Metido a aventureiro, Fré sempre gostou de viajar com sua moto, conhecer e desbravar os sertões desse nosso imenso país. E foi em uma dessas 'paragens' que ele conheceu uma simpática cidadezinha bem pacata e hospitaleira, mas que como todas as cidades pequenas também tem seus mistérios e lendas. A lenda em questão era a do misterioso 'Motoqueiro Fantasma'. Fré Começou a ouvir sobre tal enigmático personagem em um barzinho que ficava bem próximo ao coreto que existia no centro daquela cidadezinha. Um senhorzinho de chapéu de palha enquanto 'pitava' o seu fumo de rolo conversava com mais alguns outros homens daquele povoado que bebiam ali e uma linda senhora que comprava o seu pão ao lado da filhinha. Seus comentários a respeito tinham um tom tímido de deboche a um devido a um certo temor do mesmo e que também provocava naquela garotinha, fazia com que a sua mãe se benzesse e até mesmo aqueles 'caboclos beberrões' também mudassem o tom, com pavor de tal 'assombração'. Logo, Fré se interessou pelo assunto, que não pôde deixar de notar que possuía um grande 'tabu' envolvido. Aquele velho com um aparente receio de qualquer coisa, chegando a olhar para os lados, contou a Fré que toda a sexta-feira, em um certo horário da noite, surgia um motoqueiro andarilho que com sua moto envenenada andava de uma lado para o outro como se cumprisse algum tipo de 'penitência', e que ninguém poderia estar na rua durante esse horário se não o mesmo 'o levaria com ele em sua garupa infernal'. E é claro, Fré como qualquer forasteiro, 'urbanóide ' e descrente, não conteve o seu riso. Riso esse que até ofendeu os outros frequentadores daquele barzinho humilde. - Brinca não, moço...! Exclamou alguém em algum canto dali, fazendo com que Fré até se desculpasse pelo riso inoportuno. E antes que Fré soubesse mais daquela história que julgou tão 'fantasiosa', aquele velho, que também não gostou muito de seu incrédulo deboche, se levantou do tamborete onde estava e seguiu até seu cavalo amarrado próximo a entrada do bar. Mas aquela história apesar de louca para Fré, também o intrigara. Fré  queria saber mais sobre aquilo e se possível até mesmo ver esse 'seu fantasmagórico colega' amante das duas rodas. Mas todos se esquivavam do assunto. Até que Fré se lembrou que o dia seguinte seria uma sexta-feira. O tal dia escolhido para o 'rolé assombroso' daquele tal misterioso motoqueiro. E assim resolvera montar uma espécie de 'campana' na pensão onde se instalava. E de uma fresta da janela ou com a mesma entreaberta, Fré ficaria esperando esse motoqueiro surgir para ver se isso era verdade. Deveria ser algum filhinho 'playboy'  de um fazendeiro local querendo assustar aquela pobre gente...só isso! Sua descrença julgava enquanto se preparava para aquele 'pernoite macabro'. E lá estava Fré com aquela caneca esmaltada, de café. Mas as horas se passavam, e... 'nada'! Nenhum sinal de qualquer 'aparição' que fosse, apenas os 'mosquitos borrachudos' que vinham da luz daquela rua era que surgiam e o atormentavam. A dona da pensão que notou que Fré ainda estava acordado, bate na porta e lhe perguntou se este estava precisando de alguma coisa, mas quando com um ar de riso, ele disse que estava ali aguardando o Motoqueiro Fantasma, está mudou o seu tom para um tom de temor e certa desaprovação para o deboche do mesmo, também se benzeu e disse para ele não brincar. E quando ela sai dali, finalmente  Fré ouve um barulho de motor parecido com o de uma moto. 'É ele'...! Fré fala consigo enquanto corre para aquela janela novamente. E tornando a olhar para a rua, ele nota que as poucas luzes que ainda restavam acesas das outras casas, também se apagavam. O barulho do motor se tornava cada vez mais próximo e parecia que o mesmo já havia chegado à rua daquela pensão. Mas Fré não via ninguém...O barulho do motor daquela moto era bem presente ao ponto até dele que entendia de motos poder identificar a marca de tal veículo só pelo ronco daquele motor. Mas este não via nada. E o barulho fazia exatamente o mesmo trajeto da história contada por aquele senhorzinho do bar. Esse barulho seguia de um ponto da rua até outro onde havia um ribeirão. Fré ouvia o tal ronco, mas não via nada. Olhava para alguma casa daquela para ver se em alguma garagem alguém poderia estar reproduzindo aquilo. Mas não, o misterioso barulho se movia! Parecia mesmo que havia alguém ou 'alguma coisa' estaria passeando de moto por ali. E é quando esse barulho se aproxima da janela onde Fré estava e se mantém parada ali, onde aumentava a potência de seus roncos como se quisesse mostrar que ele realmente estava 'vendo' o que estava vendo. E foi nesta hora que a descrença de Fré deixa de existir tomando forma de pavor. Nesta mesma hora, Fré se apressa para fechar aquela janela e quase 'se enfia embaixo da cama' enquanto aquele barulho...ou 'aquela moto fantasma' se mantinha perto de sua janela. Até que em um certo horário, o tal Motoqueiro Fantasma saiu dali. Para o alívio do agora assustado Fré. Porém, este teve 'perda total' daquela noite a qual ele não conseguiu dormir mais! Na manhã seguinte de volta ao bar daquela cidade, lá estava aquele senhorzinho de novo. E desta vez acreditando na história que teve o pavor de vivenciar, Fré ouviu mais detalhes da mesma. O tal 'Motoqueiro Fantasma' era realmente filho de um fazendeiro que vivia ali. E ele quando vivo também era louco por motos. E mesmo sem a aprovação dos pais acabou adquirindo tal veículo com a qual ao disputar um 'racha' com amigos também inconsequentes, perdera o controle da mesma indo parar dentro daquele ribeirão até onde todas as sextas-feiras ele pilota andando em círculos devido a sua alma ainda estar 'vagando' sem descanso. E ao ouvir tudo isso, ainda tremendo com aquele copo de cerveja na mão, em sua moto, Fré deixa aquela cidadezinha.

 

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