EU SOU A MILENA.

 

 

                        

Um contato sobrenatural ou tetradimensional.

 

 

 

Advertência!

 

 

Este conto foi escrito baseado em fatos reais, muito embora, a sua ocorrência tenha a sua manifestação calcada em sonhos, fatos levantados do inconsciente.

Por isso, muita cautela ao lê-lo, ele é verossímil somente àqueles que acreditam na imponderabilidade, em vidas passadas ou, vestígios trazidos de tempos pretéritos através de uma memória genética.

Como disse o Doutor Carl Gustav Jung, temos em nosso interior um desconhecido e só falamos com ele por meio dos sonhos.

Quem saberá?

 

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Essa mulher que aparece nos meus sonhos com muita freqüência, eu não sei realmente se é um anjo da guarda, um espírito protetor ou, quem sabe, a força anímica emanada de um ser vivente, o qual me rodeia de forma persistente parecendo estar à minha procura.

Lembro-me muito bem da sua fisionomia, se é que se pode dizer assim, pois está sempre presente de forma dócil e protetora, insinuando-me, às vezes, algo parecido com uma sedução, não uma sedução carnal, antes um envolvimento idílico e místico.

Essa mulher não existe de fato na minha realidade de todos os dias, no entanto, ela se apresenta mais real do que eu mesmo e a própria realidade.

A força subjetiva emanada dessa mulher leva-me a raros momentos de ternura, quando em meus sonhos ela cisma em me perseguir de uma forma estranha, com um olhar penetrante, envolvendo-me com uma terna suavidade, com uma indizível paz, e com um amor sublime por demais encantador.

O primeiro contato ocorrido com esse ser foi por volta do ano de 1984, quando em sonho, estava eu num campo de batalha, num lugar que eu não conhecia, foi onde se travou o nosso primeiro e inédito encontro.

Jazia perambulando pelo local à procura de um lugar seguro, um abrigo para me proteger das bombas e dos tiros das metralhadoras que vomitavam balas, num feroz combate entre inimigos invisíveis e desconhecidos que eu não os percebia.

Depois de passado algum tempo vagueando pelos campos que circundavam aquele vilarejo, observei que para um determinado lugar, as pessoas corriam às pressas, em busca de um lugar seguro que se encontrava distante a alguns metros.

Sem pensar duas vezes, também corri para aquele ponto a fim de abrigar-me.

Qual não foi o meu espanto quando, também eu ali, entrei eufórico e nervoso, justamente naquele abrigo, que mais se parecia com uma trincheira abandonada.

Ali me deparei, ainda estarrecido e cansado ao lado de uma moça loira e linda que, por certo, ali, também se abrigara.

Vinda eu não sei de onde, com certeza para proteger-se naquela escavação ou trincheira que, até então, nos servia de proteção.

Um lugar seguro das bombas e das balas sibilantes.

Foi nesse momento e nessa trincheira velha, onde também se encontravam mais pessoas que se formalizou a nossa primeira apresentação de forma atípica, até então desconhecida da minha realidade.

Ela simplesmente tomou a iniciativa e apresentou-se de maneira simples e assustada, dizendo-me assim:

 

Eu sou a Milena!

 

Nesse momento me acordei um tanto confuso, de certo modo, até contrariado por haver terminado o sonho.

Tive a impressão rápida de que havia contatado um ser que não me era desconhecido totalmente.

Havia algo de familiar nesse primeiro encontro, como se fosse alguém já conhecido em remotas eras, talvez em vidas passadas, pois ela me induziu a pensar dessa forma.

Recordo-me muito bem disso.

Passaram-se alguns meses desse ocorrido e indizível encontro, para em ato continuo suceder algo mais estranho e inadmissível que se possa imaginar.

Certo dia, quando levava os meus dois filhos para o jardim de infância, jardim esse, mantido pelos Irmãos Maristas em Criciúma-SC.

Ao chegar ao jardim deixei o Juninho, assim era chamado pelo apelido familiar, pois o seu nome é Heráclito.

E o Guilherme, esse não tinha apelido e contava nessa época com cinco anos de idade, assim, deixei-o em outra ala do colégio.

Logo em seguida após a entrega dos dois, vi o Guilherme voltando para o carro, estava chorando.

