Seduzido pela sedução

Prólogo:

volúpia, lascívia, luxúria, são sinônimos de sensualidade tendo implícita a embriaguez dos sentidos. Associar a sensualidade e a sedução à beleza é normalíssimo, principalmente quando se fala de imagens femininas. Como não pensar dessa forma quando se vê uma maçã cortada ao meio? Uma pêra madura? Há flores, como algumas orquídeas, que pela sua forma e beleza conseguem exercer o mesmo efeito, intensa fascnação, em quem as contempla. Para isso basta ter a imaginação aguçada.

Não fui capaz de resistir à sedução do encantador sorriso e trejeito sutil quando ela balançou a cabeça bem-feita, jogando os cabelos para trás do pescoço delicadamente fino, com a óbvia intenção de cativar pelo charme acentuado.

Ela apenas sussurrou o seu nome e estendeu a mão direita olhando-me fixamente entre os olhos plúmbeos, anormalmente soturnos. Sustentei o olhar, sentindo uma comichão inquietante entre minhas pernas. A pudicícia frustrou a inconveniência da ereção provocada de forma involuntária.

De repente, sem querer e mais querendo, pensei nas regras da sedução que certo dia eu escrevi em um texto meio escabroso, que não quis, ainda, na íntegra publicar. Aplicam-se principalmente às mulheres. Eram mais ou menos conselhos que diziam:

“O olhar é um dos mais fortes aliados da sedução, invista nele, através do olhar você consegue transmitir muitas emoções, desejos recônditos, atrevimentos apenas imaginados”;

“Movimente os cabelos quando você os mexer sensualmente ou quando você os tocar, colocando-os atrás da orelha, ajeitando uma franja sobre os olhos; a curiosidade, a ansiedade de você arrumar suas madeixas, fará você ser melhor notada, gulosamente desejada”;

“Uma cruzada de pernas, sensual, é uma forma de sedução muito forte. Claro que para isso você precisará de uma saia decente e vistosa, não minissaia. Não esqueça jamais: calças compridas e bermudas são uma indumentária eminentemente masculina”!

“Faça um melhor uso de sua boca. Homem e até mulheres gostam de sorriso malicioso, forma de movimentar os lábios, dar uma mordidinha no cantinho, tocá-los sutilmente com o dedo, e olhar com um olhar esconso sem nada ver para um lado qualquer”;

“Ao usar a voz seja natural, não force nada, fale calmamente, sinta a reação de quem lhe escuta. Quando estiver dizendo algo, diga olhando nos olhos de seu interlocutor e com um tom de voz um pouco mais baixo do normal, sibilante. Se for o caso sussurre”;

“Com a língua, muito sutilmente contorne em seus lábios, insinuando que você gostaria de ser beijada. Mas finja que fez sem querer e disfarce com um sorriso não menos cativante”.

“Se estiver em algum barzinho, ou algum lugar que você possa se levantar e ir ao toalete ande de uma forma sensual, movimentos bem lentos, sem bambolear ou empinar os quadris em excesso; faça todo o seu desejo aflorar com a força de um rio caudaloso descendo montanha abaixo”.

Enlevo, encantamento, fascinação, são também definições de sensualidade, e tudo isso podemos encontrar em pessoas não necessariamente belas, mas que têm postura, cheiro bom, toque acetinado, olhar maroto, riso provocante, forma simples de vestir, trejeitos, etc., que fazem despertar em nós o mesmo deleite e a correlata fome (gana, voracidade) com a vontade de comer.

Minha adorável desconhecida estava segura do que queria, não confundia sensualidade com vulgaridade, acreditava no seu poder de fascínio e sublime feminilidade. Por isso tudo sou imensamente grato. Tive a masculinidade presenteada quando fui seduzido pela sedução.