A Dieta

Achando-se gorda e que precisava urgentemente, de emagrecer, Sofia foi a um especialista. O médico, depois dos exames, tentou através de uma longa conversa, convencê-la de que não estava gorda e nem precisava de um regime para emagrecer. Ela saiu do consultório, desanimada, acreditando que nunca teria um corpo magro, esbelto e sensual.

Depois de ouvir suas queixas, uma amiga lhe receitou um remédio para tirar o apetite, uma dieta pobre em gorduras e doces, alem de lhe indicar uma academia para complementar o tratamento.

No dia seguinte ela iniciou a dieta. De manhã, tomou um café moderado e fez ginástica na academia, depois almoçou frugalmente. À noite, seguiu a risca a recomendação da amiga. Comeu pouco e tomou o remédio para controlar o apetite. Finalmente um sonho antigo estava sendo realizado

Um mês depois, foi á balança e não gostou do que viu. Havia emagrecido muito pouco. Impacientou-se. Decidiu então, mudar o tratamento por conta própria. Passou a comer apenas uma vez ao dia. E quanto ao medicamento, não se contentou com um comprimido, e tomou dois. Queria que o seu emagrecimento fosse mais rápido. E assim o fez durante uma semana. Ao ver o resultado não ficou muito satisfeita. Achando que o efeito do remédio ainda estava muito lento, a noite, resolveu tomar três comprimidos de uma só vez, queria emagrecer mais rápido.

Despertou-se no meio da madrugada sentindo que alguma coisa caminhava pelo seu corpo e a atacava com ferroadas. Sobressaltada, acendeu a luz. Anda pelo quarto, vai ao banheiro lava os braços, esfregando-os bem, se vê no espelho e se desespera com a intensa coceira que tomou conta do seu corpo. Não sabe como agir. Olha seus braços e as pernas e vê dezenas de insetos minúsculos a devorar-lhe a pele. Começou a gritar.

O marido acordou. Assustado, ouviu dela uma queixa angustiada, de que estava sendo devorada por milhares de insetos. Eles começaram atacá-la pelos braços e agora se espalhavam pelo corpo. Ele, cuidadosamente, examinou seus braços e pernas, tentando julgar se o horror estampado no seu rosto era justificado ou não, mas não encontrou nada a lhe devorar a pele. Não havia nenhum inseto. Não havia nada para compor o medo e o pavor que ela demonstrava naquele momento. Não havia nem ao menos um ferimento, por menor que fosse, para explicar o desespero dela, a não ser alguns arranhões que ela mesma fizera quando se coçava.

Preocupou-se, quando ela chorando, insistia em dizer que estava sendo devorada por insetos minúsculos. Ele examinava o local apontado e não via nada. Concluiu que ela estava dominada por uma imaginação paranóica.

Para ela, aquilo era muito real para ser apenas produto de sua imaginação. Desesperada saiu do quarto e foi à cozinha. Pegou uma faca e começou a se furar. Primeiro os braços, depois as pernas, numa tentativa desesperada de se livrar daqueles bichinhos devoradores de pele humana.

O dia chegou mansinho. O sol foi aparecendo no horizonte avermelhado, quando ela foi transportada para num hospital psiquiátrico, onde foi internada e passou seis meses, recebendo tratamento adequado.

No carro, de volta para casa, ela prometeu ao marido nunca mais fazer dieta para emagrecer. Mas, não queria continuar gorda, por isso, no dia seguinte, marcaria uma consulta com um medico especialista em cirurgia de redução do estômago.