É que ele havia esquecido a lancheira, ato contínuo, fi-lo voltar para a sala de aulas tranqüilizando-o, e disse-lhe que iria buscar a lancheira esquecida.

Fui de pronto buscar o recipiente com os lanches da tarde.

Na minha volta, eu me deparei com mais um encontro inédito e, de certa forma, estranho e assombroso pela forma como aconteceu.

De posse da lancheira me dirigi para a sala de aulas do Guilherme, conhecia muito bem o colégio, pois, ali, eu já estudara há alguns anos.

Andando pelos corredores e ouvindo o burburinho das crianças, desloquei-me meio apressado para o segundo piso, vencendo um lance de escadas que me levariam direto à sala de aulas procurada.

Bati na porta.

De pronto a professora do Guilherme a (Tia), veio abri-la, simplesmente ela me fitou e disse de forma confusa e admirada, eu notei, ela estava um pouco ruborizada e assim me disse:

 

“Eu sou a Milena!”.

 

O meu espanto foi tão inesperado e assustador que não tive coragem de dizer nada, apenas cumprimentei-a com um aceno e fui embora, procurando entender à inusitada apresentação.

Pensei alguns dias sobre o inusitado encontro, mas não comentei a respeito com ninguém, passaram-se mais alguns dias e esqueci o imponderável ocorrido.

Lá por volta do ano de 1988 quando já residia em Imaruí – SC, morando com a minha mãe, pois havia me separando da segunda mulher, nessa ocasião, fui visitado novamente por Milena.

Meu quarto estava localizado em uma torre, uma edificação em forma de torre, construída pelo meu pai para melhor observar lá do alto a passagem do cometa Halley, não conseguiu o seu intento, pois faleceu em julho de 1985, antes da passagem do esperado cometa, talvez o tenha visto mais de perto.

Nessa torre, hoje ainda existente, mas um pouco modificada ficavam os meus aposentos e, dado as minhas circunstâncias, passei a chamá-la de “A torre dos meus sonhos”.

Ali, no alto e na solidão dessa torre escrevi muitos poemas, tais como, baladas, canções, sonetos, enfim uma coletânea poética.

Poemas, deveras abrangente que, guardo zelosamente para, talvez uma futura investida na divulgação se for necessário, mas enquanto isso eles dormem nos arquivos.

Um verdadeiro sepulcro de emoções, assim eu os tenho chamado.

Nesse mesmo ano fui visitado por Milena algumas vezes.

Nessas visitas, lembro-me muito bem, ela me aparecia sempre em sonho e me ensinava a voar. (coisa de anjo).

Era loira, assim como em todas as ocasiões com que se me apresentava oniricamente.

Sempre travestida não sei se de anjo ou de um espírito de luz, o certo é que, ela me dava essa impressão, pela tranqüilidade e pela ternura do seu amor suave, com o qual, eu me sentia divinamente envolvido.

Era um idílio surrealista e inefável.

Voávamos sobre as lagoas de Imaruí e Laguna e, avistávamos a ponte de Cabeçudas, ela assegurava-me uma tranqüilidade dizendo-me para manter a calma e não ter medo, pois estava sob os cuidados dela.

Eram realmente fantásticas as nossas revoadas, a sua companhia me enchia de uma segurança e de um enlevo nunca dantes sentido em minha vida.

Nossas conversações não eram como um diálogo normal, como esses nossos diálogos humanos.

Conversávamos mentalmente e nos entendíamos facilmente, até ao ponto em que, ela me induziu de forma psíquica a chamá-la de “Luzbel”, em vez de Milena.

Eu a entendi.

Ela me transmitiu mentalmente a sua vontade, dizendo-me que, Luzbel era o seu nome espiritual e que Milena foi o seu nome carnal ou humano, e que, a sua existência era real.

Informando-me também de forma psíquica que eu ainda a encontraria na minha realidade em vigília, (vida consciente) mas não me poderia dizer mais nada, pois não estava autorizada a desvendar esse mistério.

Cabia-me esperar e desvendá-lo. E que, por certo, a encontraria na minha vida real.

Alguns meses depois voltei a encontrar novamente não sei se Milena ou Luzbel, tudo em sonho, quando voávamos serenamente por todos os lugares, e até em lugares desconhecidos por mim.

