O Vizinho Assassino

Jibril Rajoub se esforça pra ser um bom vizinho, apesar do outro lado não fazer o mesmo. Coloca o som num volume ensurdecedor; soca a parede-meia e muitas vezes deixa o lixo no passeio da casa de Jibril, que pacientemente o recolhe e deposita na lixeira. Como o vizinho não respondia ao seu cumprimento, Rajoub silenciou. Melhor deixar pra lá, até mesmo porque, o vizinho já demonstrou não querer a sua amizade.

Abner, esse é o nome do vizinho de Jibril, satisfeito ou não, com a calma de Rajoub, resolveu ir além, ao demolir o muro, sem ao menos consultá-lo. Poeira e entulho tomaram conta do lote de Jibril, que não disse nada. Mas observava atento. Sua paciência dava sinais de esgotamento. O conflito não tardaria chegar. Aconteceu quando Abner começou a reconstruir o muro. Avançou vinte centímetros no lote do vizinho. Jibril não se conteve: pegou uma picareta e colocou abaixo, a construção que se iniciava. A reação de Abner foi violenta. Quebrou as janelas da casa de Jibril, que respondeu com a picareta em punho, em direção de Abner, que sacou um revólver e deu tiro no peito de Rajoub, que caiu morto na hora.

É mais ou menos isso o que acontece na guerra entre Israel e Palestina, principalmente na faixa de Gaza.