máscara africana que o homem queria.