REFLEXÕES NAS ALTURAS (insólitas)

REFLEXÕES NAS ALTURAS e OUTRAS CONSIDERAÇÕES

(MAIS UM MASHUP)

1- Nós podemos expandir a nossa consciência para a percepção da onipresença. Oniausência nem pensar, desde que estejamos abertos para isto, fechados para aquilo e para aquilo outro também e não adormecidos pela consciência individual, que isto fique bem claro! Se não ficou, leia de novo, mas acenda previamente a luz para ler no claro, pelo menos...

2- Para compreender a meditação precisamos saber como funciona a nossa mente. Como não sabemos nunca como ela funciona, nunca vamos compreender a meditação. Quando estamos meditando o que acontece dentro de nós? Já parou para pensar nisso? Porque, se parado já é difícil, pensar nisso andando é praticamente impossível. Em qualquer situação que você esteja agora, o que está pensando? Por onde vagam os seus pensamentos? Em busca de vagas? Que emoções está sentindo? Está ouvindo “Emoções” do Roberto Carlos? Turbilhões de pensamentos, vozes alimentadas por condicionamentos, desejos e emoções, tagarelam histórias passadas que já foram e projeções futuras que ainda não foram, ilusões que, igualmente não existem no momento presente, só no momento ausente. E, dessa maneira, milhões e milhões de indivíduos são levados pela mente mecânica e pela mente elétrica, se identificam com elas e se tornam escravos de si mesmos (coisa assim meio de doido) perdendo a chance de descobrir as suas essências verdadeiras, ou mesmo as essências mentirosas, de serem felizes neste instante e abrindo a possibilidade de serem infelizes em outro instante qualquer. A lição parece simples mais é essa simplicidade que se torna tão complicada para nós. É quando deixamos de ser a forma, os conceitos, a história e passamos a observar o desvelar da existência que experimentamos a verdadeira liberdade e simplesmente somos. Parece mas não é simples, é, principalmente, muito confuso.

3- Escalada em alta montanha e trepada em alta mulher na alta montanha escalada, para quem não conhece, são as escaladas relacionadas com a altitude, geralmente acima dos 4.000 metros em se tratando de montanhas e mais de 1,80 m em se tratando de mulher - ambas alturas medidas em relação ao nível do mar. Quanto maior a altitude, mais rarefeito torna-se o ar, ou seja, menos oxigênio disponível. Portanto, maior será a dificuldade do organismo em absorvê-lo e isso acaba tornando a escalada e a trepada exaustivas, difíceis mesmo, colocando o indivíduo à prova de si mesmo, seja lá o que isso for. Assim, é necessário uma boa preparação física e um período de aclimatação repleto de muita paciência, persistência, perseverança e viagraterapia.

4- Foi escalando montanhas que despertei para uma nova consciência. Percebi o momento presente em cada escalada e o tempo parecia não existir. Creio que me senti assim devido aos efeitos da bebida. Quando subia uma montanha, bêbado, eu simplesmente era, simplesmente estava e simplesmente tinha tudo o que precisava naquele momento e me veio uma vontade louca de usar a palavra simplesmente. A partir deste contato tão intenso com a natureza e com a minha própria natureza e de, porre, fui em busca de compreensão. Por que bebi tanto? A meditação me ensinou a cada instante a enxergar a vida com plenitude, isso se eu usar os devidos óculos.

