ESTUPRO RELATIVISTA

Entenda o porquê de eu cometer esse ato.
O bem e o mal não existem. São conceitos criados pelo grupo social em que vivemos. O que uma sociedade considera um bem se torna um bem. O que considera um mal se torna um mal.
Logo nada é absoluto.
O que você considera verdade não é verdade: é apenas um conceito aceito, combinado entre os membros do seu grupo social. Então, a verdade, o certo e o errado são apenas conceitos, não existem.
Para alguns, por exemplo, o racismo é aceitável. Para outros, não. Quem tem a verdade? Nem um, nem outro. Quem tem razão? Nem um, nem outro. Racismo é um conceito relativo: depende do que é estabelecido como certo e aceitável por este ou aquele grupo.
Uma vez você me disse que nenhuma religião tem a verdade absoluta, porque esta é um simples conceito. Logo, você concluiu, todas as religiões levam ao mesmo destino: aquilo que é tido como salvação.
A minha fé me pede que eu faça isso com você. Por isso, vou lhe estuprar, saciar todos os meus quereres lascivos e, depois, abrir seu estômago com uma faca.
Concluindo: dentro do meu grupo social, estuprar e matar gente como você é plenamente aceitável. É um bem. Serei consagrado herói pelos meus por humilhá-lo e acabar com sua vida.
Por que eu não devo fazer isso? Porque é errado?
Você mesmo disse que não existe o certo e o errado, que não existe uma verdade absoluta...
Ao estuprar você e, depois, matá-lo, estarei cometendo um erro? Afinal, o que é erro? No meu pensamento, eu devo fazer isso. É o que diz a minha fé, o meu culto, que tem tanto valor quanto a sua crença.
Você disse há pouco que todas as crenças religiosas levam a um mesmo destino, a uma salvação. Portanto, ao matar você, estarei me aproximando um pouco mais da salvação.
Isso é um atentado à moral? Qual moral? A do meu grupo ou a do seu?
Já disse: os nossos conceitos morais se equivalem, pois não existe uma verdade absoluta!
Não posso ser condenado. Todos os caminhos levam a Deus: foi você mesmo quem disse!
Nada é certo ou errado. Depende do ponto de vista.
Foi você mesmo que disse!