Uma padre ateu.

O enterro dos santos

Padre Jorge Amâncio, um intelectual, um filósofo honesto; já como padre um hipócrita, um descrente total, do seu próprio discurso de fé que professava e público. Em sua primeira designação para o interior do Brasil, foi mandado para uma cidade de Minas Gerais, Uruanã, uma cidade de pouco mais de três mil habitantes. Que na sua totalidade eram católicos praticantes, nesta cidade, e neste tempo, os padres atuavam como professores e juízes, além de sacerdotes. Esta cidadela tivera como líder espiritual por trinta anos, o seu antecessor, o padre Antônio dos santos, um verdadeiro santo, segundo os seus paroquianos, que lhe devotava a atenção e a honra de um rei. Tudo era lei, e tudo o que ensinava verdades imutáveis. Todas as mulheres lhe obedeciam em assuntos domésticos e em obrigações filantrópicas, liderava um verdadeiro exército de salvação, a tropa da caridade, como era conhecida.

Ao morrer o padre bondoso, fica a cidade inteira de luto, e órfã, sem aquele que era o encaminhador das boas almas para a morada celeste. O Padre morto deixou um legado singular: uma geração de novos crentes, e os velhos com uma fé inquebrantável. Todos eram de fato bons cristãos. Tudo mudaria com a presença do novo e austero paroquiano. Chegando à cidade, no mesmo dia que assumira sua posição de grande líder, de pastor das ovelhas do Cristo, chocou seus fiéis com uma medida um tanto incomum: dispensou seus coroinhas, dois jovens que fora os últimos ajudantes do padre morto. O padre alegou que doravante escolheria ele próprio os novos rapazes para serem seus ajudantes, não queria nada que fora do antigo sacerdote, exceto as honras e o prestígio que lhe era devido. Isso por si só, não foi algo muito cristão segundo os bons moradores do lugar, que achavam que os rapazes precisavam de mais da ninharia que recebiam para bajular o homem santo.

Na manhã seguinte, veio uma das beatas da vila lhe implorar, que não demitisse os bons rapazes, pois o antigo padre tinha por eles grande apreço. Tudo em vão, o padre sequer ouviu a velhota, mandou que ela fosse cuidar da sua vida, que da paróquia cuidava ele...

Na casa contígua à igreja, morava uma zeladora, ou empregada, uma velha solteirona que fazia comida e lavava as roupas dos padres em atividade na cidade. Era a senhora Benedita, uma mulher forte que com mais de meio século não demonstrava cansaço, trabalhara a vida inteira para a igreja.

Esta senhora fora abandonada no altar por um noivo que no dia do seu casamento descobriu que ela o traia com o ajudante deste antigo padre morto. Na frente conto sua história. Recebeu o novo padre cortesmente, apesar da sua aparência sombria, e da explicita arrogância. Não deu muita importância para seu jeito audaz e injusto, que era sem dúvida estranho aos seus olhos, e para a maioria dos habitantes que esperavam a qualquer momento as novidades do mais novo enviado de Deus.

A igreja era pobre, porém, pela generosidade dos aldeões e de pequenos fazendeiros, não lhe faltava nada, de fato, não era nada vulgar a vida de um padre em sentido material. Tinha todos aos seus pés, e iguarias de toda sorte, que vinha para a sua mesa farta. Cultivava uma boa roça que produzia de tudo, tinha também um curral cheio de cabras, e algumas vacas de leite, enfim, era um luxo ser padre, além da honra e do poder político que desfrutava em uma cidade emancipada, onde o padre em seus sermões indicava quem seria o novo prefeito, que, com efeito, todo povo lhe obedecia em todo sentido, ninguém queria a poderosa igreja como rival.

A casa era grande, no estilo colonial, casa de fazenda que fora construída, por preço de ouro, para impor a autoridade do clero no tempo de ouro dos donos do poder absoluto, os portugueses. O Padre em questão, também era português e não demonstrava muito apreço por seus paroquianos, viera da Alemanha, onde estudara nas grandes escolas católicas, respirava a filosofia nietzscheniana, contrária à teologia vigente. Tinha uma mentalidade de supremacia, achava que a fraqueza dos homens era de fato, o perdão a misericórdia. O padre tinha, portanto, uma atitude um tanto distante do cristianismo popular, ou original. A escola que usufruía as graças da igreja estaria com seus dias contados. Com a chegada de um novo professor, que seria também o novo padre, boa era a expectativa de novidades, pois o velho padre já não dava mais conta de lecionar, quando morrera...

