Conto da vida

O sol veio acalentar o dia, o céu azul esperava atitudes, o vento nem espreguiçava. As vontades estavam sonâmbulas. E solitária numa manhã de domingo, aonde o café era ardente e quente com torradas e mel, as sensações do dia eram de pura melancolia.

Reagia e colocava o biquíni minúsculo e amarelo com flores coloridas, alegrava o corpo com a possibilidade de quem sabe ir de encontro do meio ambiente. A praia estava lá do outro lado do morro, o terraço era só feito de um silêncio ao despertar os pássaros, e quando da bica abria-se a água fria, eles piavam. A Carioca também tem dias solitários. E estar aqui ou acolá na praia, esse dia, seria como que cercada por desconhecidos. E preferiu o acerto do tempo que nem passava. A cadeira estendida ao corpo que debruçado ficou a deitar-se com o sol. Mas como todos os domingos, o helicóptero não parava de ir e vir, como a expiar ou ir a praia vistoriar o horizonte. Sempre existem possibilidades adversas,novas estórias, e na Tijuca, aonde vivem pessoas cercadas de morros, tão lindos os morros... O Cristo que era só na imaginação, e os prédios desertos na manhã dirigente e linda de agosto. Ao abrir os olhos, a poeira do ar parecia mover-se. E será que teria tomado muito sol? E correu para beber a água gelada. Caminhou para olhar novamente o céu, e continuar a ver algo se movendo, aproximando e descendo. Era mais um dia de existência e porque tanto brilho? Ela não estava de óculos e enxergava cada vez menos, é verdade. Mas algo de muito brilhante caia do céu e verdadeiramente sobre ela. E quando percebeu ao seu lado no chão, já vários papéis laminados picados em queda do céu. Eram quadradinhos cortados e jogados sobre ela do helicóptero? - Só poderia ser. E iluminando a sua manhã de solidão, sentiu (uma princesa, uma estrela, um trevo de quatro folhas) e sorriu ao horizonte, agradeceu a Deus, ao Homem que passara e transformou a sua manhã numa verdadeira manhã de luz e paz. E esse momento seria perpetuado para sempre nesse conto inesquecível. -Agradeço!

Diana Balis, Rio de Janeiro, 3 de agosto de 2010.