UM ALPINISTA ATEU

UM ALPINISTA ATEU.

Este conto é muito conhecido, mas um amigo me contou e pediu para escrevê-lo.

Ei-lo!

Peter Rockfeller era um jovem norte-americano e, como todos os jovens, lá pelos seus 28 anos tinha por hábito e como esporte escalar montanhas pelo mundo afora.

Esse jovem já havia praticado muitas proezas e verdadeiras loucuras nesse esporte, aliás, é um esporte altamente perigoso, e que requer muita coragem e técnica a quem se dedica a essa verdadeira superação de si mesmo.

Peter era um aventureiro, um eterno e incansável conquistador de títulos e montanhas, resolveu ir para a Argentina e escalar uma montanha não muito alta (5.000m), mas muito perigosa e totalmente íngreme e totalmente gelada.

E cuja neve ali depositada há séculos, tem a inconveniência de estar em constante deslizamento, em virtude dos fortes ventos, fazendo com que, ela amoleça e crie verdadeiras cachoeiras geladas e avalanches perigosas que soterram alpinistas para o resto dos séculos.

Certa manhã Peter viu que o tempo estava propício para empreender uma escalada que, de certa forma, seria mais uma conquista para o seu já tão grande álbum de feitos desta natureza.

Pela sua experiência como exímio alpinista e escalador, calculou que se saísse pela manhã bem cedo, por certo, antes do meio dia já teria escalado oitenta por cento da montanha.

Tomada então a decisão iniciou o preparo para a escalada, arregimentando todos os itens do esporte, tais como, botas especiais, luvas, óculos de proteção, cintos de segurança, primeiro socorros, cordas especiais, ferros, ganchos, machadinha e picareta para se movimentar e pregar os grampos de segurança, bem como o radio comunicador para contatos com a base que sempre ficava no sopé da montanha.

Tudo pronto Peter principiou a sua aventura, muito embora tenha sido aconselhado pelos outros seus colegas que não empreendesse tal escalada.

Pois todos sabiam que a montanha era perigosa, e que com os ventos soprando com aquela velocidade seria impossível escalar a montanha.

Naturalmente nessas ocasiões a neve se tornava uma armadilha fatal, oferecendo falsa segurança para o apoio dos pés, como também, dificultando a existência de uma base firme para fixar os ganchos por onde passariam as cordas.

Peter não deu ouvidos aos avisos e conselhos dos mais experientes, obstinado pela idéia de sucesso e glória mesmo sabendo das dificuldades que iria encontrar, principiou a sua caminhada rumo à montanha que o esperava desafiadora.

Lá por volta das 10 horas da manhã Peter verificou que não tinha subido nem 30 por cento da montanha, mas não desistiu e deu continuidade ao seu intento, deveras muito teimoso.

Já era meia-tarde e Peter ainda não havia chegado ao topo da montanha como havia planejado, pois os ventos e a neve esvoaçante não permitiam a sua caminhada em direção ao cume.

Em conseqüência do mau tampo e da sua obstinação, Peter se perdeu na montanha e, em meio à escuridão, os ventos e a neve que caia sem cessar ele ficou totalmente desorientado.

E por uma imprudência cometida, algo acontece levando-o montanha abaixo, apenas amarrado por uma corda de segurança que havia fixado no princípio da escalada.

No breu da escuridão Peter estava totalmente perdido e sem orientação, e vendo que em breve morreria naquela situação, mesmo não acreditando em Deus, pois era ateu convicto, mas depois de muito pensar resolveu chamá-Lo.

Assim como todo o ser humano, seja lá qual for a sua crença, pois em função da fragilidade humana, na última instância e na eminência de morte sempre se pede o auxilio de Deus.

Foi o que fez Peter, apesar da sua declarada incredulidade, mas na agonia provocada pela proximidade da morte Peter exclamou:

-- Senhor Deus se tu existes mesmo, me dá uma solução para sair daqui!

Então Deus lhe apareceu e disse:

-- Meu filho toma o teu canivete e corta a corda.

Peter retrucou e disse que isso não faria, porque iria se espatifar nas rochas.

Deus insistiu e disse:

--Corta a corda meu filho essa é a tua salvação.

Peter teimoso não cortou a corda e acabou morrendo congelado e dependurado naquela mesma corda.

Bem cedinho e pela manhã, quando o tempo já havia melhorado, a equipe de resgate saiu para procurar Peter e trazê-lo de volta ao acampamento base.

Logo que a equipe especializada principiou a busca, praticamente no pé da montanha, encontraram Peter morto e congelado dependurado na corda a uma distância de trinta centímetros do solo.

Eis a história do alpinista ateu!

Eráclito Alírio da silveira
Enviado por Eráclito Alírio da silveira em 18/12/2006
Código do texto: T321395