Tinham na escola duas turmas distintas, em idade e grau de escolaridade. Esperava-se que o novo professor lhes trouxesse novas descobertas culturais. Na segunda-feira, todos os alunos apostos, às sete da manhã, entra o novo professor-padre para ministrar sua primeira aula aos seus ansiosos discípulos, em uma sala com apenas quinze lugares, para mais de trinta alunos.

-Então, como estão meus alunos intrépidos - diz o filósofo Padre...

-Bom dia padre - diz os alunos em uníssono. Embora não entendessem o palavrão que acabaram de ouvir.

-Bom dia, porém, aqui sou apenas professor tudo bem?

-Tudo bem! - Outra vez respondem no mesmo tom de curiosidade e satisfação.

-Quero fazer algo diferente com vocês hoje! Separarei vocês por idade mental, e para isso vou fazer um psicotécnico.

-Como Assim professor? - diz o José Francisco - um jovem de doze anos de idade, que representava menos de oito mentalmente; uma criança desnutrida, filho de agregados, escravos de fazenda da vizinhança da cidade.

-Calma! Vamos com calma, explicarei tudo devagarzinho, farei uma prova para classificar duas turmas, então teremos uma sala superior, os mais inteligentes ficarão juntos, e os menos também ficarão em outra turma de igual idade mental, entenderem?

-Como será então esta prova padre? – pergunta uma menina moça de quinze nos, uma jovem brejeira de semblante pálido, corada de vergonha do novo mestre, que causava receio a qualquer pessoa comum, tamanha era a firmeza da postura nobre.

-Quero que venham, um a um, aqui na frente, e digam seus nomes, depois escrevam no quadro, então saberei separá-los por idade mental! Quem vai ser o primeiro? Espero que seja um homem!

-Eu vou primeiro! – diz a Lucimar, a moça pálida. Então na frente de todos diz seu nome:

–Eu me chamo Lucimar das Dores! Em seguida escreve no quadro escuro com uma clareza e com uma firmeza imprevista.

O padre, digo o professor, analisa as linhas, a coordenação motora da jovem, e anota sua nota máxima em um caderno que se encontrava em sua mesa em secreto.

-Quem vai ser o próximo? - Cadê os homens desta sala?

-Eu! - Diz um rapaz de olhar frio e carrancudo, encarando o padre novo.

-Me chamo Antônio Carlos. Depois escreveu seu nome com certa dificuldade na lousa negra de granito europeu!

O professor repete a mesma ação de classificação mental em seu caderno secreto. Em uma seqüência de atitudes não esperada, faz ele sua seleção natural, dos que devia viver, digo aprender algo novo, um ensino superior. Separando apenas dez crianças com potencial entre trinta, sobraram vinte que não conseguiram acompanhar os demais... Então dispensa os vinte para voltarem à tarde. Uma vez que fora organizada a nova classe, faltava saber o que estudariam os seus novos discípulos.

-Vocês agora fazem parte de uma turma de elite, os eleitos para uma supremacia, serão meus alunos especiais, aprenderão tudo que eu sei latim, alemão, inglês, e, sobretudo, filosofia, enfim, serão de fato os sábios do futuro, serão como eu, professores. Dominarão toda sabedoria que domino e as dos livros que trago comigo para instruir vocês...

Entre todos os novos escolhidos para serem superiores havia apenas uma mulher, a mocinha Lucimar, o resto eram varões jovens, que seriam seus protegidos, todos ficariam agora com ele, morando em sua casa, pois o ensino ao qual seriam submetidos não poderia ser conhecido nos mínimos detalhes pelos os moradores comuns do lugar. Os rapazes também lhe auxiliariam nos rituais sacerdotais. A moça ficava só durante o dia, à noite ela voltava para casa para não levantarem suspeitas sobre sua conduta e moral.

