A vontade de escrever (continuação – 4.ª parte e 5.ª)

Esta vontade de escrever é que nos move

nos faz às vezes perceber que existe algo

alguma coisa inexplicável até pelo mais inteligente cientista

sim, tenho quase a certeza de que os meus amigos leitores,

estes que me acompanham nesta história que teimo em contar

leitores que cada vez que vejo seus comentários fico muito feliz

uma felicidade indescritível, pois sei que eles também amam as letras,

nos seus contos, suas poesias colocam suas magias

fazendo que tenhamos cada vez mais a satisfação em ler!...

Era mesmo o ano 1994, eu não estava emocionalmente muito bem, é quando acontece com nós humanos uma insatisfação sem causa, sem explicação. Eu caminhava com meus blocos de anotações, ia continuar a biografia de minha mãe, ela morava a poucos metros de minha casa.

No caminho pensava:

--- Bem que minha mãe podia dizer:

--- Lourenço, hoje estou indisposta, vamos continuar em outro dia?

Imaginem, naquele dia eu não estava com coragem de escrever!

Então logo cheguei na varanda da casa dela. Ela estava sentada numa cadeira dormindo. Eu via tranquilidade naquela mulher que durante toda sua vida fora decidida, agitada, enérgica, mas extremamente bondosa, colocava a necessidade de ajudar o ser humano acima de tudo nesta vida, não era pra menos, pois pelos sessenta e poucos anos de catequese dedicava muito aos seus alunos de catecismo, dizia sempre: eles são os outros meus filhos que o Senhor me pediu pra adotar.

Então neste curto espaço de tempo pude pensar nisto tudo. Interessante que criei alma nova, a insatisfação desapareceu, voltou a vontade indescritível em voltar a escrever, justamente a história de minha mãe.

Neste curto espaço de tempo ela acorda e me diz:

---Ah! Você está aí?

--- Sim, mãe, vamos continuar?

--- Espere aí vou te contar o sonho que tive agora. Eu estava num lugar tão bonito! Muitas flores, cada uma mais linda do que a outra. Era o Céu, mas eu não tinha morrido, sabe quem estava comigo? Era a Neyde tua esposa, ela estava também muito feliz.

--- Ah! Mãe, no Céu a senhora e a Neyde vão ficar separadas. Veja só a senhora é católica até no fundo d’água e a Neyde minha esposa é como a senhora diz: protestante! Eu arrisquei porque podia levar uma lambada!... Mas foi o contrário, minha mãe respondeu no ato:

--- Separadas? De jeito nenhum, sei que minha nora tem muita fé, um imenso amor por Jesus assim como eu, e você trate de...

--- Mãe termine de contar o sonho, (sabia que dali vinha sermões)

--- No sonho eu e a Neyde estávamos recebendo uma ordem de Jesus.

--- Que ordem era esta, mãe!

--- Não sei porque você me acordou!!!

--- Ah! Agora eu que sou culpado?

Ela toda decidida me dá um ultimato:

--- Vamos continuar nossa história, onde paramos mesmo naquele dia?

--- A senhora parou dizendo:

Tive a ideia de procurar orientação de um padre amigo e bom conselheiro, ele me tranquilizou dizendo que estava fazendo a coisa certa, por sinal a mais certa que possa existir, porque fazendo assim eu estava praticando um ato de amor, tentando fazer o homem acreditar naquele que é realmente a razão de nossa existência.

Então, meu filho, saí dali daquela maneira, mas depois que recuperei do baque passou alguns dias voltei novamente. Pensei que o homem descrente reverteria o seu modo de pensar. Estava completamente enganada, logo que cheguei na casa vi que minha amiga estava com ar de desesperança, mesmo assim permitiu que eu entrasse no quarto em que estava seu marido enfermo tanto do corpo como do espírito.

No quarto mal sabia eu que uma batalha feroz ia começar. É o homem que começa a conversa:

--- Então a senhora teima em vir aqui e falar novamente de Deus, Jesus ou outras bobeiras mais!...

--- Sim, quem sabe nós entraremos num acordo. Só que, Deus e Jesus são mais importante de tudo o que possa existir neste mundo ou outros mundos que existem...

--- Rss... rs...rsss... Ah! A senhora colocou eles no plural, mas eles não são um?

E tem mais, qual Jesus vocês seguem, porque na história existiu muitos Jesus.