Planávamos numa altura muito grande, calculo que voejávamos a uma altura semelhante a das nuvens, as mais altas até então por mim observadas.

Nessa ocasião, ela me informou de forma psíquica ou mental que doravante, eu iria voar sozinho sem a sua ajuda, e que, ela observar-me-ia de longe, pois teria de evitar a sua presença já muito constante para não me prejudicar.

Eu entendi o que ela pretendia me dizer.

Dessa data em diante passei a voar sozinho, certamente em transe nos meus sonhos, mas nada se parecia como e quando voava com Milena ou Luzbel, tinha muitas saudades dela, sua companhia passou a ser uma necessidade vital para mim.

Até hoje sinto saudades dela.

Creio que se passaram alguns meses sem o contato com Milena ou Luzbel.

Eu já me achava perdido e ensimesmado com a sua prolongada ausência nos meus sonhos, no entanto, continuava a voar em meus sonhos, não caminhava como nos sonhos comuns, bastava o desejo de voar e lá ia eu com a maior naturalidade sem, contudo, me sentir feliz, faltava-me Milena ou Luzbel.

Certa noite eu me senti oprimido pelas saudades de Milena ou Luzbel, pedi mentalmente a sua volta, adormeci muito rápido e prontamente ela veio me visitar.

Dessa feita estávamos em Tubarão.

Uma cidade muito próxima de Imaruí. Lá, me encontrei não sei se com Milena ou Luzbel, sentada às margens do rio de mesmo nome, estava num banco de mármore branco apreciando o rio. Quando se apercebeu da minha presença, encheu-se de uma luz radiante e profusa.

Sorria-me graciosamente como uma criança feliz, pois também já sentia saudades de mim e dos nossos encontros.

As margens do rio tinham sido transformadas em jardins, era uma profusão de flores, tais como, Ipês amarelos, Onze horas, Lírios, Hibiscos, relvas policromadas, arbustos rastejantes e vistosos como veludo vegetal, e outras plantas decorativas que pouco me lembro.

Luzbel acrescentou e disse que tinha feito tudo aquilo somente para me receber.

Vou tentar descrever Luzbel, se é que isso é possível, pois estamos tratando de um Ser de uma outra dimensão, quero dizer a dimensão dos meus sonhos numa outra dimensão, pois foi para lá que fui arrebatado por Milena.

Enfim, Luzbel irradiava uma profusão de luzes que a envolviam de forma intermitente, as cores se transfugavam de uma para outra e cada vez mais lindas e inéditas.

Luzbel tinha a pele quase transparente, era da cor do jasmim-róseo, supostamente de uma maciez como a de pétalas.

Seus cabelos eram loiros, de um brilho viçoso, esvoaçante como se fora aspergido com ouro.

Seu rosto era bem formado, (angelical) de um impressionismo lindo e de uma beleza jamais vista.

 As maçãs do rosto eram de um suave carmesim - romã, dando à sua cútis um aveludado róseo de pêssego, talvez celestial.

Os lábios eram grossos e bem delineados, onde pousava de forma constante um sorriso doce e indizível.

As suas mãos eram perfeitas, pareciam feitas de cristal, as suas unhas eram transparentes e dava-me a impressão de estarem pintadas com esmalte natural.

Se é que anjo usa esmalte.

Ela era só luz, confundia-se com a própria luz.

 Luzbel transcendia a tudo o que se possa imaginar de luminescência.

A sua luz não me ofuscava, ao contrário, embebia-me com a sua proximidade luminosa.

Despediu-se dizendo que voltaria mais tarde para segredar algo, talvez necessário ao meu conhecimento do imponderável, e que isso iria depender de mim.

Sorriu-me de forma muito particular e foi-se envolta na sua forma lucigênita de ser.

Dessa data em diante não me fez mais um contato, dizia-me que o espaço entre nossas visitas, para mim representava anos de ausência, mas para ela não passavam de mínimos segundos.

Entendi perfeitamente que ela pertencia à eternidade ou a uma outra dimensão, longe dos meus sentidos humanos e tridimensionados.

Dez anos se passaram e nada da visita de Luzbel.

