O DESAPARECIMENTO DE MABEL ROUGE

Mabel Rouge nasceu em Nova Iorque em 1894, ela era garçonete quando foi descoberta pelo produtor e diretor de cinema D.W. Griffith em 1912.

Ela tornou-se uma grande estrela do cinema mudo, estrelando vários filmes até 1920, quando casou-se com Eliot Navarro, dono de uma indústria de cosméticos. A partir de então resolveu largar o cinema para dedicar-se aos negócios do marido, ela investiu parte de sua fortuna na fábrica que passou a ter o seu nome, MABEL ROUGE; filiais foram abertas por todo o país inclusive em Hollywood, tornando-se uma grande sensação entre as estrelas.

Os anos foram passando e a Mabel Rouge Cosméticos havia tornado-se a número 1 em toda a América do Norte. Todas as americanas sonhavam em tornar-se revendedoras desta grande e poderosa indústria, que havia aliado-se a outra grande e poderosa indústria, os estúdios de cinema.

Mas Mabel era uma visionária, queria inovar nas fórmulas de seus cosméticos tornando-se referência mundial, e, não demorou muito para esse dia chegar. Exatamente em 24 de julho de 1968 todos os noticiários divulgavam que a Mabel Rouge Cosméticos havia descoberto a fórmula mágica do pancake rejuvenescedor, o único em todo o mundo com o poder de sumir com as rugas e não apenas disfarçá-las, pois sua fórmula inovadora conseguia penetrar na epiderme, tratando as rugas de dentro para fora.

Todos os olhares estavam voltados para Mabel, principalmente os mais ambiciosos, e não demorou muito para que desaparecessem com ela.

Onde está Mabel Rouge? Esta era a pergunta que todos faziam, principalmente Eddie Spencer, um psicótico que jurava ser a reencarnação de Sherlock Holmes. Eddie ficou tão impressionado com o desaparecimento de Mabel, que passou a investigar seu vizinho Norman Harris, dono de uma funerária e antigo funcionário da Mabel Rouge Cosméticos.

Ele passou a vigiar a funerária dia e noite, mas isso não era o suficiente, pois se Norman havia sequestrado Mabel, ela estava muito bem escondida em algum lugar lá dentro no meio dos cadáveres, e poderia virar um deles a qualquer momento se não cooperasse com Norman, desta forma Eddie precisaria agir rápido e com muita cautela para que nada desse errado. O primeiro passo foi forjar a morte de sua esposa, Bonnie Spencer. Todos sabiam que Bonnie era cardíaca, portanto ninguém estranharia se seu coração parasse de repente. Eddie era veterinário, antes de ser aposentado devido a sua psicose, por isso conhecia inúmeros tranqüilizantes capazes de derrubar um cavalo...naquela noite, Spencer esperou Bonnie dormir e...aplicou-lhe uma injeção de dose cavalar e pronto...agora era só anunciar sua morte súbita e carregá-la para a funerária.

Eddie apertou a campanhia com o suposto cadáver nos braços e, no momento em que Norman abriu a porta, Eddie empurrou-lhe o falso cadáver e foi entrando.

- Aconteceu Norman. Minha querida Bonnie resolveu partir. Devo tudo a esta mulher, por isso não economize em nada e demore o tempo que quiser para transformá-la em um anjo, use o pancake que for necessário, eu pago. E por falar em pancake, você por acaso soube do desaparecimento de Mabel Rouge?

- Ora! É claro que sim Eddie, e quem por acaso na América não soube?

- Você acha que ela está viva, Norman?

- Confesso que não tenho o menor interesse por este assunto, Eddie.

- Mas você trabalhou para ela, não é mesmo?

- Isto foi a muito tempo, e agora chega dessa conversa, preciso levar Bonnie lá para baixo.

- Vou com você!

- Por mim tudo bem, se você não se importar com os outros cadáveres que lá estão.

- Cadáveres?

- Sim Eddie, cadáveres. Esqueceu que isto aqui é uma funerária?

- Ah! Sim, é claro!

Desceram as escadas que levavam até a sala onde Norman preparava os cadáveres.

Eddie nunca havia estado em um lugar daqueles antes, para falar a verdade ele não passava nem em frente da funerária, sempre atravessava a rua.

- Mas Norman...me conta sobre seu emprego na fábrica da Mabel.

- Porque está gritando Eddie, por acaso esta nervoso? Este lugar está te causando arrepios não é mesmo?

- Quem eu? Que mal um morto poderia me causar? Aiiii, será que você poderia puxar o lençol daquela senhora ali, parece que ela está nos observando.

- Quem? A senhora Brown? Fiz de tudo mas infelizmente não consegui fechar seus olhos, quando a trouxeram, o corpo já havia esfriado, não há nada que eu possa fazer.

- Que tal o pancake mágico de Mabel Rouge?

- Olha Eddie...você já está me irritando com essa história da Mabel...

- Calma! Se você não deve, não tem nada a temer!

- Agora já chega. Dê o fora daqui.

- Mas e Bonnie?

- Aviso-lhe quando terminar o serviço, enquanto isso vá esperar lá em cima.

- Tudo bem! Já estou indo – tem umas salas lá que precisam ser checadas.

Enquanto Eddie vasculhava todo o lugar em busca de Mabel...Norman maquilava Bonnie com a maestria de um artista e com o estojo de maquiagem comprado na Mabel Rouge Cosméticos.

- Pronto! Bonnie está pronta para o funeral. Norman subiu as escadas para avisar Eddie.

Mas onde ele estava? Enquanto Norman o procurava, Bonnie despertou de seu sono profundo e subiu as escadas ainda sentindo-se um pouco tonta e confusa. Parecia um zumbi, assim como Eddie errou na dose de calmantes, Norman também errou no pancake, exagerou na dose, deixando o rosto de Bonnie extremamente branco e repuxado, parecia uma boneca de cera.

- Eddie! Onde está você?Onde estou?O que está acontecendo?

Norman se depara com Bonnie e não acredita no que vê...sem ao menos gritar leva a mão ao coração e cai...morte súbita. Morreu acreditando que Bonnie era uma morta viva, e que não demoraria muito para que os outros cadáveres subissem as escadas.

Eddie apareceu, estava frustado, definitivamente Mabel não estava ali.

Chamaram a polícia para explicar toda aquela situação.

No dia seguinte todos os noticiários do país não falavam em outra, exceto que Mabel Rouge havia sido encontrada em antigo estúdio abandonado. Ela havia sido seqüestrada por Rondo Sullivan, produtor de filmes trashes.