Nessa hora eu apavorei, exclamei pra mim mesma:

--- Meu, Deus, como é que vou debater com este homem, sendo eu uma completa ignorante? Este homem letrado vai me reduzir a pó, (minha mãe me relatava com tal maestria parecendo que eu presenciava ela e o tal indivíduo) eu creio em ti meu mestre Jesus, só minha fé bastará?

Arrisquei falar a única coisa que estava na minha mente:

--- Por acaso sabe que este Jesus que o senhor debocha tanto tem o poder de curá-lo?

Falando isto acho que foi pior, porque o homem começou a rir sem parar, seus deboches das coisas divinas me atingiam até a alma, entre seus risos dizia:

--- Eu já li muitos livros, minha senhora, eu já estou praticamente no bico do urubu, reconheço minha situação, acha que se a ciência não der jeito no meu caso esta superstição boba suas vai me tirar desta situação?

O homem me falou ainda várias coisas más, saí dali mais arrasada do que aquele dia. Vi o desespero no rosto de minha amiga, me coloquei no lugar dela se tivesse um marido assim, podia ser simplesmente ateu, mas ele era a perversidade em pessoa.

Apenas procurei confortá-la dizendo:

--- Tenha fé, e quanto a mim ainda vou voltar...

Continua... As histórias continuam(...)

A vontade de escrever (continuação – 5.ª parte)

Minha mãe voltou a me contar a continuação do caso que ela teve que encarar, na sua missão catequética e sua intensa vontade em esclarecer aquilo que ela acreditava e ao mesmo tempo um empenho férreo em ajudar ao semelhante, tanto no físico como no espiritual, no físico ela procurava repartir o pouco que tinha, mas no espiritual era bem envolvente, pois sua fé possibilitava mostrar coisas até mesmo inimagináveis.

Na minha outra conversa que tive com ela perguntei:

--- Então, mãe, a senhora enfrentou mesmo aquele homem que não acreditava em Deus?

--- Enfrentou não, meu filho, tive realmente várias conversas conturbadas com ele. Vou te explicar uma coisa, eu realmente queria que aquele homem conseguisse acreditar no nosso Deus maravilhoso, mas queria mesmo que aquela família tivesse paz. Só que estava cada vez mais difícil, quando eu entrava naquela casa, alguma coisa ruim notava-se no ar, mesmo no silencio.

Meus diálogos com a esposa daquele homem incrédulo era constante, naturalmente porque além dela ter sido muito minha amiga, nós tínhamos o mesmo ideal, ser do apostolado e procurar seguir Nosso Senhor. Numa de nossas conversas ela me falou:

--- Dona Maria Vitória, as brigas lá em casa do meu marido com meus filhos são constantes é uma verdadeira guerra.

Eu estava praticamente sem ação, (minha mãe continuava) cada vez que entrava no quarto daquele homem para conversar sobre Deus, eu saía completamente humilhada. Ele tinha muita sabedoria, mas um saber maligno.

Veio na minha mente em fazer uma novena (nove dias durante uma certa hora em oração em benefício de uma causa)

Chamei as tuas duas irmãs mais velhas, elas já eram mocinhas, disse:

--- Vocês vão me ajudar a pedir para que o poder do mal deixe uma pessoa e ao mesmo tempo trazer paz para uma família. Vamos ter que fazer durante nove dias penitência.

Começamos a novena, suas irmãs me obedeceram e todos os dias à noite nós rezávamos os terços.

--- Os terços, mas quantos terços a senhora e elas rezavam?

--- Três terços, Lourenço.

--- Nossa! Coitadas das minhas irmãs.

--- Olha, se você não reza muito não por minha culpa, porque eu ensinei e não fique zombando de coisa séria, porque...

--- Não, mãe, eu só estava brincando, porque rezar é bom!!! Mas continue, como foi a seguir.

Pronta pra continuar a me rezar um sermão daqueles, mas minha mãe preferiu continuar:

--- Nos primeiros dias que continuei a visitar o homem incrédulo parecia que continuava na mesma, mas mais ou menos lá pelo sétimo dia da novena comecei a ver uma mudança. Logo que entrei no quarto o homem começo a dizer:

--- Onde houver tristeza, que eu leve a esperança, onde houver o ódio, que eu leve o amor. Mas logo em seguida começou a rir. Perguntei o que significava aquilo e ele me disse:

--- Vai me dizer que a senhora não sabe o nome do santo que falou estas palavras?

--- Lógico que sei, foi São Francisco de Assis.

Continua... As histórias continuam(...)