Nesse espaço de tempo casei-me de novo e pela terceira vez, esse casamento naufragou, no mesmo espaço de tempo que se fez da ausência de Luzbel.

Ainda casado já nos últimos estertores da vida conjugal, apareceu-me Luzbel de uma forma rápida e inesperada, a visita foi questão de segundos.

Assim penso.

Adiantou-me ela que eu não estava em condições de recebê-la, pois minha aura não brilhava mais como nas outras ocasiões.

Nessa sua rápida visita, instruiu-me a decifrar dois nomes que me deu, não sabia se eram siglas ou nomes próprios, disse-me apenas: Atenção para os nomes que vou te dizer: "Josafá e Hellius”. Agora, tente lembrar-se deles!

Foi-se rapidamente assim como chegara.

Permaneci meses procurando decifrar ou lembrar dos nomes informados por Luzbel, em vão, não consegui pista alguma que me levasse a entendê-los, ou lembrar pessoas que poderiam ter esses nomes.

Diante da impossibilidade em desvendar esses misteriosos nomes, implorei certa noite de forma mental a Luzbel que voltasse a povoar os meus sonhos.

 A fim de elucidar os nomes e me dizer o que realmente eles representavam para mim, pois ela havia feito certo mistério a respeito.

Nesse mesmo dia, à noite, fui visitado por Luzbel com a mesma luminosidade que lhe era peculiar.

Afagou-me carinhosamente e me disse que se condoia com muita solidariedade com a minha situação e com a minha dor.

Nessa época estava preste a me separar judicialmente, o que veio acontecer logo em seguida.

Falou-me rapidamente do processo cármico pelo qual eu estava passando, aconselhou-me a não desanimar, haja vista, o processo já ter sido finalmente cumprido.

Amorosamente confortou-me dizendo-me que: “ainda há muito tempo para seres feliz, tenha paciência, pois o amor dos humanos é assim mesmo, flébil e efêmero”.

Disse-me que eu a encontraria na vida real.

Pois ela era real e tão real como eu mesmo, e que, só podíamos nos encontrar em sonhos, quando nossos espíritos estariam libertos da matéria, e assim, nos comunicaríamos. Entendi perfeitamente que Luzbel ou Milena existia mesmo de fato.

Logo em seguida propôs-se a desvendar os nomes que me havia dado na outra visita.

Josafá e Hellius, disse-me ela, são espíritos elevados, verdadeiros mestres Ascenso, que, a meu pedido te acompanham e te inspiram à sabedoria. Não os rejeite.

Eles te serão de grande valia no futuro, não o futuro humano, mas sim o futuro inescrutável para onde tu virás, quando desencarnares desse planeta, e aí, tu serás um dos nossos.

Segredou-me ainda que em virtude da minha fé no espírito de André Luiz, tudo isso se processou por vontade dele e, inclusive, ele já tem te prestado serviços espirituais, protegendo-te em situações que não lembras.

A não ser o fato de, quando fraturaste o pé direito em uma queda nas pedreiras em estado de sonambulismo, quando espíritos inferiores assenhorearam-se de ti, e o que te aconteceu depois foi intervenção direta de André Luiz. E os demais fatos ocorridos contigo, por certo, ainda irás lembrá-los.

Despediu-se com muito carinho. Duas lágrimas de prata escorreram de seus lindos olhos azuis.

Beijou-me santamente e foi embora.

Sonhando contigo Luzbel tu me fazes acordar por dentro, quero navegar contigo novamente as nossas planícies interplanetárias, um reino só nosso, onde tudo transcende à beleza.

É a verdadeira sublimação da poesia transcendental.

Em tempo: No dia l7 de maio de 1994 nascia a minha filha Joesa Rosa da Silveira.

Não sei por que, talvez por uma intuição toda minha, passei a chamá-la de Luzbel, e ela, a Joesa, me respondeu numa certa ocasião que esse era o seu nome antes de nascer.  

Não sei se foi para me agradar ou uma infantilidade dela, quem sabe, impressionada com a minha história dos sonhos, pois tinha apenas 4 anos.

Eis o mistério!

 

 

Eráclito

 

 

 

 

Eráclito Alírio da silveira
Enviado por Eráclito Alírio da silveira em 04/12/2006
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