ULTRAVIDA

O milionário tanatólogo cientista forense dr. Austin Barret, oferecia a recompensa de um milhão de dólares, para quem apresentasse provas concretas que existe vida depois da morte. Ele se mostrava decepcionado com os candidatos e suas estórias pouco convincentes. Um homem que dizia ser um fantasma, havia marcado encontro com ele no cemitério, apresentando fotos e documentos falsos, mentindo ser alguém sepultado num túmulo 32 anos atrás, depois de ter copiado o nome e data na lápide. Uma médium que tinha poderes de conversar com os mortos, tentava persuadí-lo :

— Posso fazer contato com um parente seu falecido, diga-me o nome e irei chamá-lo para conversar com o senhor.

Como ele não tinha nenhum parente morto na família, mentiu o nome de um inventado tio policial, já falecido 8 anos atrás.

Depois da tal mulher fingir um transe mediúnico, respondeu :

— Seu tio se recusa a falar com o senhor, algo impede a comunicação com o outro mundo dos espíritos.

Ele dispensou ela e fechou a porta. Era mais um charlatão que só queria o dinheiro oferecido.

Seu pensamento foi interrompido pelo toque do celular. Era um caminhoneiro viajante de voz fina sugerindo um encontro com ele, numa lancheria da Burger King ao lado do posto de gasolina na auto-estrada, às 11 horas da noite. Ao menos daquela vez não era em bosques, cemitérios, casas abandonadas, igrejas velhas, asilos de idosos etc.

Antes do horário dr. Austin chegou no lugar, deixou o carro no posto e entrou na lancheria ao lado. Observou alguns motoristas de caminhão que conversavam fazendo seu lanche. Escolheu uma mesa, pediu um suco, e ficou aguardando o outro chegar. Pouco depois a porta se abriu e um homem alto e esbelto, de terno preto, óculos escuros, se aproximou dele.

— Então, onde estão as provas que o senhor tem para me mostrar ?

— Não seja impaciente, antes vamos tomar um café.

Lá fora uma sombra se movia entre os autos estacionados, a silueta jogou algo no chão e fugiu numa motocicleta.

Se escutou um estrondo e uma gigantesca labareda de fogo tomou conta do lugar. A bomba havia explodido o tanque de gasolina e a lancheria também.

O homem de óculos escuros caminhava desesperado entre os corpos carbonizados, esperando encontrar alguém ainda com vida. Ele notou que dr. Austin apesar de ferido ainda vivia , e o retirou para fora dos escombros.

— Vamos esperar os paramédicos no meu auto, está na outra rua perto daqui, já telefonei para os bombeiros e a polícia. Criminosos jogaram uma bomba no posto.

— Dr. Austin olhava a cena de horror, os cadáveres carbonizados, as brasas de fogo no recinto destruído. O repugnante cheiro de carne humana queimada revoltava seu estômago em extremo.

— Estou confuso, qual é mesmo o seu nome ?

— Brady, eu me chamo Brady. Estou escutando as sirenes de viaturas e dos bombeiros se aproximarem.

— Nós dois somos os únicos sobreviventes dessa tragédia terrorista. . .

▬► segue no cap. 2

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