Prédios escuros e  cenário obscuro,  águas turvas das horas  inconsequentes. 
 Por mais que tente fugir regressa sempre às origens,  a este palco onde o obsceno brilha, molde humano dos prazeres do corpo. 
 Diz que o amor não é para ela. Naufrágio certo da tempestade dos sentidos. Prefere o abismo das horas indecentes. Ser apenas um sexo molhado e aberto, máquina superficial. Aos olhos do mundo ela é apenas uma mulher faminta e pecadora. Não sabe outra vida. Não conhece outras cores. Heresia de uma cadela com cio. Coleciona corpos para combater a solidão, companhia efêmera nas noites frias. 
 Tem a indecência na pele e o diabo na alma. Nas entranhas o caos e o vazio, horas  amargas, buraco negro obscuro e intenso. Sente uma necessidade perversa de satisfazer os caprichos de quem a procura. Não recusa um pedido,  submete-se a todas as vontades. 

  Personagem principal, marionete oca feita de madeira. 
Acredita que é uma estrela. Sim, talvez o seja. Até as almas danadas têm o direito de brilhar.