5- Fiz uma viagem ao exterior para conhecer um outro país, uma outra cultura, outros tipos de escalada e de mulher, pois até então só havia escalado em rocha e nunca em gelo, nem em alta montanha, nem trepado em alta mulher nesse local. Fui até uma montanha muito majestosa e bela com uma majestosa e bela gata. Fazia um dia meio fechado quando chegamos ao acampamento, porém, o dia seguinte já estava maravilhoso. Fizemos alguns exercícios no gelo e no terceiro dia seguimos até o acampamento a 5.130 metros de altitude, onde iríamos trepar, dormir e sair de madrugada para tentar o cume. Não consegui dormir direito, foi uma sensação muito estranha, mas me mantive calmo. Dentro do meu saco de dormir e ela não largava o meu saco dentro do saco e eu pensava: o que estamos fazendo aqui? E isso sempre passa pela cabeça quando estou fora da minha zona de conforto. E ficar no desconforto é mesmo uma zona.Mas estava concentrado no meu objetivo, que não era de chegar ao cume e ao clímax do prazer sexual, isso seria uma conseqüência, o objetivo maior era aproveitar ao máximo aquela escalada e a trepada naquele momento. Para isso precisava acalmar as vozes na minha cabeça que estavam indignadas com a situação, assim como militantes do PT em greve, mas no fundo a vozes sabiam o quanto àquela experiência era importante.

Eram 2 horas da manhã, hora de levantar e se vestir as roupas para sair às 3 horas. O vento continuava uivando e a minha gata também, ainda uivava de prazer sem parar. E assim que abrimos a porta para sair, pareceu mágica, o vento parou. Mais confiante, segui escalando. Tudo que fazemos na altitude demanda muita energia e acredite se quiser, até comer é um grande esforço, mesmo a mais tentadora mulher.

A subida levou mais ou menos, se me recordo bem, umas 9 horas, se me recordo mal, digamos, umas 15 horas. E chegando ao cume, a sensação mais importante deste relato, o motivo que me fez escrever tudo isto. Eu sentei e ao olhar em volta tive poucos minutos de contemplação, talvez segundos, mas aquilo era tudo e ao mesmo tempo nada - o silêncio harmonioso, impossível de ser descrito em palavras, talvez por gestos, porque as palavras limitariam a grandeza daquele momento.

E assim, logo depois deste estado de graça, meio sem graça, penseicomo voltar... que desgraça... e senti brotar no vazio um primeiro pensamento: e agora? Um vazio do segundo pensamento? Ou simplesmente vazio, sem pensamento algum? Comecei a rir de tanta palhaçada em vão que nem acreditava que estava ali, parecia um sonho do qual não queria acordar tão cedo, talvez mais tarde, porque acordar cedo não é legal. Somos interligados com o universo, por algo muito maior, talvez um mega universo, tudo está interconectado e sozinhos não fazemos nada, a não ser sexo solitário, principalmente se a internet estiver fora do ar. Pude sentir nitidamente tudo isso ao chegar onde cheguei naquele dia.

6- Ao regressar à cidade, olhava para tudo com outros olhos, não porque eu tivesse feito uma plástica, mas sim porque estava usando óculos novos. Observava as pessoas nas ruas (estranho deviam estar nas calçadas), os carros, os prédios e as casas, toda aquela situação de vida em que muitas vezes acreditamos ser a única maneira de viver. Chegando ao hotel, tinha banho quente, banheiro, comida, cama macia com alta mulher tudo a qualquer hora e com direito a um ambiente climatizado, e até uma mulher não tão alta caso solicitasse na portaria, com ar quente, sem passar frio. Ou seja, coisas básicas da vida civilizada. Eu observava tudo aquilo com profunda gratidão por cada instante, como fui me meter numa fria dessas... , por cada sensação e pela oportunidade de estar ali, aproveitando o que nos é mais valioso, o momento presente, até porque o ausente nem chega a ser momento.

7- Mas não é preciso escalar uma montanha e ali trepar para viver e gozar com plenitude. Aliás, o nosso maior desafio é manter essa consciência, é trazer para as tarefas e trepadas mais simples do dia-a-dia essa lição. Nada justifica sair doidamente escalando por aí.... É aceitar a condição de aprendizes e se entregar com gratidão a essa manifestação dos nossos hormônios, que dizem ser divina. Confuso isso, não? E que a essência que há em mim, de baunilha ou de outro sabor qualquer, possa saudar e também reconhecer a essência presente em você, e não se fala mais nisso.