À noite foi providenciadas acomodações para todos os pupilos que seriam os queridinhos do Padre Amâncio, um padre deveras às avessas. Qual era mesmo objetivo deste cuidado com os jovens? E a moça, por que fora escolhida entre tantos outros meninos? Não se entendia bem, este modelo didático do novo padre-professor. Porém, na cidade ninguém se atreveu a contestar a sua atitude, muito menos levantar suspeita sobre seu real propósito. Os moradores, sobretudo, os pais dos garotos, esperavam ver em breve este fato esclarecido. Enquanto isso era só esperar e confiar nas intenções da santa madre igreja.

Ainda à noite, o padre acorda seus pupilos, agora só os homens, para uma lição noturna. Leva-os para dentro da igreja para lhes mostrarem algo. Depois de acender todas as luzes pergunta para os sonolentos discípulos:

-Que pensam vocês sobre estas imagens? O que elas representam para cada um? Quero ouvir de forma clara o que pensam a respeito de toda esta legião de santos que temos aqui, vocês sabem, o nome de cada, um para que servem?

As crianças atordoadas, algumas assustadas, não sabiam por onde começar. Até que um intrépido e fiel católico responde:

-Sim padre eu posso dizer o que estes santos representam e para que servem!

-Então diga meu bom rapaz! Você é o Francisco?

-Sim sou! Minha mãe me botou este nome por causa do Francisco de Assis, dizia ela que, ele foi um santo, um homem muito bom que ajudava os pobres...

-E você sabe quem é ele entre todos que aqui estão?

-Sim! É aquele ali!

-Você conhece sua história?

-Sim!

-Então conte para toda turma!

- São Francisco nasceu em Assis, Itália, em 1182, filho de rico mercador italiano e de uma nobre francesa, amável e piedosa. Ignora-se o dia de seu nascimento. Pela vontade do pai, Pedro Bernardone, Francisco deveria dedicar-se também à carreira comercial. Antes de sua conversão, participou ativamente como soldado quando Assis foi atacada pelos alemães. Posteriormente, participou nas expedições de Assis contra Perugia e contra a região da Púglia. Nessas ocasiões, Francisco tinha como missão destruir os obstáculos que os adversários interpunham à progressão das forças de Assis e construir meios para que suas tropas, ultrapassados os obstáculos, prosseguissem em sua marcha.

Terminado este período de guerras, Francisco decidiu, então, mudar de vida, desfazendo-se de seus bens materiais e de tudo aquilo que era mundano, ao que, até então, ele devotara todo o seu empenho.

Abraça, então, a mais absoluta pobreza como sua companheira de vida, juntamente a humildade no trato com os outros, como sua norma de vida. A ele, aos poucos, juntaram-se outros companheiros e, em 1209, em Roma, o Papa Inocêncio III aprova a nova Ordem Religiosa. Francisco e companheiros fizeram então, diante do Papa, seus votos solenes, e Francisco é nomeado Primeiro Geral da nova Ordem Religiosa. Esta foi a origem dos Franciscanos, hoje divididos em várias famílias religiosas masculinas e femininas.

Conhecida foi também a atuação de Francisco na quinta Cruzada, durante a qual, por não terem ouvido seus conselhos experientes nas coisas de guerra, no cerco de Damieta, cidade do Vale do Nilo (Egito), os comandantes cristãos sofreram clamorosa derrota. Foi homem de fé consumada. Via sem véus, nitidamente, as belezas da criação e seu ascendente inconfundível até ao Criador. Foi cantor e poeta da natureza e das almas, as obras primas de Deus.

Fez-se soldado e guerreiro para defender sua Assis, quando atacada pelas forças germânicas; participou também das expedições de Assis contra Perugia e depois contra a Púglia. Participou ativamente da destruição das obras germânicas quando assediaram Assis e das fortificações de sua cidade. Reparou e construiu também templos e conventos, escorando com o peito a Igreja-Mãe. Por essas razões, muito justamente ufana-se os Engenheiros Militares em ter São Francisco de Assis como seu Padroeiro.

Um exército em marcha não alcança o inimigo sem varrer os obstáculos que o precedem e só detém o adversário superior, opondo-lhe tropeços, armadilhas e fortificações. Foi assim que atuou Francisco não só antes, com mais intensidade, é verdade, mas também depois de sua conversão Destruiu obstáculos, construiu obras de defesa e comunicações, impondo-se como exemplo a sapadores e pontoneiros. Morreu na tarde de 03 de outubro de 1226 e sua festa litúrgica é celebrada em 04 de outubro.”

