Nosso amor além das eras...
  (no futuro)

 
 


Estou eu cá, sem saber o que fazer entre tantos e tantos botões do painel de controle da espaçonave Galak12. O capitão Yuri jaz caído no chão, desmaiado, devido a uma forte pancada que levara na cabeça; os outros dois tripulantes, que haviam descido para o compartimento inferior da nave, para reparar uma avaria, estavam mortos devido ao vasamento de gás resultante do primeiro impacto sofrido pela nave. E eu, apenas uma mera cientista, estava ali ante aquele painel, sem saber por onde começar e me desesperando ao ver rapidamente se aproximar de nossa nave, o grande asteóide em reta de colisão...
Tento me comunicar com a terra através do rádio, mas parece que estamos fora do alcance dos satélites de comunicação,... tento inutilmente... Quando de repente um enorme clarão ofusca minha visão e um impacto faz-me perder os sentidos.
Sinto-me como desaparecendo de mim em um estado de imaterialidade, como se minhas partículas se espalhassem pelo espaço e mergulhassem no vácuo de um buraco negro... sinto o gélido som do universo tomando conta de mim e flutuo no silêncio entre uma infinidade de partículas estelares... é como se eu começásse a existir numa inexistência plena de vastidão, talvez esteja morta e não saiba ainda, não sei,... mas estou consciente.
Penso: "Onde estou? Será que eu morri? Será que estou viva?..."
Uma paz transcendental toma conta de mim e de repente desperto. Vejo-me dentro de um cubo transparente, mergulhada em um líquido viscoso e multicolorido, ligado a uma máquina que decodifica informações a meu respeito, que analisa, me trata, me lê, me refaz...
Vejo um ser feito de energia luminosa observando os dados, analisando, cuidando de mim... E eu olhando-o num misto de medo e curiosidade, lhe pergunto:
_Onde estou? Quem ou o que é você? Por que eu estou aqui?
E o ser de energia luminosa me responde com voz de melodia de muitas águas e pássaros cantando, numa linguagem estranhamente linda:
_ Não tenha medo, meu amor! Eu sou Naig, tu estás em minha espaçonave... sou teu rei e tu és minha rainha... Te acalmes, meu amor!... Eu viajei ao passado para te buscar... em breve estarás livre desse corpo e voltaremos a viajar pelo universo em luz e energia...
Embora eu conscientemente não compreenda, sinto em meu ser tudo o que ele diz... e sinto-me possuida por uma energia de amor infinito e etéreo que aos poucos vai ocupando meu ser... pressinto que o que ele diz é verdade...
Naig diz:
_ Falta pouco, meu amor,... está quase concluído!!!
Porém, Naig não contava com o inesperado. Craton, seu inimigo-mor, que desde o desaparecimento da rainha, tentava tomar o trono e conquistar o planeta, invadira sua espaçonave e inesperadamente atinge Naig com um golpe mortal e, com um raio de luz flamejante, destrói a máquina onde estou... Novamente uma forte luz ofusca minha visão e eu desapareço de novo na sensação de imaterialidade, ouvindo no silêncio, apenas a voz de Naig como melodia de muitas águas e canto de pássaros diizendo-me: _ Eu retornarei, meu amor, em qualquer lugar do passado onde você estiver, para lhe buscaaaaar... até que some completamente no espaço e no tempo...
Um silêncio frio me invade, com uma sensação de morte, sinto dores pelo corpo, tusso e desperto... abro meus olhos. Escorre um filete de sangue em minha testa, olho o capitão caído ao meu lado ainda desacordado... O rádio chama insistentemente:
"Cambio, Cambio! aqui é da torre de controle! alguém pode nos responder! Capitão Yure, cambio! estamos enviando uma nave de resgate até vocês..."
O capitão desperta e ainda zonzo, responde ao chamado da torre de controle... Assim, alguns dias depois, Capitão Yuri e eu estamos na terra, dando entrevistas a vários canais de emissoras de TV, e a jornais de todo o mundo... Mas há informações que somente eu sei, e que jamais poderei revelar...
Porém, todas as vezes que olho para a minha mão aquele anel no dedo anelar faz-me lembrar de Naig; todas as vezes que leio meu diário de bordo com as secretas informações do futuro que ele me deixou, as quais uso para melhorar a vida aqui na terra; todas as vezes que passo as mãos e sinto em alto relevo o nome dele tatuado  na parte interna de minha coxa; ... todas as vezes que olho para o céu, sinto uma extrema saudade de casa, e do meu infinito e eterno amor: Naig... Naig, meu amor! Meu rei!!!
Mas eu sei que nunca mais estarei sozinha, nosso filho em breve nascerá e receberá o nome do pai...
Registro tudo em meu 'ipod'.


Irene Cristina dos Santos Costa - Nina Costa, 01/05/2012
Nina Costa
Enviado por Nina Costa em 01/05/2012
Reeditado em 01/05/2012
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