CANTO PERVERSO: MALDITO SOIS VÓS

Que mil bisturis rutilantes e tetânicos ferroem vossa massa cinzenta, enclausurada nesta caixa oval preenchida de tutano e vermes, que denominam de crânio, para que vós saibais contemplar as volúpias satíricas e carcomidas dessa dor que se chama crueldade...

Sim, sim, ó seres humanos!, vós sois cruéis, tanto com seus iguais e centenas de vezes consigo mesmos. Mas não os censuro, com minhas presas venenosas por tal, pois a crueldade e setenta e sete vezes mais acentuadas em mim. Tenho pena de vós e do que fazem aos outros. Minto! Rio por dentro, pois não sei rir por fora, meus dentes podres matam o interlocutor quando remexo meus lábios. Como sois traquinas e peraltas...

Vede, pois, como vós e vos outros agem neste intestino grosso chamado mundo em meio a esta flatulência que é a vida social entre vós; erro e falo-vos:

“Que blasfemos cancros venéreos brotem em vossos lábios dilatados, sob os efeitos do escárnio bestial, quando rides do tombo, grandioso como o de Golias, dos mansos e frágeis aleijados, que quedam em meio as fezes indecorosas de tua ganância incomensurável, presente nestes teus olhos remelentos.”

“Que ensandecias urticárias e asquerosos parasitas ( que corroem lancinando a epiderme de vosso corpo imaculado e limpo) ataquem tuas axilas acidas, teus cabelos piolhentos e teus órgãos genitores munidos de sífilis mal curada, que vós escondes com vossa beleza facial. Tudo isso acontecera quando te enojares dos odores churumentos e miasmáticos que exalam fortemente dos indigentes e andarilhos.”

“Que vosso poderoso baixo ventre murche como as flores perfumosas ao findar a primavera quando maldisser maltratar, dispensar e olhar de soslaio as meretrizes, essas Afrodites de ânus aromáticos, pois o homem: aberração similar aos símios, mas inferiores necessitam das nádegas sagradas e santificadas dessas descendentes lânguidas de Maria madalena.”

“Que todos os vossos órgãos internos e fecais se putrefaçam ao desprezar a ruína de seus semelhantes quando estiver em seus pestilentos leitos de morte, o mais nobre momento que têm essa raça. Que sua ruína e despedida deste inferno ante a parca negra e sem face nos cause delírios e comoções como quando se como o ópio das papaveráceas papoulas que embebedecem nossas visões.”

“Por ultimo: que vossos corações congelem como o Serafim treme nas fossas abissais da maldade e que seus olhos sequem como as dunas movediças do deserto ao contemplar a beleza dos meus atos hediondos, terrificantes nos meus olhos querúbicos e corrompidos, mostrando minha superioridade ante a vós. Pois eu sei disso, e vós não o sabeis. E se realmente não o sabes, lamento imensamente vossa esdrúxula existência, pois cá estou e sou mais cruel que vós.”

lord edu
Enviado por lord edu em 03/01/2008
Reeditado em 29/06/2020
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