-Muito bem! Vejo que sabe a origem da sua mentira!

-Como mentira? - falou o garoto com ar de indignação.

-Sim! Mentira! Não é mentira que ele existiu, porém, esta história de santo, foi inventada depois pela igreja que não o aceitou em quanto vivo. Vocês acreditam em mim ou em seus pais ignorantes que nunca foram à escola? Porque se não acreditarem em mim, dispenso todos vocês para morrerem burros como os vossos pais.

Esta ameaça calou a boca, e a mente de todos os garotos, agora dependentes do mestre um tanto incomum...

-Pois bem, vamos continuar nossa aula de religião! - diz o professor com ar resoluto, ignorando o pavor das crianças, quanto ao seu modo estranho de pregar o cristianismo.

-Vamos! E você Antônio, sabe por ventura quem é aquele santo ali? Com um filho nos braços?

-Sim! Sei, é o santo Antônio o padroeiro da nossa cidade.

-Certo! Sabe quem foi ele?

- Ele foi Protetor dos pobres, e auxilia na busca de objetos ou pessoas perdidas, um amigo nas causas do coração. Santo Antônio de Pádua, frei franciscano português, que trocou o conforto de uma abastada família burguesa pela vida religiosa. Contam os livros que o santo nasceu em Lisboa, em 15 de agosto de 1195, e recebeu no batismo o nome de Fernando. Ele era o único herdeiro de Martinho, nobre pertencente ao clã dos Bulhões y Taveira de Azevedo. Sua infância foi tranqüila, sem maiores emoções, até que resolveu optar pelo hábito. A escolha recaiu sobre a ordem de Santo Agostinho. Os primeiros oito anos de vida do jovem frei, passados nas cidades de Lisboa e Coimbra, foram dedicados ao estudo. Nesse período, nada desde os tratados teológicos e científicos às Sagradas Escrituras. Sua cultura geral e religiosa era tamanha que alguns dos colegas não hesitavam em chamá-lo de "Arca do Testamento.

Reservado Fernando preferia a solidão das bibliotecas e dos oratórios às discussões religiosas. Bem, pelo menos até um grupo de franciscanos cruzar seu caminho. O encontro, por acaso, numa das ruas de Coimbra marcou-o para sempre. Eles eram jovens diferentes, que traziam nos olhos um brilho desconhecido. Seguiam para o Marrocos, na África, onde pretendiam pregar a Palavra de Deus e viver entre os sarracenos. A experiência costumava ser trágica. E daquela vez não foi diferente. Como a maioria dos antecessores, nenhum dos religiosos retornou com vida. Depois de testemunhar a coragem dos jovens frades, Fernando decidiu entrar para a Ordem Franciscana e adotar o nome de Antônio, numa homenagem à Santo Antão. Disposto a se tornar um mártir, ele partiu para o Marrocos, mas logo após aportar no continente africano, Antônio contraiu uma febre, ficou tão doente que foi obrigado a voltar para a casa. Mais uma vez, os céus lhe reservava novas surpresas. Uma forte tempestade obrigou seu barco a aportar na Sicília, no sul da Itália. Aos poucos, recuperou a saúde e concebeu um novo plano: decidiu participar da assembléia geral da ordem em Assis, em 1221, e deste modo conheceu São Francisco pessoalmente.

É difícil imaginar a emoção de Santo Antônio ao encontrar seu mestre e inspirador, um homem que falava com os bichos e recebeu as chagas do próprio Cristo. Infelizmente, não há registros deste momento tão particular da história do Cristianismo. Sabe-se apenas que os dois santos se aproximaram mais tarde, quando o frei português começou a realizar as primeiras pregações. E que pregações! Santo Antônio era um orador inspirado. Suas pregações eram tão disputadas que chegavam a alterar a rotina das cidades, provocando o fechamento adiantado dos estabelecimentos comerciais. De pregação em pregação, de povoado em povoado, o santo chegou a Pádua. Lá, converteu um grande número de pessoas com seus atos e suas palavras. Foi para esta cidade que ele pediu que o levassem quando seu estado de saúde piorou, em junho de 1231. Santo Antônio, porém, não resistiu ao esforço e morreu no dia 13, no convento de Santa Maria de Arcella, às portas da cidade que batizou de "casa espiritual". Tinha apenas 36 anos de idade.

O pedido do religioso foi atendido dias depois, com seu enterro na Igreja de Santa Maria Mãe de Deus. Anos depois, seus restos foram transferidos para a enorme basílica, em Pádua. O processo de canonização de frei Antônio encabeça a lista dos mais rápidos de toda a história. Foi aberto meses depois de sua morte, durante o pontificado de Papa Gregório IX, e durou menos de ano.

Graças a sua dedicação aos humildes, Santo Antônio foi eleito pelo povo o protetor dos pobres. Transformou-se num dos filhos mais amados da Igreja, um porto seguro a qual todos – sem exceção – podem recorrer. Uma das tradições mais antigas em sua homenagem é, justamente, a distribuição de pães aos necessitados e àqueles que desejam proteção em suas casas.

Homem de oração, Santo Antônio se tornou santo porque dedicou toda a sua vida para os mais pobres e para o serviço de Deus. Diversos fatos marcaram a vida deste santo, mas um em especial era a devoção a Maria. Em sua pregação, em sua vida a figura materna de Maria estava presente. Santo Antônio encontrava em Maria além do conforto a inspiração de vida. O seu culto, que tem sido ao longo dos séculos objeto de grande devoção popular é difundido por todo o mundo através da missionação e miscigenado com outras culturas (nomeadamente Afro-Brasileiras e Indo-Portuguesas).

Santo Antônio torna-se um dos santos de maior devoção de todos os povos e sem dúvida o primeiro português com projeção universal. De Lisboa ou de Pádua, é por excelência o Santo "milagreiro", "casamenteiro", do "responso" e do Menino Jesus. Padroeiro dos pobres é invocado também para o encontro de objetos perdidos. Sobre seu túmulo, em Pádua, foi construída a basílica a ele dedicada.”

-Parabéns! Muito bom, Antônio percebi que sabe deveras, de onde procede toda farsa da igreja; esta a maior heresia que os donos dos santos já maquinaram. Mas, me diga onde aprendeu tudo isso?

-O padre Antônio, que tinha o mesmo nome que eu, sabia tudo sobre meu santo, que era o mesmo dele... E me fez decorar todo este discurso, como dizia ele, à maneira dos antigos filósofos como Socrares que sabia todas as coisas de cor.

-Que piada! Agora me respondam quem souber; que acham vocês é um homem capaz de santificar outro homem? Sim ou não? Vamos falem o que pensam, ou vocês não pensam? Será que eu me enganei com todos vocês?

-Eu acho que sim, desde que se faça uma pesquisa para ver se tal homem é ou foi mesmo santo – diz o Gilberto, o mais concentrado da turma.

-Muito bem Gilberto! Até que fim, alguém que tem firmeza ao falar, pena que não há santo com seu nome! Então vamos pensar juntos; quem vocês escolheriam para se tornar santo, aqui na cidade de vocês?

-Minha avó. - diz o Jorge Fernando.

-Tá bom! Como vamos começar para santificá-la? Vamos abrir um processo para que ela seja aceita pela igreja como santa. Você vai a partir de amanhã me trazer documentos depoimento de pessoas que a conheceram bem, que possam testemunhar a seu favor, como ela realmente era boa, uma santa mulher. Mas não esqueça a igreja neste caso, de santo pobre ela exige pelo menos dois milagres, depois que o santo tenha morrido, sabiam disso? Porém, antes disso, me conte por que acha que ela é, ou poderia vir a ser santa?

-Não sei, é minha mãe quem conta que ela era muito boa e que ajudava todos que precisavam dela. Ela era parteira, trouxe ao mundo muita gente desta cidade...

-Só isso? Acha mesmo que alguém pode ser santo, só porque ajudaram a nascer pessoas pobres que, se tivessem morrido ao tentar nascer, não estariam aqui sofrendo como estão? Esqueçam o que ouviram até aqui vou mostrar para vocês o ouro lado da moeda!

continua....

Evan do Carmo
Enviado por Evan do Carmo em 04/08/2009
Reeditado em 23/09/2009
Código do texto: T1736268